7° Bright light

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Dia 17 de Setembro, Londres - Inglaterra.

9:48 P.M

- Você ta muito quente, Luce! - June exclamou. - Ah meu Deus, vou chamar o médico - eu não sabia bem o que via. Na verdade, eu via minha mãe, como um esboço em preto e branco, perto da porta do banheiro. Ela sorria pra mim, enquanto cantava minha canção de ninar favorita. 

Desde ontem ela estava ali, sempre na mesma posição, fazendo a mesma coisa. Meu pai e June diziam que eu estava enganada, e o médico disse algo sobre alucinações. Mas aquela era minha mãe. Eu tinha certeza.

- Está realmente alta - Dr. Balley disse, após medir minha temperatura. - Lucinda?

- Sim? - respondi, totalmente bamba.

- Você quer ir pra casa?

- Que-ro - gaguejei, querendo implorar, na verdade.

- Como assim? - meu pai, que acabara de chegar, perguntou.

- Não há mais o que fazer, Senhor - o médico explicou. - Paramos aqui.

Eu sabia do que ele falava, mas no momento, parecia tudo muito distante. Eu só queria que alguém me beliscasse, e que de repente, eu acordasse de um pesadelo horrível, olhasse pro lado, e Zayn estaria deitado lá.

No meu celular, haveriam trezentas chamadas não atendidas do meu pai, e no quarto ao lado, June dormindo, como um dia normal.

Tentei falar, tentei gritar, me mexer.

Impossível.

Parecia que a cama me prendia, e bem ali, ao canto, minha mãe, aparentemente uma alucinação, sorria, cantando pra mim.

Eu precisava ser resgatada. Eu precisava resgata-los. Sem mais demora, fechei os olhos, sendo levada pra sabe se lá onde, ou como.

Dia 21 de Setembro, Londres - Inglaterra.

6:27 P.M

Ainda parecia um enorme arco íris, eu ainda, bem ao longe, só conseguia ouvir uma melodia calma, desconhecida. Mas especialmente naquele momento, eu sentia minha mão direita formigar, insuportável. Eu queria fazer parar, massageá-la ate que passasse, mas eu não conseguia.

Escutei alguns barulhos, cada vez mais perto. Encostaram algo em meu ouvido. Eu senti, e ouvi a voz de Zayn, apenas ouvi. Não consegui discernir as palavras, entende-las, ou lhe dar um sentido. Meu olhos, pareciam lotados, prontos pra explodir. As lágrimas desceram. Eu queria dizer a ele que sentiria sua falta.

Eu queria, mesmo que por muito pouco, poder responde-lo.

Dia 26 de Setembro, Londres - Inglaterra.

5:14 P.M

- Zayn ligou - minha madrasta me contava, parada em algum lugar. Eu ainda não podia me mexer, ou abri os olhos. Mas eu podia ouvir. - Ele disse que chega depois de amanhã, e mandou eu te avisar, que é bom você ficar linda, porque ele quer te levar ao cinema. Você vai aceitar esse encontro, pequena Luce?

Eu gostaria de ter gritado um "Claro!", mas não pude.

- Seu pai tem estado cada vez mais preocupado, querida - ela suspirou. - Você recebeu uma carta, vou ler pra você, tudo bem? - continuou. - Luce, aguente firme querida. Eu sei que eu não mereço seu perdão, nem o seu amor. Não tente entender meus motivos, não vale a pena. Eu sempre estive perto, Lucinda, porem muito longe. Eu te amo, Mamãe.

Tive um choque de realidade. Minha mãe estava viva, e sabia de mim.

Formei um sorriso, sendo assistida por minha madrasta Khloe.

Dia 28 de Setembro, Londres - Inglaterra.

7:10 A.M

Da escuridão do sono, passei de novo para meu mundo arco íris. Eu já sabia o que era.

Eu estava acordando. Pelos cumprimentos de Boa Noite e Bom Dia, julguei que Zayn chegaria hoje. Eu estava certa.

Ele passou pela porta, pouco tempo depois.

- Ei amor - senti-o aproximar. - Tem uma música, que eu gostaria de tocar pra você, tudo bem?

Sem respostas, pude ouvir os primeiros acordes do violão, e uma outra voz baixa, dizendo qualquer coisa.

Niall.

- Chama Moments, Luce. - Zayn disse, antes de começar a cantar. (abram o link - https://www.youtube.com/watch?v=W81xOJdLCwQ - coloque os fones)

A letra era totalmente linda. Linda e perfeita pra mim.

Reparei que os outros garotos estavam ali, o ajudando a cantar.

- Moments in time, I'll find the words to say, before you leave me today - cantou, junto aos outros. (trad - Momento, no tempo. Eu acharei as palavras pra dizer. Antes que você me deixe hoje.)

Eu não podia realmente deixa-lo. Não agora.

Niall continuou a cantar, enquanto Zayn o acompanhava, mesmo que baixo, ao pé do meu ouvido.

- But it makes things harder and the tears stream down my face - Louis cantou, aparentemente sincero. (tradução - Mas isso torna mais difícil. E as lágrimas descem pelo meu rosto.)

O refrão se repetiu, seguido por um solo de Zayn.

- Flashes left in my mind, going back to the time. Playing games in the street, kicking balls with my feet. Dancing on with my toes, standing close to the edge. There's a part of my clothes at the end of your bed, as I feel myself fall, make a joke of it all - lutei contra tudo dentro de mim. ( trad -Flashes deixados na minha mente, voltando ao tempo em que,brincávamos na rua. Chutando bolas com meus pés, há um formigamento no meu dedão. Estou bem perto do limite. Há uma pilha de roupas minhas nos pés da sua cama. E ao me sentir caindo, eu faço graça disso tudo.)

Todas as razões que me diziam pra deixar acabar, da forma mais fácil, mas eu não as ouviria. Não mais. Declarei guerra ao meu cérebro, que só queria ser dominado pelas células que dele haviam tomado conta.

A sensação era a mesma de carregar um muro, embora eu nunca tivesse feito isso.

Os olhos pesavam, dava a impressão de que tinham-nos pregados com super cola, eu agarrei a borda da cama, sugando toda a força próxima, abrindo então os olhos, os quais me possibilitavam de ver tudo.





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