Hora da Morte

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Quando o sol finalmente se pôs, não demorou nem trinta segundos e as capas pretas apareceram.

Geralmente eles marcam as lutas de manhã, não que essa luta a noite fosse problema. Todos ali enxergavam muito bem no escuro. Jacob tinha me beijado a última vez e se tornado lobo. Ele ainda esperava que fugíssemos. Mas não íamos. Eu não ia.

Fui reconhecendo alguns rostos. Jane, Alec, Marcus, Caius, Aro, e diversos outros. Eles estavam em trinta. Seria um massacre e tanto.

Respirei fundo e fui até Liam.

Toquei no antebraço direito dele.

É isso que você quer? Ser massacrado?

Ele não respondeu.

Por mim, ainda?

Ele finalmente me encarou no fundo dos meus olhos.

Nem tudo é por você, Renesmee.

A voz firme dele ecoou em minha mente.

Pelo que, então? Toquei-o novamente.

Não é da sua conta. O que precisa saber é que estou fazendo isso por amor.

Então ele se afastou de mim. Corri em direção à meu pai. Porque ele está fazendo isso?

Fui direta e reta. Meu pai podia ler mentes e com certeza capitou toda a minha conversa mental com Liam.

-- Filha, acho que não seria ético se eu te contasse o porquê.

Revirei meus olhos. Aro vinha em nossa direção.

-- Vejamos! Os meus queridos Cullens! E é claro, a companhia honrada dos Lightwolfs! -- Aro parecia sarcástico, como na última vez que nos encontramos.

A escuridão da noite só tornava Aro mais amedrontador.

-- Não tiveram tempo para reunir seus famosos aliados, Carlisle?

Meu avô saiu de sua posição caminhando em direção ao Aro.

-- De que importa aquilo ser um possível futuro para você, caro Aro. Já fugi de você duas vezes, acho que eu não tenho mais o direito ao perdão.

-- Ah, sim, certamente. -- Aro fechou os olhos por longos dois segundos. -- E você, minha cara Renesmee? Como anda a vida de meia vampira?

Bom, Aro, com os pés pois minha vida não tem asas. Ainda. Pensei.

Meu pai segurou a risada ao meu lado.

-- Estou bem, Aro, obrigada pela preocupação. -- respondi, diplomática.

-- Sabe, querida, você me fascina. Seu dom, principalmente. Eu posso captar pensamentos, visões, pelo toque, e você pode transmiti-los através do mesmo. -- os olhos de Aro brilhavam.

Logo atrás de Aro, Caius "voou" até o irmão.

-- Não podemos nos esquecer que você ainda é um risco, Renesmee. -- disse Caius.

-- Não acredito que eu tenho sido perigo para qualquer humano que cruzou comigo pelo caminho, Caius.

Minha mente começou a pesar, e eu sabia o que era. Minha mãe estava passando o escudo em torno de nós. Mudei minha visão e encarei Jane, agora completamente frustada, sem mais o sorriso assassino no rosto.

Sim, iríamos morrer. Mas não cairíamos sem ao menos tentar.

Aro e Caius voltaram para suas posições, atrás da Guarda, ao lado de Marcus, que se mantinha calado, sem expressão.

Aro abriu a boca para começar a falar mas a mão de Marcus logo à frente do irmão, o parou.

-- Interessante o que temos aqui. -- a voz de Marcus era significativa. -- Amores, de várias maneiras.

Ele passou os olhos por todos nós. Jane encarava Liam, e me passou pela cabeça se os dois estariam conversando mentalmente.

Reprimi aquele pensamento.

-- Renesmee, acho que o fim de sua história, é a melhor coisa que acontece com sua vida amorosa. -- então Marcus se calou completamente, como se nunca tivesse falado algo. Nem ousei discutir.

-- Irmãos e irmãs, acho que este é um adeus. -- comentou por fim, Aro.

Jacob como o lobo castanho avermelhado me encarou. Seus olhos esperavam por mim e por isso eu neguei com a cabeça.

-- Eu não posso, Jake.

Foi a última coisa que eu pude dizer, quando Alec e um outro vampiro mais velho correram em nossa direção.

O escudo se desfez e eu senti minha mente ficar leve.

Caspian e Carlisle seguiram na direção dos dois e eu perdi tudo de vista. Jacob parecia distante -- eu não consegui vê-lo. Liam seguia em direção à Jane, e eu o acompanhei. Ele não conseguiria enfrentá-la, não sem o escudo de minha mãe.

O que por sorte, eu o tinha. Há alguns metros, minha mãe observou o meu alvo perigoso e me enviou o escudo. Ela enfrentava dois guardas ao mesmo tempo com poucas dificuldades.

Com minha mente pesando, observei Jane atacar Liam. Mas não aconteceu. Ela apenas o encarou com pena.

-- Liam, não era isso que eu queria para você. A meia vampira, sério?

-- Não é dá sua conta, Jay-Jay. -- ele disse o apelido com nojo.

Então Jane focou os olhos, agora sem dó.

-- Dor. -- ela pronunciou. Liam caiu no chão se contorcendo.

Chutei Jane para longe, agora saindo do esconderijo. Ela estava caída no chão, a pele branca suja com um pouco de terra. Meu pé direito estava em seu pescoço.

-- Últimas palavras, Jay- Jay? -- usei o mesmo apelido.

Depois de se contorcer, ela me encarou.

-- Dor. -- seus olhos quase saltaram para fora, sem efeito algum sobre mim. Sorri vitoriosa.

Ela trocou o olhar de mim, e Liam colocou a mão em meu ombro.

-- Não era para acabar assim. -- disse Liam.

-- Tem razão. Era pra acabar assim.

Em questão de segundos, minha mente ficou leve novamente.

-- Dor. -- repetiu Jane.

Eu cai no chão, agora me contorcendo de dor. Senti meus ossos quebrarem. Logo eu estaria bem, mas não era como os vampiros. Demorava duas horas, pelo menos, para eu ficar boa novamente. Meu olhar correu até minha mãe, que agora usava o escudo em meu pai, que enfrentava Alec.

A dor estava dominando cada parte do meu cérebro. Em questão de minutos eu estaria morta.

-- Pare! -- a voz de Liam ecoou. Parecia distante. Mas eu ainda sentia muita dor. -- Jane, pare!

-- Oh, o vampirinho não conseguiu salvar a humaninha... Isso é tão triste! Não quer morrer com ela, Romeu?

-- Jane! Pare! Eu não amo ela! -- a dor pareceu parar por um segundo. Mas rapidamente voltou. -- Eu amo você!

A dor parou. Mas era tarde demais. A escuridão já me sugava para outro mundo.

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NOTA DA AUTORA:
Meu G-zuis, quanta revelação!
Como vocês estão se sentindo?
Bom, o próximo cap. é o último.
😭

Lua CheiaOnde histórias criam vida. Descubra agora