Eu engoli a seco quando Liam colocou seus olhos sobre mim, ele parecia tão incrédulo quanto eu, se aterrorizada não fosse uma palavra mais adequada para a minha situação. Pensei que meu coração iria ficar acelerado, porém ele mal estava batendo. O senhor, já com algumas boas décadas nas costas, parecia prestes a infartar.
Pronto! Estava perdida, desempregada e culpada por um homicídio.
James, que ainda segurava a minha mão, parecia não ter notado nada em sua lerdeza. O homem praticamente me arrastava pelo saguão como uma mãe ajudando um filho a entrar na escola no primeiro dia de aula sem conhecer ninguém:
— Vanessa! — Liam exclamou em um tom que caminhava entre uma surpresa alegre e um "que porra é essa?"
— Vocês se conhecem? — James finalmente percebeu que algo de errado não estava certo. Antes tarde que nunca, não é mesmo? Eu soltei sua mão para cumprimentar Liam com a melhor cara de paisagem que já vesti. Certamente seria demitida, então tentei ao menos conseguir uma carta de recomendação sendo educada.
Ele provavelmente estava pensando que estava dando um golpe em seu herdeiro indefeso. Meu deus, que ódio!
— Vanessa é a diretora de marketing da empresa. — Liam esclareceu sem qualquer expressão facial, o que tornava ainda mais difícil descobrir minha situação profissional. — O que está acontecendo? — ele se direcionou a mim.
— Eu não sabia que ele era seu filho. — foi tudo que consegui falar naquele momento de puro constrangimento. Cheguei a cogitar fingir um AVC para escapar sorrateiramente em uma ambulância, e chegar na segunda para trabalhar como se nada tivesse acontecido.
— Vocês estão...? — uma mulher de meia idade, vestida como se para um evento oficial da Rainha Elizabeth em um vestido vermelho longo que contrastava com sua pele negra e cabelo castanho, surgiu na sala. Literalmente surgiu, não fazia ideia de como aquela senhora havia parado na minha frente, me analisando de cima a baixo.
James era a cara dela, com exceção das piscinas azuis em seus olhos que eram claramente herança do pai. Aquela deveria ser sua sogra por uma noite.
— Namorando. — ele respondeu ao mesmo tempo que eu disse "se conhecendo".
Trocamos rápidos olhares, tentando confirmar uma mentira entre nós em milésimos de segundo.
— Ainda não definimos. — respondemos em uníssono.
— Sua avó vai gostar de saber disso. — A mulher afirmou com um sorriso animado. — Prazer, sou a mãe do príncipe aqui, Elena. — ela me estendeu a mão em um cumprimento, eu apertei sua mão de volta e ela rapidamente continuou: — temos muito a conversar!
Eu vou te matar, James!
— Com certeza. — sorri de volta, me esforçando para não transparecer meu desespero.
— Ela vai, mas depois. — James me salvou do constrangimento em que ele mesmo me colocou. — Tenho que apresentar ela ao Bobby.
Deus, quem é Bobby?
James puxou minha mão, quase a separando do meu braço no processo. Ele me levou por aquela casa enorme, cheia de luzes e móveis que certamente valiam mais que minha vida, subimos uma escada até o primeiro andar, onde ele me empurrou para dentro de um quarto como se estivéssemos nos escondendo de um crime:
— Precisamos resolver isso. — ele iniciou assim que fechou a porta atrás de si, dirigindo seu olhar a uma Vanessa perplexa, em pé perto do parapeito da janela de correr, abrindo a janela para deixar o ar gelado correr pelo quarto.
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Nada além de uma noite
RomanceÀs vezes quando não esperamos ou sequer, nos vemos em situações que podem mudar a nossa vida para sempre. E assim foi naquele dia em que meus olhos se cruzaram com os dele e aquela faísca surgiu, apenas esperando a gasolina de um beijo e a frieza da...