Capítulo 11: Angústia

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Ela muda sua postura de preocupada para uma de medo.
- Que pergunta é essa, Elena?
- Apenas me responda.
- Como você sabe disso? Eu nunca te contei...
- É. Para você ver a amiga que você é.
- Eu só não queria te deixar preocupada.
- Mentindo para mim?
- Eu não menti. Só não contei.
- Mas do mesmo jeito não confiou em mim. Agora para de fugir do assunto e me conta logo quem foram as duas pessoas que você matou?
- Eu não quero falar disso. Você não sabe o quanto eu me esforço para poder esquecer isso, e aqui está você, querendo que minhas lembranças venham à tona.
- Eu só quero saber porque tenho uma suspeita de quem tenha sido as vítimas.
- E quem você acha que é? - Ela pergunta cruzando os braços.
- Meus pais.

RAQUEL NARRANDO

Ver a cara da Elena foi a melhor. Os olhos dela demonstravam tudo: raiva, medo, tristeza, incompreensão... tudo de ruim.
Não pude contar para ela que fugi do hospício, ela de raiva me denunciaria e me mandariam para lá de volta. Mas sou esperta. Não posso voltar para casa. Meus pais irão me pagar por terem me internado. Vou para a casa do Matheus, aquele trouxa irá me acolher com certeza.

Toquei a campainha três vezes.
Mas que desgraçado, porque essa demora toda?
- R-Raquel? O-o que faz aqui? - Ele diz me olhando de cima em baixo. Mesmo com aquela roupa ridícula, eu ainda estava bem gostosa.
- Preciso de ajuda. Posso entrar? - Pergunto.
- Claro, claro. Pode entrar. - Ele diz me dando passagem.
Entro e me deparo com o video-game ligado.
Tinha que ser.
- No que posso te ajudar?
- Preciso que você me abrigue aqui por algum tempo.
- Pode ficar quanto tempo quiser. - Ele me lança um olhar malicioso.
Cruz credo.
- Tudo bem, valeu. É... poderia me emprestar um dinheiro? É que eu saí de casa e...
- Claro, mas... por que saiu de casa?
Nada intrometido esse garoto.
- Briguei com os meus pais.
- Mas e essa roupa? Está parecendo aquelas que aqueles malucos usam.
Está explicado porquê desse garoto nunca ter pegado nenhuma garota na vida.
- É... vai me emprestar o dinheiro ou não? - Pergunto cruzando os braços.
- Vou, claro. Hã... quanto você quer?
- Quanto você tem?
Ele abre a carteira e vê.
- Tenho trezentos e quarenta, mas eu não acho que você vá precisar...
- Obrigada. - Pego o dinheiro da mão dele e saio.
Será que tem polícias por aqui? Eu espero que não.
Que merda, ter que fazer compras com cuidado para não ser pega de novo.

BRUNO NARRANDO

Vou para o quarto de Elena e o encontro vazio.
Ué.
- Ela saiu com a Gabi. - Ouço alguém dizer atrás de mim.
- Como você sabe? - Pergunto me virando para Agatha, que não tirava os olhos do celular.
- Gabi me mandou uma mensagem.
- Não tenho visto vocês três juntas ultimamente.
- Eu ando estudando um pouco, nos finais de semana tenho ido ver minha família, e o resto do tempo eu fico com o Lucas.
- Entendi.
- Bom. Tenho que ir. Tchau. - Ela diz já saindo, nem tive tempo de responder.

AGATHA NARRANDO

Vou em direção ao quarto de Lucas. Abri e Noah gritou.
- Quer me matar de susto, menina?
- Tá devendo, bicha? - Pergunto rindo.
- Eu não. Mas aí, veio me ver?
- Claro que não. Cadê o Lucas?
- Está pedindo ponto para a professora de história.
- Ah, aquela velha quer deixar todo mundo de recuperação, fazer uma prova impossível e reprovar todos.
- Ah, aquilo é uma minhoca morta de saia. - Ele diz frustrado.
- Deve ser mulher daquele cara que viveu novecentos anos. Mas tipo, eu queria saber por que oa professsores de história têm que ser tão velhos?
- Para contarem o que viveram nos séculos passados, oras.
Olho para ele e dou uma gargalhada alta. Noah é a única pessoa que me faz rir assim.
- Ridículo.
- Ain, doeu, sua anjinha das trevas.
- Sai fora, dançarina do Faustão.
Nessa hora Diogo entra.
- Quem é dançarina do Faustão? - Ele pergunta.
- Noah.
Ele solta uma gargalhada.
- Imagina essa bicha usando aquelas roupas.
- Ia parecer um traveco. A cara já não ajuda. - Eu digo.
- Vai querer zoar, sua brutamonte? - Noah pergunta. Na verdade eu não sei porque me chamam assim, sempre dizem que eu sou muito forte, mas não é pra tanto.
- Brutamonte é o seu cu.
- Amor, você é um pouquinho brutamonte sim. - Diogo diz.
- Até você?
- Calma, não me bate. - Ele diz protegendo o rosto.
- Caramba. Eu não sou tão forte assim.
- É sim, mona. - Noah faz sua voz de gay. - Você é capaz até de quebrar o Diogo na porrada. Quem olha essa puro osso aí não imagina que há uma ogra.
- Hã... o que ele quis dizer, é que você não aparenta ser tão forte. Você tem uma força não humana.
- Você está me chamando de E.T, seu viado, cretino?
- Não, amor. É claro que não.
- Sim, ele está. - Noah diz - Até que parece um pouquinho se for reparar nos olhos...
- Eu vou te bater sua bicha abusada. - Digo indo para cima dele e Diogo me segura.
- Não me segura! Não me segura! Vou dar uma lição nessa florzinha de gente. - Digo tentando me soltar.
- Para de se debater. Isso tá doendo em mim.
- Então me solta, caralho.
- Tu vai arrebentar a coitada da criatura ali. Olha o estado dele. Tadinho.
- Pensasse nisso antes de me xingar.
- Tá, eu retiro o que eu disse. Me desculpa! Oh, Cleópatra. - Noah diz fazendo uma reverência.
- Assim é bem melhor.
Diogo me vira para ele, e me beija.
- Own, que lindos.
- Rala daqui, Noah. - Digo.
- Não, esse quarto é meu. Rala você.
- SAAAAAAAAAI. - Gritei.
- Caaaaalma, tô indo. Tô indo agora. Tenha paciência. Não se estresse, amiga. Amiga, quietinha.
- Tá me tratando como um cachorro seu viado. - Dou um tapão na cabeça dele.
- AAAAAAAAAAH! Ela quer me bater. Socorro! - Ele sai correndo quarto à fora.
- Bem melhor assim.
Diogo volta a me beijar. Um beijo intenso, com claras intenções.
- Calma ae, eu esqueci o celular. Pronto. Podem continuar. - Ele diz passando pelo canto do quarto e saiu rapidamente.
- Puta que pariu. - Sussuro entre o beijo.

NOAH NARRANDO

Curuzis. Não pode nem mais ficar no seu próprio quarto. Bicha agressiva. Mas que ela parece um E.T, ela parece.
Fui em direção ao refeitório fazer um lanchinho básico. Eu estava de dieta.
Virei lagarta. Só estou comendo folhas, para no futuro, eu virar uma linda borboleta.
Tá, parei com a boiolagem. Sou homem, porra.
- Ui, que gatinho. - Digo para mim mesmo quando passa um garoto todo musculoso e cabelo desgrenhado. - Esse eu pegava.

ELENA NARRANDO

- Eu não matei seus pais, Elena. Quem te falou isso? - Gabi pergunta.
- Não interessa agora. Eu quero saber quem você matou.
- Eu não sei.
- Então como diz que não matou seus pais?
- Ah, Elena, eu...
- Não. Não me venha com essa. Você matou os meus pais. Sua assassina.
- Elena. Deixa eu me explicar, caramba. Você não quer me falar quem te disse isso.
- Fontes.
- Me diz logo quem é.
- Não. Eu não quero falar com você nunca mais.
- Elena, por favor, me escuta. Eu faço tudo o que você quiser, mas me deixa explicar. Eu não sei quem te disse isso, mas eu sei que não matei eles. Mesmo eu não lembrando.
- Faz o que eu quiser, é?
- Sim. O que você quer?
- Eu quero que você nunca mais fale comigo. - Digo e saio dali, deixando ela sozinha.

GABI NARRANDO

O que aconteceu aqui? Eu simplesmente perdi a minha melhor amiga. E quem fez isso? Ah, se eu descobrir... Eu vou ter que convencer Elena a me escutar. Eu sei que eu nao matei eles, mesmo eu não sabendo quem eu matei de verdade. Eu preciso falar com ela. E eu não vou desistir.

Querido destino...Onde histórias criam vida. Descubra agora