Michonne

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(POV Daryl)

Oscar, Carl e eu fomos limpar os níveis superiores. Havia muitos errantes, mas nada com que não dessemos conta. Continuamos andando e encontramos uma porta de ferro barrada com o corpo de um walker. Parecia que havia mais um ali dentro. Oscar leu minha mente e comentou sobre a mesma.

- Olhe só, cara - ele disse apontando a lanterna para a porta - Acho que não vimos ontem à noite.

- Provavelmente há só um ou dois deles - eu comentei, pensando que a força de um ou dois não seria suficiente para abrir a porta, e com certeza ela não ia segurá-los se houvesse mais deles ali dentro - Não parece que resistiram muito - falei enquanto empurrava levemente a porta. Olhei para Carl e logo fiquei preocupado - Eles não vão a lugar nenhum. Nós os pegaremos na volta.
Fui até onde ele estava, olhando fixamente para o chão. Assobiei para chamar sua atenção, e ele olhou para mim.

- Vamos - eu queria poder fazer algo para ele melhorar. Sei que perder uma mãe é muito difícil, eu mesmo já tinha passado por isso e sabia como era - Sabe, minha mãe... Ela gostava de vinho - comecei a contar a minha história, ou parte dela. - E de fumar na cama. Virginia Slims - eu disse lembrando da marca que ela adorava enquanto eu continuava a busca por errantes - Estava brincando com as crianças da vizinhança. Eu podia, quando Merle não estava. Eles tinham bicicletas, eu não. Ouvimos sirenes se aproximando. Eles pularam nas bicicletas e foram atrás, esperando ver algo que valesse a pena.

Eu podia lembrar de tudo claramente, como se tivesse acontecido há pouquíssimo tempo. Mas eu estava me obrigando a não sentir nada. Eu havia feito uma promessa, um acordo comigo mesmo. Mais um. Não deixaria as emoções me atrapalharem. E eu as tranquei tão fundo, que ninguém seria capaz de trazê-las de volta. Nem mesmo eu.

Queria que Carl se sentisse melhor, mas eu ainda tinha de me manter atento à qualquer movimento e barulho. Continuei contando a minha história.

- Eu corri atrás deles, mas não consegui acompanhá-los. Eu virei a esquina e... Vi meus amigos olhando para mim. Vi todo mundo olhando para mim. Caminhões de bombeiro por toda parte. Pessoas da vizinhança... Eles estavam lá pela minha casa. Era minha mãe na cama, queimada até virar cinzas. Essa foi a parte difícil, sabe? Ela tinha sumido. Foi apagada. Não sobrou nada dela.

Ele não falava nada, apenas continuava caminhando ao meu lado, olhando para o chão. Eu não sabia se estava ajudando em algo, mas eu tinha que tentar.

- As pessoas disseram que tinha sido melhor desse jeito - eu ri com desdém - Não sei. Para mim não parecia real, sabe?

- Eu atirei na minha mãe - ele disse olhando para mim. O encarei sem saber o que dizer - Ela tinha morrido. Não havia se transformado ainda. Eu acabei com isso, coloquei o ponto final... Foi real. - Carl me encarou. Não consegui sustentar o olhar e olhei para baixo - Sinto pela sua mãe - ele falou encarando o chão.

Olhei para o garoto novamente e o encarei esperando que olhasse para mim, e assim o fez.

- E eu pela sua - eu respondi com sinceridade. Coloquei a mão em seu ombro como sinal de apoio e comecei a andar - Vamos.

Estávamos passando pelas celas, procurando por errantes e por alguma coisa que pudéssemos usar para a sobrevivência do grupo, ou até como conforto ou interesse pessoal, como no caso de Oscar. Ele entrou numa das celas abertas sem nenhuma cerimônia.

- É disso que estou falando!

Eu e Carl nos viramos e fomos até o seu encontro.

- Isso, amigão! - ele disse enquanto se abaixava e pegava um par de chinelos.

A Little Piece of Hell (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora