Enquanto a neve caía lá fora, Nico segurava um cigarro, o tragando lentamente, sentindo todos os prazeres chegando, e as preocupações se afastando.
No fundo de seu coração, ele sabia que era um vício péssimo e que ele poderia acabar com um grande câncer de pulmão, mas não é como se ele se importasse com isso. A verdade é que os problemas estavam grandes e doloridos demais para ele sequer pensar sobre isso, então, apenas fumava. Fumava vários maços, e depois os escondia para jogar fora na rua, para que Hazel nunca desconfiasse.
A neve caía tão depressa. Era possível ver as pessoas correndo com seus guarda-chuvas, com roupas muito quentes, para enfim chegar em casa.
Na previsão do tempo dizia que teria um grande excesso de neve nesse Natal, e que seria sábio da parte de toda a população de Nova York ficar em casa para não sofrer uma surpresa de ficarem presos na rua por conta da neve.
É claro que ninguém realmente ouviu.
Hazel e Piper foram uma dessas. Elas saíram cedo de casa para comprar o resto do que faltava da ceia, mas como o senhor alto e calvo da TV disse, a neve começou a cair com muita força e as duas ficaram presas, o que estava levando Nico a passar a véspera de Natal sozinho.
Quer dizer, não tão sozinho. O gato de Piper e Jason estava ali. Seu nome é Darth Vader, apesar de todos só o chamarem de Vader. Ele é pequeno, pois é um filhote. Seu pelo é negro - por isso o nome, não só por isso, mas porque Jason é obcecado por Star Wars - como um breu, os olhos grandes verdes e atentos. Vader tem uma cicatriz nas costas, pois é um gato adotado, que veio da rua. É tão pequeno e já sofria nas ruas.
Ele era uma boa companhia. Ficava quieto, só as vezes pulava no colo de Nico e se esfregava no menino, fazendo o mesmo rir e fazer carinho no gatinho.
As vezes, Nico começava a falar com Vader. Falava sobre Percy, Travis, Con, Hazel, Reyna, Jason e Will. Ele contou praticamente sua vida toda à um gato e mesmo parecendo um sinal de esquizofrenia, Nico achava que Vader entendia, pois nas partes mais tristes, como a morte de Bianca e de Will, o gato se enroscava mais em Nico, balançando sua cabeça, parecendo um certo consolo.
Nico chegava a rir em algumas horas por se achar patético. Sua única companhia no Natal seria um gato!
Ele se levantou e andou pelo apartamento de Piper e Jason.
O primeiro quarto que entrou, seria o de Penélope.
A parede rosa, com estrelas parecia triste pelo fato da pouca luz e o clima frio. O berço branco, com lençóis brancos e rosa claro, com alguns bichinhos presos. O guarda-roupa branco com figurinhas das princesas, lotado de roupinhas.
Era triste e melancólico ficar ali. Dava para sentir cada sentimento de dor e perda.
Nico passou a mão pelas coisas de sua afilhada que nunca nasceria e sentiu uma vontade enorme de chorar.
Em uma de suas primeiras noites ali, Nico não conseguia dormir e resolveu tomar um pouco de água, mas enquanto ia até a cozinha, ouviu soluços baixos e sofridos. Ele ficou confuso e foi até o local de onde saía o barulho, para encontrar Piper ajoelhada perto do berço, chorando e tremendo, junto com um Jason tão triste e destruído que ele até parecia menor. Jason a abraçava e Piper tremia tanto que Nico quis fazer algo para fazer essa dor deles passar.
É claro que ele não pode fazer nada, mas aquela cena ficou em sua cabeça pelo resto da noite e ele se sentia pior a cada segundo.
Olhando novamente para o quarto de Pen, ele sentiu uma parte da dor dos pais dela. Ela não tinha nascido - e nem nasceria - mas Nico já a amava. Pen seria sua primeira afilhada e ele queria ser um bom padrinho para ela.
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゚✧*・゚ notes ・゚
RomanceCartas de Nico para Percy, mostrando tudo o que acontecia na sua vida e o que ele sentia.