Capítulo 5

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Nossa troca de olhares é interrompida por Dylan, ele desvia o olhar para a parede e depois volta a olhar para mim, desviando novamente os nossos olhares.

"Eu... V-Vou chamar o médico."

"Ok" Eu praticamente sussurro. Céus, eu acho que estou vermelha nesse momento.

Fico aguardando Dylan voltar, ele não demora muito, logo vejo ele entrar no quarto com o médico ao seu lado.

"Bom dia, senhorita Luna. Sou o Dr. Wilson" Ele falou, mostrando um sorriso sincero no rosto. Ele parecia ser muito jovem para ser médico.

"Bom dia"

"Bem, preciso que você me responda algumas perguntas, pelo que aparenta, você ainda é menor de idade e preciso que seu responsável compareça no hospital o mais rápido possível. Tem algum parente próximo, alguém responsável por você?"

Eu não queria falar sobre o meu pai, muito menos chamar ele aqui, mas eu não tinha escolha, o que poderia fazer? Absolutamente nada. Com certa dificuldade, falei.

"Sim. Tem o meu pai" Eu realmente havia dito isso, droga. Mas o que eu poderia fazer? Eu ainda sou menor, e Dylan não é meu responsável, mesmo que ele tenha pagado o hospital, o que na verdade deveria ser o mínimo que ele poderia fazer, não o envolveria mais na minha vida, ou nos meus problemas.

O médico anotou o número do meu pai e disse que logo voltaria, ele também disse que meus exames estavam prontos e que teria que conversar urgente com o meu responsável. Provavelmente seria sobre as substâncias ilegais que eu havia ingerido e fumado. Tenho absoluta certeza que elas apareceram nos exames, e merda, eu estava muito ralada. Não só por ter usado drogas e bebido, mas principalmente por ter fugido daquele jeito.

Meus pensamentos são interrompidos pela voz de Dylan ecoando pelo quarto.

"Você está bem?"

"Para quem foi atropelada, sim, eu estou bem" Falei com um sorriso de canto no rosto. De onde saiu toda essa intimidade com um estranho?

Ele sorriu. Ele tinha um sorriso adorável, parecia ser uma ótima pessoa, mas não gosto de me enganar com aparências. Principalmente com o sexo masculino. Acho que depois de tudo que passei nas mãos de Cristopher, acabei ficando traumatizada. Eu nunca estive tão próxima de algum homem a não ser o meu pai, é um coisa horrível de se dizer, mas o meu primeiro beijo foi com ele, mesmo que para mim isso não signifique nada. Eu nunca estive com um garoto na minha vida toda, por dois motivos. a) eu não me sinto preparada e b) Cristopher não deixa ninguém se aproximar de mim. Eu não tenho amigos, ele é tão obcecado que me retirou da escola quando meu corpo começou a se desenvolver e me colocou para estudar em casa, segundo ele, os garotos iriam se aproveitar da minha ingenuidade, o que é irônico vindo do meu pai, pois foi ele que retirou a minha inocência, levando a minha alma junto.

Meu corpo saltou de susto com a voz de Cristopher ecoando pelo quarto, ele estava  com uma expressão de raiva e ao mesmo tempo desapontamento.

"Eu não acredito nisso, Luna. Como você pode fazer isso comigo? Acabei de falar com o Doutor, e sabe o que ele me disse? Ele disse que você foi atropelada em frente a uma boate, e o pior, foi encontrado vários tipos de drogas em seu organismo, você poderia ter morrido de overdose, sabia? Como você acha que eu ficaria? Eu já perdi a sua mãe, não posso perder você também" Ele estava tão irritado, mas não pelos motivos que um pai estaria, se isso tudo que ele falou não fosse apenas uma encenação na frente do médico, eu me sentiria culpada por causar desgosto ao meu pai, mas é tudo mentira, ele não se importa com isso, ele só me quer para foder, ele está irritado com o fato de eu ter fugido dele ontem, também pela possibilidade de eu ter transado com qualquer outro homem na boate, um homem que não fosse ele.

Senti meus olhos arderem, eu queria tanto bater nele, eu queria fugir para um lugar longe desse monstro, um lugar onde eu possa ser feliz de verdade, mas isso não vai acontecer, o único momento onde terei paz, é quando eu morrer, e eu juro, já tentei isso tantas vezes antes, mas simplesmente não consigo, sempre tem algo que me prende aqui, só que nunca descobri o que é.

Meus olhos agora encaram a figura do homem horrível que está a minha frente, ele me olhava com tanta raiva, eu iria sofrer muito no momento que chegasse em casa. Ele se fasta de mim e caminha na direção do medico, eles começaram a conversar sobre algo, provavelmente sobre mim, meu pai demonstrava estar triste comigo para o médico, falava como se realmente se preocupasse de verdade.

Tentei afastar meus pensamentos daquele homem, logo lembrando do garoto que me atropelou ontem, arrasto o meu olhar pelo quarto, mas não o encontro. Solto um suspiro de alívio, pelo menos ele não estava aqui quando Cristopher chegou.

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Eu sei, esse capítulo é um dos piores, mas é necessário para a história. Irei postar outro capítulo ainda hoje, prometo.

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