Convidados

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O restante da noite foi tranquila, ficamos mais algum tempo olhando a noite estrelada e logo depois voltamos para a mansão.

Dois dias se passaram, Bernard andava agitado fazendo os preparativos para uma festa em que o clã romeno estaria presente, bom pelo menos uma parte do clã, o filho de Ahmar, Afanasi era amigo de Bernard e queria visita-lo. Mas segundo as ordens de Skandar, Bernard deveria manter-me escondida dos outros clãs. Eles não queriam me revelar ainda aos romenos, Skandar não confiava plenamente em Ahmar.

Bernard bem tentava mostrar-me o quanto isso era simples. Enganar os romenos? Rá, mamão com açúcar! Mas eu percebia o quanto isso o deixava nervoso.

- Você não sairá deste quarto entendido? – Ele perguntou quando estava quase na hora dos romenos chegarem.

- Não se preocupe, não vou sair. – Falei revirando meus olhos, era a milésima vez que respondia sua pergunta.

Bernard comprimiu seus olhos para mim, cruzando os braços deixando os músculos à mostra, mesmo por baixo da camisa de seda lápis lazuli.

- Você está revirando os olhos para mim? – Ele perguntou vagarosamente.

- Estou sim, o que tem isso? – Respondi com outra questão, sem dar atenção a sua expressão.

- "Tem" que eu não gosto dessa atitude. – Bernard deu um passo em minha direção eliminando qualquer espaço entre nós.

Eu estava com a cabeça erguida olhando para o rosto dele enquanto meus pensamentos voavam para a lembrança do beijo desenfreado à dias atrás. De repente todas as sensações estavam presentes em meu corpo novamente. A cada mínimo detalhe recordado pelo cérebro, meu estômago revirava como se eu estivesse em uma montanha russa. O maldito tambor estava lá ressoando a trilha sonora da minha vida.

Queria tanto poder sentir a amacies de seu cabelo entre meus dedos, queria sentir a eletricidade de sua pele na minha novamente.

Era estranho, mas eu podia ver o fogo liquido refletido naqueles olhos verde jade.

Fui obrigada a virar o rosto antes que nos atacássemos feitos dois tigres famintos. Se eu me desse ao luxo de meus desejos, eu não iria parar, não teria forças. Me arrependeria e me martirizaria para o resto de minha vida.

- Não me importa se você não gosta. Tem agido de forma idiota. Parece uma babá, já falei, não sairei. – Eu estava com os braços cruzados fitando o chão.

A mão dele estava então no meu queixo erguendo-o até que estivessem encarando um ao outro.

- Só quero ter certeza que nada irá acontecer à você. – Ele não se importara com o que eu dissera, estava com uma expressão tranquila.

Não, NÃO! Ele estava fazendo as coisas serem mais difíceis. Porque ele não volta a ser aquele cara otário, orgulhoso e arrogante? Iria ser mais fácil chuta-lo. Eu não conseguiria lidar com o novo Bernard.

Então me afastei, enquanto eu estava aqui tendo lapsos de romance vaga-bundo, Casper estava estacado em um caixão. Meu Casper que estava lá por culpa minha.

- Ok, obrigada Bernard. Agora preciso me arrumar para dormir, estou cansada, sabe? – Dei três passos para trás, uma distância confiável.

- Ah, está bem... Então até depois. – Pelo tom da voz dele, percebia-se o desapontamento. Mas eu não poderia olhar para seu rosto, se olhasse ficaria arrependida de tê-lo dispensado e correria para abraça-lo. Então dei as costas à ele e caminhei até o closet. Após ter escolhido uma roupa de dormir, retornei ao quarto, estava vazio.

Tentei dormir, mas a única coisa que conseguia era virar de um lado para o outro na cama.

Levantei-me e coloquei um roupão por cima da camisola perolada. Fui até a janela. A neblina dominava a noite, brisas suaves se estendiam sobre as árvores, entre a névoa, pude ver a imensa lua redonda como uma fruta, sua luz invadia a janela do quarto iluminando-o parcialmente.

Blood and Moon - A PredestinadaOnde histórias criam vida. Descubra agora