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Dia 16 de Agosto, Londres - Inglaterra.

9:04 P.M

- Ei coisa linda - Zayn entrou no quarto, trazendo uma mochila nas costas. Ele estava com uma toca na cabeça, de óculos e com um suéter azul. O suéter azul que eu dei no aniversário dele.

- Oi - respondi, gemendo de dor em seguida.

- Vou ficar aqui com você hoje, ok? - informou ele.

- June disse - gemi de dor de novo, enquanto me virava pra olha-lo.

- Que foi Luce? - ele perguntou, olhando pra mim.

- Ta doendo. Aqui - pus a mão sobre o peito, tentando puxar mais ar. - E eu mal consigo respirar.

- Vou chamar um médico, pode ser? - Zayn acariciou meus cabelos, já indo até a porta do quarto.

Não demorou muito pra que ele e meu médico, Dr. Balley, voltassem.

- O que posso fazer por você, Luce? - perguntou ele.

- Ta faltando o ar - falei, acabando com o que tinha armazenado. Ele, após me examinar, me colocou uma bomba de oxigênio, ligada pelo nariz, e em seguida, fez um monte de procedimentos. Coisas que no ultimo mês tinha se tornado mais que rotina.

Dia 17 de Agosto, Londres - Inglaterra.

2:28 A.M

- E aí? - ouvi Zayn perguntar ao doutor, assim que ele entrou no quarto, trazendo noticias. Eu estava tonta, devido aos remédios que me deram.

- Preciso falar com os pais - Dr. Balley disse. - Venha comigo - chamou.

Fechei os olhos, pra parecer que dormia, Zayn viu como eu estava e depois seguiu o médico.

Dia 17 de Agosto, Londres - Inglaterra.

11:36 A.M

- Você devia ir descansar - falei pra Zayn, que já discutia isso comigo desde cedo.

- Luce, vou esperar seu pai chegar, será que você entende isso? - ele fez careta.

- Zayn? - chamei. - Vem aqui, por favor - ele se aproximou, sentando na beirada da cama. Puxei sua cabeça pra mim, o beijando. Eu sentia que era preciso. Tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo! Minha doença, o trabalho dele, a tensão, o tumulto. Nos dias passados, tínhamos ficado tão perto, porem tão longe. Eu sabia que minha boca devia estar com gosto de remédio, mas eu não vou negar que fui extremamente egoísta em não me importar com o que ele estava achando. - Me promete uma coisa?

- Sim.

- Se acontecer alguma coisa comigo, você...

- Nem começa - ele me interrompeu - Não vai acontecer nada Luce.

- Deixa eu acabar - continuei contra a vontade dele. - Se acontecer alguma coisa comigo, promete que vai continuar sem mim?

- Não vai te acontecer nada, Lucinda - afirmou.

- Por favor, prometa - implorei.

- Eu não consigo imaginar minha vida sem você - ele respirou fundo - Nunca poderia...

- Promete - fechei os olhos, tentando exercer o 'fique forte' que ouvia todos os dias.

- Prometo - ele colocou uma mexa do meu cabelo atrás da orelha.

- A banda, sua carreira, outras garotas, promete?

- Outras garotas, Luce? Que coisa mais absur...

- Zayn - interrompi.

- Prometo - se rendeu, voltando a me beijar.

Dia 17 de Agosto, Londres - Inglaterra.

2:42 P.M

- Você está com uma metástase no pulmão esquerdo, Lucinda - o médico falou. Aquilo fazia ecos na minha cabeça. Tudo aquilo, tinha se alastrado? Isso explica a dificuldade na respiração.

June, em pé ao lado de Khloe, a abraçava, ambas chorando. Meu pai estava inconsolável, sentado no sofá, ali ao lado, chorando enquanto escondia o rosto. Zayn, meu Zayn, também chorava, como um, bebê, enchendo minha cabeça de beijinhos. Naquele momento, eu senti que não eram eles que deviam me dar forças, e sim eu dar a eles.

Usei toda a minha vontade, segurando as lágrimas, tentando manter a mesma fisionomia.

- Tem solução? - perguntei.

- É raro, Luce - Dr. Balley disse. - Mas há cura, sim. Porém as sessões teriam que ser mais fortes, e em maiores quantidades. O que você acha disso?

- Quando começamos? - fiz a pergunta retórica. - Vai dar tudo certo, amor - olhei pra Zayn, que molhava meu ombro de tantas lágrimas. - Eu vou fazer dar certo.

Acolhei meu pai, minha irmã, Klhoe e Zayn num abraço em grupo, os reconfortando.

Eu precisava tentar.

Eu precisava tentar por eles.


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