Capítulo 9: Agora é oficial

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ELENA NARRANDO

Bruno estava demorando. Será que ele não achou? Me levanto da mesa indo em direção ao meu quarto. Antes que eu pudesse dar o terceiro passo, avisto Gabi e Agatha correndo em minha direção.
- NÃO DÊ MAIS UM PASSO. - Gabi grita.
- O que? Por que?
- Não faça perguntas. Apenas fique aí. - Agatha disse.
Parei aonde eu estava e fiquei quieta.
- Posso saber pelo menos o por quê de tudo isso? - Pergunto.
- Brevemente você saberá. - Agatha diz e dá uma piscada.
Gabi não parava quieta, ela começou a roer as unhas e bater o pé no chão.
Seu celular dá sinal de que recebeu uma mensagem. Ela o pega desdesperada e vê.
- Está na hora. Vamos!
Seguimos ela até uma multidão que se seguia no jardim.

RAQUEL NARRANDO

Eu estava chegando no refeitório quando vejo um aglomerado de pessoas indo em direção ao jardim. O que estava acontecendo ali?
Chego mais perto para ver, mas logo me afasto quando vejo Bruno no centro das atenções. O que ele estava aprontando?

ELENA NARRANDO

- Calma, Gabi. Vai devagar aí. - Grito tentando acompanhar seus passos.
- Anda logo. Você é muito lerda. - Agatha diz me puxando também.
- Estou indo, caramba.
Chego no jardim e me deparo com uma multidão nela.
- Dá licença. Dá licença. Dá licença. - Gabi dizia a cada pessoa que esbarrava. - DÁ LICENÇA. - Ela grita para um gordinho insistente que insistia em permanecer ali. - Obrigada! Você é um amorzinho.
- Elena! - Uma voz masculina diz em um microfone. O barulho ecoou pela escola inteira.
- De quem é essa voz? - Pergunto para Gabi.
- É só passar aqui e você vai saber. - Menina, dá uma licencinha para minha amiga aqui, por favor? - A garota abre espaço para eu passar, e me deparo com uma imagem inacreditável.
Bruno trajando um terno. Em volta dele, pétalas de lírios formavam um coração que dava para ser ocupado exclusivamente por duas pessoas.
- Como sabia que eu gostava de lírios? - Pergunto baixo.
- Gabi me disse. - Ele respondeu pondo a mão no microfone para abafar o som.
- São lindas.
- Eu sei que é muito cedo para homenagens, e eu sei que todos nesse momento estão pensando "nossa, nem um mês tem, e ele já faz isso tudo? Imagina quando já tiver uns dois anos?". Eu realmente sinto uma coisa por ela desde a primeira vez que a vi. Eu imagino que todos já cogitaram a hipótese de eu ser gay, já que nunca peguei garota nenhuma dessa escola. Mas não, não sou. Eu estava apenas me guardando para a pessoa certa. Me guardando para a Elena. Podem achar caretice, mas para mim não é. Para mim, nada é melhor do que estar perto de alguém que você realmente ama. E o que eu não senti pelas outras garotas, eu senti por Elena. Era um sentimento forte, profundo, um sentimento que não poderia ser quebrado com facilidade, mas que tem facilidade de nos quebrar. Elena sabe o quanto fui chato pedindo-a uma chance toda hora. Nunca tivemos uma conversa de amigos onde eu não toquei no assunto que a mesma tentava evitar sempre. Mas hoje fora um dia de alegria para mim, não sei se também para vocês. Hoje ela resolveu me dar uma chance, e eu prometo, Elena - ele diz se ajoelhando na minha frente - que você não irá se arrepender, eu farei tudo para você ser a garota mais feliz desse mundo. Talvez a mulher, futuramente.
E então, na frente de todos eu venho expor meu amor por você, e venho pedir de um jeito melhor que o de hoje de manhã, que você seja a minha namorada, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença... e deixa o resto para talvez uma cerimônia onde eu estarei assim, e você de branco - nesse momento eu já estava chorando, olho para o lado e vejo que havia um monte se câmeras filmando a gente - Ok! Desculpe por adiantar as coisas - ele dá uma risada - Você me daria a enorme honra de ser a minha namorada?
Gritos ecoam pela escola, logo consegui descrever o que todos queriam falar. Eles formaram um coro dizendo "Aceita".
Nesse momento, Gabi pega o microfone da mão de Bruno e grita.
- SE VOCÊS NÃO PERCEBERAM, EU AINDA NÃO OUVI A RESPOSTA DELA. DÁ PARA DEIXAR A ALEGRIA PARA QUANDO ELA ACEITAR?
Todos fazem silêncio e voltam seu olhar para mim. Ela estende o microfone para perto da minha boca e diz:
- E então, Elena? Aceita?
Eu paro por um momento. Olho ao redor, depois meu olhar volta para as pétalas, o terno colocado as pressas de Bruno, o rosto de Gabi esperando minha resposta ansiosamente, as pessoas que olhavam e filmavam o local e por último, os olhos de Bruno.
Aqueles olhos castanhos agora estavam de um dourado brilhante. O olhar dele mostrava como estava ansioso, nervoso, feliz... Tantas coisas misturadas.
Fecho os olhos e respiro fundo.
- Bruno, acha mesmo que depois de uma declaração dessa, eu iria dizer não? É claro que eu aceito. - Digo o abraçando com força. Ele me envolve rapidamente.
Gritarias começam, e logo é seguido por aplausos. Estranhei a diretora não ter aparecido para saber o por quê da algazarra, mas noto que ela estava no canto, sorrindo e aplaudindo também.
- É uma coisa linda realmente de se ouvir. - A voz de quem eu menos queria ouvir agora, resolve ressurgir.
- O que você está fazendo aqui, Raquel? - Bruno pergunta.
- Bem, deixe-me ver... eu estudo aqui, e aliás, eu só estava vendo essa linda declaração que você fez para essa aí.
- Você não tem que se intrometer em nada. Você nunca teve chance nenhuma para querer bancar uma de maioral aqui. - Digo já irritada com essa garota.
- Não se meta, estou falando com o Bruno.
- E eu estou falando com você. Não percebeu ainda que você perdeu? Eu sou a namorada dele. Eu fui a escolhida. Não quero você chegando perto dele.
- Ou se não o que? Vai reclamar com a diretora? Ah, tadinha. É de dar pena.
- Aqui na escola eu não faria nada mesmo não. Apenas deixaria ciente à Sarah que a errada aqui é você.
- Garota, você não sabe com quem está se metendo. Eu te aviso logo, se pisar no meu caminho mais uma vez...
- Você vai fazer o que? - Bruno interrompe - Ela não pisou no seu caminho, eu apenas não quis escolher ele. É a Elena que eu amo, não você. Nada que você faça, me fará ficar contigo.
Todos ali rodeados começam a gritar uns "Aeee", "Toma essa", "Ihhhh".. entre outras coisas que não consegui identificar.
- Seus dias estão contados, Elena. Não queira chegar no seu último dia.
- Com licença, isso foi uma ameaça? - Sarah entra de braços cruzados. Ela estava linda com aquele uniforme preto justo. Dava para perceber que seu corpo era malhado semanalmente.
- Sa-Sarah? - Raquel gagueja.
- Não, isso aqui é uma miragem. - Sarah diz séria. Eu sinceramente fiquei com vontade de rir.
- Eu... Eu não quis dizer isso.
- Não se faça de santa agora, todos escutaram o que você disse. - Repreendo fazendo uma careta.
- Ninguém te perguntou nada, garota. - Ela diz sem olhar para mim.
- No mesmo momento em que você me ameaça, eu não preciso que me perguntem nada para dizer algo. - Alfineto.
Todos fazem aquele famoso "uuuuuh". Coisa infantil na minha opinião. É mais legal quando estão todos juntos zoando.
- Vem comigo para a diretoria, agora. - Sarah diz e vira de costas. Raquel a segue sem dizer mais nenhuma palavra.
Bruno me abraça mais forte, como se quisesse me proteger de algo que fosse acontecer naquele momento.
- Vem, vamos sair daqui. - Ele sussurra no meu ouvido.
Chegando no quarto dele, o mesmo se joga na cama e me beija intensamente.
- Espera sócum minuto que eu vou tirar esse terno. Estou me sentindo sufocado.
- Está bem.
- Fecha os olhos.
Obedeci.
Fiquei de olhos tampados por um tempo, até sentir alguém me beijando. O puxo para cima de mim, e o mesmo se apoia com força para não jogar o peso todo.
- Programei uma coisa para a gente fazer hoje a noite. - Ele diz, deitando a cabeça no meu colo.
- O que? - Pergunto receando a resposta.
- Cineminha. Temos só que pegar algumas guloseimas lá em baixo, os filmes eu já tenho aqui. Pode ir escolhendo enquanto eu vou lá.
- Ok.
Ele se levanta e dai do quarto.
Um minuto depois alguém abre a porta.
- Gabi? O que está fazendo aqui? - Pergunto assustada.
- Só vim lhe dar uma notícia que talvez seja boa para você.
- Qual?
- Raquel foi expulsa da escola.
Nossa, realmente a notícia era ótima. Eu não sabia do que aquela garota era capaz, e eu fiz muito mal desafiando ela. Essa notícia foi um peso tirado das minhas costas.
- Nossa, que alívio saber disso.
- Pois é. Ela sairá daqui a pouco. Ai, que filme vocês vão ver?
- Ainda estou escolhendo. Me ajuda aqui?
- Claro.
Escolhemos um de suspense e um de terror. Meus gêneros favoritos, apesar de eu me assustar à toa e ser muito medrosa.
- Cinema à três? - Bruno chega com três sacolas lotadas de comida.
- Não, só estou ajudando ela a escolher o filme. Vou deixar os pombinhos se divertirem. Mas amanhã ela é minha, está ouvindo né? - Gabi diz séria.
- Tudo bem, senhora Gabriella. Entrego-a sã e salva amanhã na porta de seu quarto.
Eu ia dormir aqui? Não sabia. Mas resolvi não comentar.
- O que você trouxe? Deixa eu ver. - Pego as sacolas da mão dele e quase rasgo elas para ver o que tem dentro.
- Hmm, marshmallows, sensação, salgadinhos, ruffles, bombons, pipoca... Perai, desde quando tem pipoca no refeitório? - Pergunto olhando para Bruno.
- Eu pedi para a tia da cantina fazer. Ela ficou sabendo do que eu fiz, e achou muito fofo, então ela achou nada mais justo coperar com o cineminha do casal.
Dei uma risada.
Eu sempre gostei das tias das cantinas de todas as escolas que eu estudei.
- Já escolheram os filmes? - Bruno pergunta - Deixe eu ver quais são.
Entrego para ele.
- Eita, esse aqui você vai ter que dormir agarradinha comigo para não ficar com medo.
- Bobo. - Dou um tapa no braço dele.
- Vou lá gente, divirtam-se. - Gabi diz mandando beijos no ar.
- Até amanhã, amiga! - Grito, mas ela já estava do lado de fora.
- O que ela veio fazer aqui na verdade? Suponho que ela não sabia do cinema. - Bruno diz colocando a fita.
- Ela veio me dizer que Raquel foi expulsa. - Repondo sem olhar para ele, colocando as poltronas na frente da televisão.
- Grande alívio para nós. - Ele diz.
- Mas de qualquer jeito eu vou ficar com medo.
- Por que?
- Já viu o filme que a gente vai ver? Só de olhar a capa eu já me arrepio toda.
Ele dá uma risada e se senta. Faço o mesmo e servimos uns refrigerantes, e pegamos os salgadinhos.
- Eu nunca vou deixar que você tenha um sentimento de dor, medo, ou qualquer outra coisa que não te deixe feliz.
Em troca de sua generosidade, lhe dou um beijo bem apaixonada.
Sim, eu me apaixonei pelo jeito do Bruno. Depois de hoje eu tenho certeza sobre o que eu sinto.
Nos ajeitamos na poltrona, e então o filme começou.

Querido destino...Onde histórias criam vida. Descubra agora