Warworn

Prólogo.

     Seguro a caneca com o café forte entre meus dedos gélidos, deixando que o calor do recipiente causado pelo líquido quente esquente minhas mãos.

— Nossos guerreiros estarão em casa em breve. — A mulher que apresenta o jornal local anunciou, prendendo totalmente minha atenção. — Finalmente depois de tantos anos lutando para nos proteger, eles retornarão às suas casas.

Deixo o meu copo sobre a mesa de vidro e pego o controle velho da televisão sobre o sofá, aumentando o volume do mesmo. Não posso acreditar que finalmente irei rever o Harry. Ele era tão jovem quando foi servir que nem consigo imaginar sua aparência física de agora, ele havia acabado de se formar no ensino médio quando decidiu que queria proteger nossa nação, enquanto eu ainda estava aprendendo pronomes e adjetivos.

Vezes ou outra ele me ligava de um celular velho que havia recebido, me contava como estava sendo o treinamento, dizia estar sempre ocupado e reclamava do estado ruim do celular que o mesmo usava para falar comigo e com o restante de nossa família. Até pensei em enviar um celular de última geração para ele, mas provavelmente eles não aceitariam isso lá.

Harry e eu somos primos de primeiro grau, com uma diferença considerável de idade. Ele é oito anos mais velho que eu, havia acabado de se tornar maior de idade quando foi servir aos Reino Unido.

Volto à realidade quando escuto batidas um quanto quanto violentas em minha porta, porém as mesmas soam familiar como sempre. O entregador toda semana passa aqui para deixar algumas cartas escritas pelos meus pais e até mesmo algumas encomendas que faço pela internet. Apesar do seu jeito grosseiro e rabugento, Rick parece ser um bom homem. Desvio minha atenção do noticiário e caminho até a porta. Meus dedos tocam na maçaneta fria de metal, sinto um pequeno choque térmico ocorrer um meu corpo.

Porém dessa vez não há ninguém parado aqui fora esperando por uma assinatura minha ou até mesmo uma xícara de café. A rua estava vazia e lotada de neve, consigo ver as pegadas na neve, pelo tamanho sei que são masculinas. Também é notório marcas de pneus, acho que estava concentrada demais em meus pensamentos para não ter ouvido nenhum som de carro se aproximar. Abaixando o meu olhar, noto um envelope marrom escuro sobre o carpete vermelho, coberto por poucos flocos que neves. Isso foi deixado recentemente. Abaixo-me o suficiente para pegar o envelope, sentindo o mesmo um tanto quanto úmido pela neve. Por mais que esteja em um dia frio e o envelope seja feito de um papel mais grosso, acho impossível que ele não se umedeça com os flocos espalhados pelo chão.

Deslizo meu polegar pelo selo derretido a velas brancas e carimbado com um símbolo um tanto quanto peculiar. Abro a carta, podendo assim ver a escrita muito bem desenhada, de cor branca e provavelmente feita a mão.

"Parabéns Soldado, Malik.

"Receba essa carta como nossa gratidão por servir o nosso pais, você foi um grande heroi, entre em contato conosco pelo email ou telefone para que possamos negociar. —Atenciosamente, Capitão Wills."

Olho o destinatário e percebo que a carta foi entregue no local errado, é a mesma rua que a minha, porém o número é 103, e a casa na qual estou é a 102. Fecho a carta novamente e pego o meu casaco, Londres está congelando e os meteorologistas nos alertaram sobre uma possível tempestade. Fecho a porta e nem preciso caminhar muito para encontrar a casa 103.

É residência a minha frente, a casa que sempre achei linda, ela era rústica e antigamente tinha lindas flores, não sei o que aconteceu ao casal de idosos, eu só sei que eles sumiram. Todos os dias os Malik's cuidava essa residência, retiravam o excesso de gelo no inverno, regavam as plantas no verão, admiravam as aves na primavera e se lamentavam no outono pela perda das cores.

Bato na porta gentilmente, na esperança de ser atendida por alguém, mas o silêncio continua em seu trono. Vou até a janela e esfrego a manga do meu casaco na mesma, tentando tirar o gelo grudado no objeto para que eu consiga olhar através do vidro. Está vazia e empoeirada. A casa agora parecia abandonada, mas logo ela seria preenchida por um soldado e seus pertences.

Eu seria vizinha de um ex soldado.

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Quero agradecer quem ainda ficou pela história, estou reformulando ela, pretendo postar um capítulo por semana, em breve sairá novos capítulos.