Capítulo 11 - Desfecho Trágico

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Querido diário,

"Não importa o que você vista, para mim você sempre será e estará deslumbrante. Vejo você no baile, minha princesa."

Isso era o que estava escrito no cartão que veio junto com o vestido e com um exemplar de I wrote this for you que foi aberto e estava marcado com um marcador de texto verde na seguinte frase: "Você é as melhores partes de todas as músicas que eu amo." E no fim tinha a assinatura do Michael, quase não acreditei no que vi quando minha mãe me entregou a sacola de uma loja cara do shopping. Quase também não acreditei quando o vesti e vi que cobria todos os hematomas, era elegante e lindo. Minha mãe ficou eufórica quando contei a ela o que aquilo significava, ela chorou e ficou um pouco chateada por eu não ter dito sobre Michael antes, embora tenha entendido minhas razões, conversamos um pouco sobre como as coisas ficariam e sobre como eu faria para sair de casa no fim de semana sem meu pai ver, não queria contar a ele sobre Michael, tinha medo do que podia acontecer. "Seu pai está doente, filha... não o julgue tão mal." Eu já não sei mais quem minha mãe quer enganar, a mim ou a ela mesma. Meu pai não está doente, acho que ele pegou gosto em ser cruel. Tornou-se sádico.

Enquanto eu estudava, vi no calendário que já fazia mais de duas semanas que Michael e eu estamos juntos, nenhum de nós disse eu te amo ao outro, e acho que já está na hora de dizer a ele, porque eu não tenho mais dúvidas dos meus sentimentos, não tenho mais dúvidas de que quero ficar com ele para o sempre que Deus me permitir. Meu pai chegou mais cedo em casa, mas não estava bêbado — o que é quase um milagre — minha mãe não falou muito com ele, ao que parece ele não estava com o melhor dos humores, quando me chamou para sala senti um frio na espinha, jantamos juntos, em silêncio, e eu ficava me perguntando por que minha mãe insistia tanto em colar uma família que já estava quebrada, eu não acho que tenhamos mais conserto, não acho que meu pai poderia voltar a ser o homem carinhoso, atencioso e dedicado de quando eu tinha cinco anos e ele me levava nos ombros mandando eu tocar o céu. Aquele homem havia morrido. Por um momento, fiquei feliz ao pensar que Michael nunca seria assim.

Quando voltei para o quarto ouvi meus pais conversando baixinho, eu não precisava escutar para saber que era o de sempre, ele via os hematomas da mamãe e pedia perdão, começava a chorar e dizia que era o pior homem do mundo, então ela chorava também e o perdoava, depois os dois iam juntos pro quarto. Eu não acredito mais nele, se ele realmente se arrepende, por que não para de beber? Por que continua machucando a mamãe dessa forma?

Michael acabou de responder minha mensagem. "Eu existo porque você é a razão do meu respirar; você me faz respirar." É como se cada palavra que ele dissesse traduzisse como me sinto. Mal espero para vê-lo amanhã, não tenho como negar que estou contando os dias para o baile. Parece que, de repente, eu comecei a viver um conto de fadas, ainda não consigo acreditar que isso está acontecendo comigo...

(...)

Meu pai veio ao meu quarto, fingi que estava dormindo, senti quando ele beijou minha cabeça e saiu do quarto com cuidado. É uma sensação estranha essa, por mais que ele me machuque eu não o odeio, ainda que fique muito frustrada e furiosa quando ele maltrata a mamãe, mas nem assim consigo odiá-lo, ele é meu pai. Será que isso faz de mim uma idiota?

Ellen.

***

Querido Diário,

Michael é um sonho. Nós nos encontramos na esquina da rua da minha casa para ir à escola, a primeira coisa que fiz hoje foi agradecer seus presentes, e quando ele me beijou o mundo ficou colorido de novo, e não importava mais se todo o resto estava desabando, naquele momento tudo parecia perfeito. "Sua mãe concordou em você ir ao baile comigo?" Perguntou ele, cheio de ansiedade. "Sim, já planejamos tudo, ela só não quer que o meu pai saiba, temos medo que ele chegue bêbado e... sabe, né?" "Entendo", ele falou, um pouco triste. "Estou pensando em alguma coisa, Ellen, vou salvar você, eu prometo." Naquele momento eu sorri, meu herói. Cogitamos denunciar os maus tratos à polícia, mas eu não deixei, fiquei com medo de as coisas piorarem, a justiça não é tão rápida quanto parece, poderia não dar em nada e ele acabar ficando mais sádico ainda quando bebesse, ultimamente eu notei que ele vinha chegando menos embriagado em casa, mas ainda assim, não queria arriscar. Pela minha mãe.

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