V - "O Último Paciente"

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- Certo, você consegue, é só mais um paciente - Samanta falava com seu reflexo no grande espelho do toalete tão branco quanto seu jaleco.

Depois de alguns minutos de auto motivação, ela sai pela porta no corredor onde dois homens estão aguardando. Um deles também de jaleco, já o outro, uniformizado com as cores preta e laranja, representando ser um Patrulheiro do Partido da Ordem, além de estar constantemente com a mão direita pronta para sacar a pistola Glock em sua cintura.

- Tudo pronto rapazes, vamos? - diz Samanta, ajeitando seus óculos de armação branca e verificando se prendeu bem o cabelo. Os três começam a caminhar pelo corredor com paredes de detalhes azuis sutis, o som dos saltos da Samanta estala a cada passo. - Nick, me fale o que você achou sobre o relatório desse tal Vincente.

O trio passa por várias outras pessoas usando roupas semelhantes. Jalecos exageradente brancos, Patrulheiros de cara amarrada e faxineiros dirigindo pequenos veículos que lustram o chão.

- Bom... - Nick, o homem de jaleco, aparenta ser da mesmo faixa etária que Samanta, cabelos bem cortados e sem barba, sua cor morena faz o branco da vestimenta se intensificar ainda mais. - Ele vai ser interessante para você, sócia...

Nick e Samanta são amigos de longa data. Ambos cresceram, estudaram e se formaram juntos. Já até tentaram engatar um romance, que não durou muito devido ao gosto afetivo exótico da Samanta por outras mulheres.

- Porque acha isso? - os três param em frente ao ao par de portas metálicas do imponente elevador do centro hospitalar Carlos Chargas.

- Pelo jeito você nem tocou na ficha dele né? - as portas se abrem e o andar "-2" é selecionado, em seguida, um sinal vermelho é apresentado no display do elevador, o guarda preciona uma combinação de andares que assusta os demais usuários da caixa metálica, o sinal vermelho some e o funcionamento normal retorna.

- Você fica com a parte teórica, eu com a prática, esqueceu sócio? - diz Samanta com um sorriso irônico no rosto.

- Como sempre... - as portas se abrem em andares inferiores, deixando o elevador com menos tripulantes a cada parada - Resumindo, esse cara é completamente pirado...

- Sorte a nossa, se não como iríamos ganhar nossos salários? - mais uma vez, Samanta gargalha baixinho e fica com as bochechas avermelhadas.

- Pelo visto alguém se deu muito bem hein?

- Você nem faz ideia... Mas continue, antes que não dê mais tempo de me passar a cola.

Apenas os três sobram no elevador que desce vários andares sem parar em nenhum. A câmera gira para foca-los melhor e o Patrulheiro levanta seu crachá na altura do rosto.

- Então, esse cara é o responsável pelo massacre no orfanato, aquele com 52 pessoas brutalmente assassinadas, cinco anos atrás, lembra?

- E tem como se esquecer daquilo? Agora eu entendo porque tanta burocracia para conseguir alguns minutos com ele... - Samanta tira um caderninho e uma caneta do bolso no peitoral do jaleco.

- O pior é a história desse monstro... - A porta metálica finalmente é aberta, mostrando um corredor com diversas grades pelo caminho, eles começam a caminhar em direção a outro Patrulheiro que está parado de braços cruzados ao lado da primeira barreira de contenção. - Com apenas doze anos de idade, ele assassinou o próprio pai com facadas no peito e fez a mãe se suicidar. Depois, foi encaminhado para a FEBEM até completar dezoito anos. Não se sabe o motivo, mas ele foi acolhido pelo pessoal do orfanato Filhos do Vento, dois anos depois... Bom, você já sabe o que ele fez com eles...

Projeto Nêmesis #01 - A Essência (RASCUNHO)Onde histórias criam vida. Descubra agora