Próximos - Parte III

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(POV Daryl)

Os sons pareciam distantes e eu não compreendia nada do que estava acontecendo. Meu peito estava em brasa e eu não conseguia mexer meu braço até ele e... Eu estava flutuando? Sim, eu estava.

Algumas horas eu conseguia distinguir vozes. Vozes conhecidas, mas eu não me lembrava de onde as conhecia. Na verdade eu não conseguia me lembrar de muita coisa. Os sons foram ficando mais distantes e a queimação em meu peito foi diminuindo, junto com o resto de consciência que eu ainda tinha.

Alguns sons voltavam, mas eu não sabia quanto tempo havia se passado. Era difícil manter a consciência, e meu peito estava me matando mais uma vez. Ah! É mesmo... Eu havia sido baleado, por isso doía tanto. O mundo estava cheio de mortos vivos querendo nos matar, e eu estava morrendo por causa de um tiro.

Seria melhor desistir logo. Sem mais preocupações com os walkers, com pessoas querendo nos matar, com suprimentos ou algo do tipo. Vamos lá Daryl, não precisa mais lutar tanto assim. Ninguém vai te salvar.

– Você prometeu que me contaria algo importante se chegasse...

Uma voz interrompeu meus pensamentos confusos. Uma voz que eu conhecia, e sabia de onde. Sabia a quem ela pertencia. Melanie estava ali comigo,

– Você chegou. Fique comigo e cumpra a sua promessa para que eu também cumpra a minha. Não me abandone, eu... Eu preciso de você!

Sua voz ecoa na minha cabeça, fazendo meu coração bater mais forte. Eu havia feito uma promessa e tinha de cumpri-la.

"Eu estou aqui! Não vou te abandonar, nunca!"

Minha voz não se propaga da minha garganta. Não tenho controle sobre o meu corpo e não consigo abrir os olhos. Talvez eu esteja delirando. Ou talvez seja só um sonho maluco. Mas de qualquer forma pude sentir a dor que as palavras de Melanie carregavam.

Mais uma vez, a inconsciência me engole totalmente.

.

(POV Melanie)

Eu e Hershel trabalhamos no processo de retirar a bala do peito de Daryl, o que não foi uma tarefa fácil, principalmente para mim. No momento do impacto, a bala se dividiu em diversos pedaços, alguns mais fundos, o que complicava ainda mais a situação de Daryl.

– Já fiz um processo igual a este - Hershel dizia na tentativa de me acalmar. - Um homem chegou em minha fazenda carregando um garotindo desfalecido. O desespero tomava conta de seus olhos, implorando por ajuda. Era o filho morrendo em seus braços. Um dos meus o atingiu sem querer e sua situação era pior do que a de Daryl.

Hershel se calou, me ajudando a alcançar o último estilhaço da bala e a estancar o sangramento. Daryl estava mais pálido do que quando retornou à prisão, devido a grande quantidade de sangue que havia perdido. Eu esperava que Hershel continuasse a história, mas ele ficou calado.

– E o que aconteceu com o garoto? - perguntei num fio de voz, já perdendo a esperança em Daryl.

– Porque você não pergunta para ele? - ele perguntou retoricamente com um sorriso no rosto. - Pergunte para o Carl como ele se sente hoje.

O olhei sem entender por um segundo. Logo depois a ficha caiu, levando junto consigo o peso que estava em meus ombros e levantando uma poeira de esperança. Voltei meu olhar para Daryl. Seu rosto estava sereno e calmo apesar de sua situação.

– Ele perdeu muito sangue - falei me apressando em fechar a ferida. - Temos que correr com isso e evitar mais perdas.

– EU QUERO VER O MEU IRMÃO! - pude ouvir a voz de Merle do lado de fora do bloco das celas. - SAIA DA FRENTE, SEU MARICA!

A Little Piece of Hell (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora