Imã

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(POV Daryl)

Corri para a cela de Melanie para avisá-la que estava tudo bem mas antes mesmo de terminar de subir as escadas eu ouvi grunhidos vindos da minha própria cela. Minha respiração parou por um instante. Se havia algum errante ali Melanie estava em perigo, isso se não já estivesse... Não! Afastei aquele pensamento e corri para minha cela com a faca em mãos.

Ao entrar na cela nada mais vi do que Melanie sentada no chão, encolhida com a cabeça apoiada nos joelhos e arranhando os braços. Seu choro estava baixo, mas não era imperceptível para mim. Larguei a besta que estava em minhas costas e a faca no chão, correndo até Melanie. Me ajoelhei em sua frente e segurei seus braços com força, impedindo que continuasse a se ferir. A princípio ela puxava os braços e se debatia gritando.

- Não me toque! - ela gritava. - Deixe-me ir, por favor!

Ela tinha muita força para uma nanica, e eu estava usando quase toda a minha para mantê-la parada.

- Melanie! - eu gritava mais alto. - Melanie me escuta! Para com isso, para! Sou eu, Daryl!

- Me larga! Não encoste mais nenhum dedo em mim! - ela ainda gritava e se debatia, deixando as lágrimas correrem pelo rosto.

Puxei os seus braços com força para baixo e mais perto, os soltando logo depois e segurando o seu rosto, forçando-a a olhar para mim. Seus olhos estavam vermelhos e perdidos mas logo se acalmaram. Afrouxei minhas mãos que seguravam o seu rosto, mas sem deixá-lo ir. Fiquei ali ajoelhado e encarando-a, recebendo seu olhar de volta.

- Está tudo bem, sou eu! - sussurrei.

Seus olhos pareciam duas esmeraldas lapidadas. Seu brilho me atraía e me hipnotizava. Mesmo cheios de lágrimas ainda pareciam perfeitos para mim, embora doesse vê-la assim. Seu nariz era fino e arrebitado. Suas bochechas vermelhas e com sardas estavam marcadas pelas lágrimas. Meu olhar caiu para seus lábios. Eles tinham um lindo e delicado formato, o qual qualquer pessoa invejaria. Não eram grossos mas também não eram finos, tinham o tamanho perfeito.

Sua boca estava entreaberta e sua respiração estava acelerada, logo a minha acompanhava o seu ritmo. Eu ainda segurava seu rosto, e sua visão estava presa em mim. Sequei as lágrimas com meus dedos e visualizei o seu rosto por inteiro. Seus olhos acompanhavam minhas ações, mas ela não falava nada.

E como se ela fosse um imã, senti meu corpo se inclinando para frente, chegando mais perto e sentindo o calor do seu corpo. Eu não conseguia parar de olhar em seus olhos e levei uma de minhas mãos até sua nuca. Meus dedos se perderam em seus cabelos de fogo, e com uma lentidão enorme senti meu corpo indo mais para frente.

Minha outra mão desceu até seu ombro. Sua pele era macia e parecia fazer carícias em mim, era uma sensação que acalmava todo o meu corpo, mas ainda assim era eletrizante. Tive uma imensa vontade de tocá-la ainda mais, sentir toda a sua pele. Minha mão passou por todo o seu braço, e inexplicavelmente fiquei tenso.

Melanie tremeu e se encolheu, apertando os olhos e deixando uma lágrima escapar. Me afastei subitamente e entendi. Eu estava fazendo ela se lembrar do que houve na sala com o Governador. Puxei-a para mim, abraçando-a em seguida.

- Me desculpe - pedi acariciando seus cabelos.

Ela se aninhou em meu ombro e eu apoiei o queixo em sua cabeça, pensando no quão idiota eu havia sido. A garota tinha acabado de passar por um trauma e lá estava eu, a lembrando de tudo. Além disso, o que eu estava pensando ao me aproximar daquele jeito? Eu não entendia o que acontecia comigo quando eu ficava perto dela.

A Little Piece of Hell (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora