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Dia 25 de Julho, Londres - Inglaterra

8:23 A.M

Eu segurava o envelope branco tremendo. Não sabia o que tinha ali, e sinceramente, não estava assim tão afim de saber.

- Abre? -minha irmã disse, me encorajando.

- Sim... - respirei fundo, rasgando-o na borda.

Tirei os papeis de lá, lendo-os, mesmo sem entender nada. O médico á minha frente e minha irmã, June, me encaravam, esperando a mínima reação.

"Células cancerígenas positivas."

- O que quer dizer? - perguntei atônita.

- Bem Lucinda, eu já tinha alguma ideia do que poderia ser, devido aos sintomas.

June me olhava assustada, com os olhos suplicando por informações.

- Vocês devem manter a calma, tudo bem? - sugeriu - O exame detectou um tumor no seu fígado, Lucinda.

- Que? - June ficou estática, com os olhos vidrados.

- É grave? - perguntei, já sabendo a resposta, sentindo meus olhos queimarem.

- Sim, mas não incurável - ele estalou os dedos, nervoso - Quanto antes começarmos o tratamento,mais chances de cura teremos.

- Quando? - June perguntou, deixando as lágrimas caírem.

- Só precisamos preparar tudo. Complementar com alguns exames e providenciar a internação - disse ele - Uns cinco dias, talvez mais.

O silêncio era o único som naquele momento.

- Doutor? - chamei.

- Sim querida? - ele ajeitou os óculos, bagunçando os próprios cabelos, agora grisalhos.

- Dói? - minha visão estava totalmente embaçada, devido as lágrimas.

- Vou fazer o possível para que não - ele prometeu.

Dia 25 de Julho, Londres - Inglaterra

9:14 A.M

- Eu não acredito, June - chorava deitada em seu colo, dentro do meu carro - Eu não acredito.

- Calma minha princesa - ela tentava me acalmar, porém, chorava mais que eu - Vai dar tudo certo, eu sei que vai.

- E o papai? - indaguei entre soluços.

- Eu conto pra ele - afirmou, fazendo cafuné na minha cabeça - Me promete uma coisa, Luce?

- Qualquer coisa - assenti.

- Fica forte? - ela fungou.

Fomos interrompidas com o toque do meu celular, sem sequer ver quem era, atendi.

- Alô - cumprimentei, tentando disfarçar a voz embargada.

- Ei, Luce - ele disse, senti que sorria.

- Oi Zayn - respondi, sentindo um enorme aperto no coração, uma vontade imensa de chorar - Ta... Ta tudo bem? - perguntei.

- Sim amor. Acabei de chegar em Londres, finalmente! - exclamou - Podemos almoçar juntos?

- Claro - aceitei - Pode ser na minha casa, ao meio-dia?

- Sim. Te vejo daqui a pouco então. Beijo linda, te amo.

- Beijo - respondi, desligando.

Só de lembrar do sorriso dele, eu chorei ainda mais, aninhada no colo de June, dentro de um carro, no meio do nada.

- Você vai contar? - ela perguntou.

- Eu preciso - enxuguei a última lágrima na bochecha, checando meu estado no espelho.

- Você me parece forte agora - June se esforçou para esboçar um sorriso - Nós vamos sair dessa, Luce. - confirmou - Vamos sair dessa juntas!


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