4° Her stronghold

113 11 0
                                    

Recebi uma mensagem de Zayn, dizendo que estava entrando pra entrevista, e que em uma hora, mais ou menos, estaria no hospital.

Resolvi assisti-lo.

Ele, Niall, Liam, Harry e Louis sorriam, como crianças ganhando algum doce. Perguntaram sobre a turnê, sobre a América e essas coisas todas.

Zayn estava notavelmente impaciente, Liam repreendia-o com o olhar.

- Então Zayn - a entrevistadora começou - Você ainda namora Lucinda Peters?

- Sim - ele respondeu - Chame-a de Luce, ela prefere.

- Então, Luce tem feito algumas visitas ao hospital local, e desde que vocês chegaram, a quatro dias atrás, você a tem acompanhado... - ele olhou para Liam, chamando por socorro.

Em segundos, ouvi um 'bip' no meu celular. A mensagem dizia *O que ele responde? Sos*. Respondi *A verdade*.

Liam fez um gesto quase insignificante com a mão, e Zayn prosseguiu.

- Ela está com uma doença séria, e eu estou indo apóia-la. Acho importante ficar ao lado dela nesses momentos difíceis.

- Você não pode nos dizer o que é? - a mulher perguntou.

- Sinto muito, mas não acho apropriado - Zayn disse por fim. A entrevista continuou, e então, minha enfermeira, Lauren, chegou.

- Vamos Lucinda?

- Luce, por favor - pedi, me sentando numa cadeira de rodas, devido ao soro em meu braço.


Dia 29 de Julho, Londres - Inglaterra.

4:49 P.M

Sentada na maca, eu sentia tudo girar. A náusea era insuportável, insuportável a ponto de eu querer arrancar meu estomago fora. Eu fazia caretas, com June sentada na cadeira ao lado, fazendo qualquer coisa no iPad idiota.

- June...? - chamei. - Preciso vomitar - pus a mão sobre a boca, tentando segurar o vomito que insistia em vir.

- Aqui! - ela me entregou uma espécie de balde, onde eu coloquei tudo pra fora. - Força gata.

- Como vai minha garota? - Zayn entrou na sala, vindo até mim.

- Não Zayn, vai embora! - ordenei, o empurrando. - Eu to horrível, vai embora! - me escondi debaixo do lençol, pra que ele não me visse.

- Me poupe Lucinda - ele se sentou na beira da cama.

- Você é um chato, sabia? - me descobri, o olhando.

- E você me ama assim mesmo - ele riu me entregando uma flor branca.

- Obrigada - me deitei em seu peito, tentando não ter uma crise absurda de vômito de novo. Impossível. - Sai daqui, Zayn - pedi, com a respiração pesada. - Preciso vomitar, e você não precisa ver isso.

Com muito custo, ele deixou o quarto alegando que ia até lá fora, onde Louis e Eleanor esperavam pra me ver.

Dia 16 de Agosto, Londres - Inglaterra.

10:15 A.M

- Khloe? - chamei, enquanto penteava meu cabelo. - Khloe!? - ela veio do corredor assustada.

- Que foi? - perguntou, totalmente preocupada.

Olhei para o chumaço de cabelo em minha mão, sentindo as lágrimas escorrerem pela minha bochecha.

- Ta caindo, Khloe - falei, com a respiração falha. - Está mesmo caindo.

- Ah Luce - ela me abraçou de lado, sentando na cama. Era a primeira vez, desde que eu me lembre, que ela me chamava de Luce, e não de Lucinda. - Isso é o de menos, querida. Cabelo nasce de novo, certo?

- Eu to me sentindo horrível, Khloe - funguei, em meio ao choro. - Eu tô com cabelo em umas partes, outras não. - acariciei minha cabeça, sem intenção, tirando mais um pouco de cabelo.

Chorei ainda mais.

- Por que não o cortamos curto, pra que você se sinta menos estranha? - sugeriu, enxugando minha bochecha direita. Por mais que eu quisesse odiar Khloe, era nesses momentos em que eu via o quão boa ela foi pra mim, desde o inicio. Ela me criou, como se eu tivesse saído de dentro dela, enquanto a mulher que eu defendi toda a minha vida, minha mãe, fugiu sabe se lá com quem.

- Obrigada - disse, após assentir com um gesto na cabeça. - Por tudo, Khloe.

- Por nada querida. - pude vê-la chorar, mesmo que timidamente. - Vamos, você tem que se preparar. Hoje já é a terceira sessão.

- Ainda temos sete, Khloe - suspirei cansada.

- Um dia de cada vez. Mantenha a calma, Luce - ela sorriu pra mim, indo até a cantina tomar um café.


Dia 16 de Agosto, Londres - Inglaterra.

5:26 P.M

O telefone tocava, não muito longe dali. O peguei com dificuldade, devido a fraqueza na qual eu estava depois de mais uma quimioterapia.

- Lucinda? - a voz perguntou. - Luce, minha Luce?

- Sim, sou eu - respondi rouca.

- Bebê... - percebi de que a voz chorava.

- Quem é? - questionei, assustada.

- Me perdoa, por favor, me perdoa. Eu sempre amei você, sempre - disse apressada. - Eu queria poder voltar, Luce, mesmo. Eu te amo.

Senti a linha cair, ainda estática, finalmente me dando conta da presença de June ali ao lado.

- Quem era? - perguntou, sentando-se no enorme sofá.

- Era ela. - murmurei. - Era ela June!

Eu estava me sentindo uma chorona, mas mais uma vez, não consegui segurar as lágrimas.

- Ela? - minha irmã parecia confusa.

- Eu me lembro da voz, June. Era a mamãe, a mamãe!

- Co-omo assim, Luce? - vi ela tentar se controlar, mas uma lágrima caiu instantaneamente de seu olho direito.

- A mamãe. - sorri, em meio ao choro.


CancerOnde histórias criam vida. Descubra agora