Capítulo 8: O beijo

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Colocamos um top, prendemos o cabelo e ligamos o som. Agora sim dava para limpar o quarto em puro estilo.

Estávamos perto de terminar, até que Gabi para e diz:
- Ah, vamos descansar um pouco. Estou morrendo de fome. - Ela diz se sentando.
- Você é muito mole. - Digo me apoiando na vassoura.
- Eu vou lá em baixo buscar alguma coisa para a gente comer.
- Não esquece as bebidas. Ah, e por favor, nada de refrigerante. O nosso nível de consumo está muito alto. Traga suco. - Sorri e pisquei para ela.
- Tudo bem, senhora estatística. - Ela ri e sai do quarto.
Limpei o suor do rosto, estava muito calor, mesmo com aquele top e o short de seda, eu estava derretendo.
Comecei a varrer de novo, eu estava ao som de Ludmilla - Te ensinei certin.
Não sou muito chegada a funk, mas eu gostava de alguns que não fossem pesados. Eu gostava mesmo era de cantar. Mas quem disse que eu tinha voz para isso? Se eu começasse a cantar, os vidros quebrarem todos seria o mínimo que poderia acontecer. Então, o jeito era ficar quieta, e só ouvir a música.
Ouço batidas na porta, desligo o som e vou atender.
Ah não!
- O que você está fazendo aqui? - Pergunto.
- Preciso falar com você.
- Entre.
O que será que Bruno quer comigo?
- Elena, eu queria me desculpar.
- Pelo o que?
- Por não ter acreditado em você. Eu ouvi a conversa toda entre você e Raquel.
Meu corpo gelou.
- Você... você ouviu?
- Sim. Por favor, me perdoa.
- Bruno, não tenho o que perdoar.
Ele me abraça inesperadamente.
- Elena. Eu te amo. - Ele sussurra no meu ouvido

Cada vez que ele falava isso, eu me derretia.
Sabe aquela sensação em que você não vê a pessoa com outros olhos, e de repente já vê? Era o que eu sentia. Eu gostava da minha amizade com Bruno, mesmo ele querendo algo a mais. Eu ao mesmo tempo queria e não queria. Queria porque estava começando a gostar dele de verdade, e não queria por medo de um dos dois ser magoado. Eu não sabia mais o que pensar. Então fiz algo inesperado, levanto o rosto dele e o beijo.
Dava para sentir o amor que ele transmitia nas duas vezes que nos beijamos, e eu tive a sensação que se dependesse dele, esse amor nunca iria acabar.
Ouço a porta abrir e rapidamente me afasto dele.
- Ah, não sabia que ele estava aqui. Volto outra hora. - Gabi disse toda envergonhada.
- Não, tudo bem. O quarto é seu. Pode ficar. - Bruno diz coçando a cabeça.
- Que bom que já se acertaram. A Elena estava louca por você não estar falando com ela.
Amigas, sempre tão sinceras.
Ele dá uma risada tímida.
- Senta aí, vamos te contar a verdadeira história. Quer um cookie? - Gabi pergunta.
- Não, valeu.
- Eu quero, passa pra cá. - Digo avançando no biscoito.

- Eu não esperava isso da parte de Raquel. - Bruno diz. - Me sinto tão culpado.
- Não sinta, todos nós caímos na façanha dela. - Digo esfregando as costas dele.
- Mas agora é momento de alegria. Bruno já sabe a verdade, vocês estão juntos e já terminamos de limpar o quarto.
- Nós estamos juntos? - Perguntei.
- Gostaria que estivéssemos? - Ele olha para mim sorrindo.
- Hm... deixa eu pensar. Acho que pode ser uma boa ideia. - Respondo sorrindo.
- Então é um sim? - Gabi pergunta.
Confirmo com a cabeça.
Gabi dá um grito agudo. Assumo que depois desse dia eu tenho problemas para escutar direito.
- O casal mais perfeito da escola. - Ela grita.
- Fala baixo, criatura. - Digo fazendo sinal para ela abaixar o tom.
- E o que tem demais todo mundo saber disso? - Bruno pergunta.
- Nada demais. Mas você sabe como é a Gabi, daqui a pouco ela vai começar a distribuir panfletos falando que nós estamos namorando.
- Não seria má ideia. - Bruno disse rindo. - Aí Gabi, anotou essa ideia?
- Claro, valeu Elena.
Dou um soco de leve nos dois.
- Parem de graça. Eu vou tomar um banho, fiquem aí e não ponham a escola a baixo.
Entro no chuveiro e tomo uma ducha revigorante. Água gelada num calor desse. Nada melhor.
Me enrolo e vou pegar a minha roupa.
Droga!
Me distraí com a brincadeira dos dois e acabei esquecendo de pegar minhas roupas.
- Gabi! - Gritei encostando na parede.
- Ela saiu! - Bruno respondeu.
- Droga!
- O que foi?
- Esqueci de pegar a minha roupa.
- Isso que dá prestar atenção na conversa dos outros.
- Cala a boca e me ajuda a pensar. - Digo entre risos.
- Vem aqui e pega a sua roupa, ué.
- Com você aí? Eu estou só de toalha.
- Eu fecho os olhos.
- Por que será que eu não confio em você?
- Descrença da sua parte.
- Tudo bem, fecha os olhos. Estou falando sério.
- Eu não vou abrir, prometo.
Abro a porta e vou em direção ao guarda roupa. Bruno estava com o travesseiro na cara. Ele não se moveu hora nenhuma. Peguei um short jeans mesclado, um cropped vermelho, minhas peças íntimas e voltei para o banheiro.
- Pronto, já voltei para o banheiro.
- Caramba, tu anda se esgueirando, né?
- Não, por quê?
- Eu não ouvi um passo seu.
- Sou muito silenciosa.
- Percebi.
Penteei os cabelos e os deixei soltos. Saí do banheiro e Bruno me encarou.
- Linda naturalmente.
- Obrigada. Ah, antes que eu me esqueça... O que você disse para Raquel depois que eu saí do seu quarto?
- Ela acha que eu fui refrescar a cabeça, insistiu para que fosse junto, mas eu disse que queria ficar sozinho.
- E o que você vai fazer se ela nos ver juntos?
- Eu vou contar a verdade.
- Eu tenho medo dessa garota. Não conheço o passado dela, e nem sei o que se passa pela cabeça da mesma.
- Não se preocupe, eu não vou deixar que nada te aconteça.
Ele me dá um beijo na testa, e eu dou a mão para ele.
Bruno era bem mais alto que eu, mesmo eu sendo um pouco alta.

RAQUEL NARRANDO

Bruno estava demorando, mas eu entendo ele, depois de tanta decepção. Sua querida Elena jogando fora o amor que você quer dar para ela. Não tem como suportar mesmo.
Decidi ir atrás dele, o mesmo disse que iria para o jardim da escola, para refrescar um pouco a cabeça. Vou para o meu quarto e tomo um banho. Coloco um short jeans curto e um tomara que caia. Penteio meus cabelos negros e brilhosos e vou em direção ao jardim.

GABI NARRANDO

Fui ao quarto de Agatha e a mesma estava com os seus fones de ouvido deitada na cama.
- Agatha, vem comigo agora! - Entro escancarando a porta dela.
- Que isso, garota? Quer me matar de susto? - Ela grita e dá pulo na cama.
- Vem comigo, depressa. - Pego ela pelo braço e saio arrastando-a.
- Para onde? - Ela tenta se livrar do meu puxão, mas por ser franzina, ela não consegue.
- Na rua. É urgente.
- Tudo bem, mas para que?
- No caminho eu te explico.

DIOGO NARRANDO

Aquilo estava me comsumindo. Eu não deveria ter ido àquela resenha. Eu sou um tolo. Por que eu fiz isso? Por que eu fui inventar de beber demais? Eu sou um otário. Não sei se devo contar à Gabi. Eu a amo e não posso perdê-la. Mas se eu fosse homem o suficiente, não teria feito aquilo, não teria aceitado vários e vários copos de bebida. Já era.
Ela não vai me perdoar.

BRUNO NARRANDO

Vou com Elena até o refeitório. Me sento com ela o mais longe possível da porta.
- Droga!
- O que foi? - Ela pergunta.
- Esqueci o meu celular no seu quarto.
- Quer que eu vá lá buscar para você?
- Não, fique aqui. Deixa que eu vou.
Me levanto e saio com passos apressados, ao sair do refeitório, começo a correr até o meu quarto.
Por sorte Raquel não estava ali, peguei um terno e me vesti rapidamente.
Desci e fui para o jardim. Fiquei esperando Gabi e Agatha voltarem.
Avisto elas correndo que nem umas malucas, cheias de flores nas mãos.
- Tudo bem, eu arrumo aqui, agora vai lá distrair a Elena.
- Ok! Vamos, Agatha. - Elas saem correndo em direção ao refeitório. Começo a arrumar as coisas.

Querido destino...Onde histórias criam vida. Descubra agora