Um brinde as boas novas

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Caminhando dentre as flores do jardim Pedro tirava sua sorte em "bem me quer, mal me quer". Ficou ele ali por um longo período de tempo, suspirando e observando tudo, passando para o papel o que via e sentia.

Pouco tempo depois uma pequena e gorda sombra surgiu no horizonte, era Ângelo com um sorriso de boas novas no rosto.

- Pedro, tu acreditarias se dissesse eu que trago notícias sobre Catarina?

- Já estava em tempo! - Sua expressão corporal mostrava que sentia angustia, euforia, ansiedade, duvida, esperança e felicidade. Tudo isso sem alterar seu tom de voz ou transmitir qualquer sentimento nos olhos.

- O padeiro disse que uma prima dela está por aqui e disse que ela sabe exatamente onde Catarina esta - Tirou do bolso uma foto - Esse é ela

- Cristo Jesus! Essa mulher é exatamente idêntica a Catarina. Traga-a aqui o mais rápido possível!

- Mas é claro - Um sorriso mais largo tomou conta do rosto de Ângelo - Irei busca-la amanhã

- Busque um vinho meu caro, isso pede uma comemoração.


Pedro adorava vinho, bebia sempre que possível e ali os dois beberam e contaram um ao outro seus segredos mais profundos pela milésima vez, como se fosse a primeira, sabendo que no dia seguinte não se lembrariam de mais nada.

- A nós - Angelo levantou a taça enquanto cambaleava para a esquerda


- A ti, a mim, as uvas que foram pisadas, amassadas e trancadas para então virarem esse vinho que o homem embebeda-se e passa a admirar a tudo, menos as uvas.


- As uvas! - Ângelo disse erguendo o copo

- Meu amigo, acredito que somos como as uvas, somos detonados e guardados em lugares nojentos, sozinhos, para acabarmos bons, finos e desejáveis

- Boa observação.

Ficaram os dois a admirar a lua como se fosse ela uma joia rara. Bêbados, loucos e poetas costumam ver o verdadeiro valor das coisas.


O jardim das margaridasOnde histórias criam vida. Descubra agora