Prólogo - Começo

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Prólogo.

(POV Melanie)

E naquela hora tudo se tornou oficial. Na televisão não passava nada mais além dos noticiários que nos aconselhava a estocar mantimentos em casa, nos trancar para ficarmos seguros, e logo a polícia tomaria o controle da situação. Em poucos dias, o exército já estava envolvido.

Depois de um tempo eles pararam de transmitir as notícias e os procedimentos indicados para tomarmos, e a única coisa que nos mantinha informados sobre o que estava acontecendo lá fora eram os gritos, as cenas de canibalismo e o exército matando aquelas coisas e ás vezes pessoas inocentes.

Ninguém entendia muito bem o que estava acontecendo. Poucos meses depois a comida havia acabado e as pessoas que sobreviveram se arriscavam lá fora e não voltavam mais. Ouvíamos gritos de tempos em tempos, mas depois tudo ficou quieto.

Meu nome é Melanie Moscovis. Nasci no Texas, mas eu e minha família nos mudamos para a Geórgia após alguns anos. Quando tudo começou eu estava terminando a minha faculdade de medicina e já estava trabalhando como estagiária num hospital no centro da cidade. Rumores de um novo vírus letal circulavam pelo campus, mas como o governo negava sempre que questionado sobre o assunto, acreditei que eram apenas isso, rumores e nada mais.

Depois de um tempo percebi que estava enganada.

Era um dia muito movimentado no hospital e eu estava cansada pelo fato de ter passado a noite em claro estudando para as provas finais que seriam na semana seguinte. O hospital estava em déficit de profissionais e aquelas pessoas precisavam de ajuda, então concordei em ficar mesmo não sendo meu turno. A todo instante pessoas machucadas e ensanguentadas entravam pelas portas, com ferimentos feios que pareciam mordidas de algum animal.

Algumas gritavam coisas insanas e havia essa mulher que estava desesperada, me contando enquanto eu a atendia que o marido dela a mordeu e comeu a própria filha viva. Ela estava com uma mordida no pescoço e a deixei deitada na maca enquanto fui buscar os materiais para limpar o ferimento.

- Hey princesinha - Noah disse tocando em meu braço - Está cheio hoje, não?

Noah era meu melhor amigo desde a barriga de nossas mães. Quando viemos para a Geórgia, nossos pais não quiseram se afastar. Então a família Larsen se mudou junto com a família Moscovis, o que para nós dois foi a melhor coisa que poderia acontecer. Estudamos juntos por toda a vida e decidimos nos formar no mesmo curso, já que tínhamos os mesmo interesses. E como a vida não para de nos surpreender, conseguimos até um estágio no mesmo hospital.

- Sim Noah - respondi dando um sorriso cansado - Me pergunto o que aconteceu com as pessoas dessa cidade.

- Você não sabe? - balancei a cabeça negativamente - O vírus é real. O governo não conseguiu esconder depois que se espalhou por todo lado. Não tem mais TV em casa? - perguntou debochando de mim.

- Estou muito preocupada com as finais, não tenho tempo para isso. Por que não ouvi sobre isso pelo campus?

- É só um vírus Melanie. Febre alta, tosse, espirros, e em alguns casos agressividade. - Ele olhava pra mim com despreocupação no rosto – Logo todos estarão bem, nada com que se preocupar. Além das finais é claro, você não é a única estudando como uma maluca pra isso.

Eu ainda não estava convencida de que todo esse caos estava sendo causado apenas por causa de um vírus passageiro. Parei o que estava fazendo e segurei firme em seu braço.

- Noah, algo não está certo aqui. Nada disso parece ter algo a ver com um simples vírus. São pessoas com ferimentos graves! - ele riu como sempre fazia quando estava sendo dramática - Não é uma piada! Estou falando sério Noah. Estou tratando uma mulher que viu sua filha ser devorada pelo próprio pai. Algumas pessoas são piores que monstros e doenças, escute o que estou falando!

A Little Piece of Hell (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora