The Bird boy

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Sete meses antes.

Thomas estava a beira do lago que ficava perto de sua casa. O sol batia em seu rosto o fazendo semicerrar os olhos. A brisa leve soprava em seu rosto tornando o clima agradável. Thomas observava tudo a sua volta. Os grandes pinheiros distantes que se estendiam aos céus enfeitando o outro lado do lago. O movimento nas águas. As borboletas ziguezagueando em volta dos lírios. E seus preferidos. Os pássaros nas alturas. Eles eram livres. Thomas fechou os olhos e abriu os braços. Sentiu a brisa suave tocar lhe o rosto e imaginou se voando. O céu seria o limite. Nada o impediria de encontrar seu destino. Nada o impediria de ser feliz.

Thomas estava cheio de sua vida. Embora estivesse longe de ser, se sentia como um escravo. Todo aquele trabalho. Todas aquelas cobranças. Irritava lhe o fato de ter que trabalhar duro apenas para encher a barriga do rei. Mas de certa forma agradecia a Deus por estar protegido atrás daqueles muros que cercavam seu povoado. Longe dos ataques bárbaros. A guerra era outra coisa que ele não entendia. Não conseguia entender o por que de tanta sede pelo poder. Para ele a vida poderia ser mais simples, sem guerras, sem senhores feudais e sem todas aquelas regras idiotas.

As lembranças da infância lhe veio a mente. Apesar de não ter sido o melhor momento da sua vida, tudo era mais fácil. Ajudava seu pai nas tarefas e depois podia correr livre pela floresta. Ou ainda tentar fisgar um peixe no lago. Thomas se sentia orgulhoso quando seu trabalho era bem sucedido e ele levava o jantar para casa. Embora nunca tivesse passado fome a comida em sua casa não era farta. Sempre na medida certa. Nenhum pouco a mais nem a menos. E isso era o que ele odiava naquela cidade. Sempre vira seus pais trabalhando muito pra conseguir sobreviver e ainda assim viviam à beira da miséria. Se ao menos tivesse nascido nobre. Todo aquele esforço seria poupado. Mas Thomas sentia orgulho de seus pais, pra ele, eles eram sua verdadeira realeza.

O loiro a beira do lago se levantou e fitou o infinito a sua frente. O lago se estendia sobre ele. trazendo apenas a lembrança de o quão grande o mundo era. Dando lhe a esperança de que a vida podia ser melhor em algum lugar além dos muros. Um lugar onde sua família pudesse viver em paz, sem ter que trabalhar muito, sem impostos e ainda melhor, um lugar seguro da guerra. Mas era claro que isso era impossível. Mesmo com todo o dinheiro que tinha, até o rei estava sujeito a enfrentar a calamidade dos bárbaros. Isso fez ele se entristecer, não havia outro jeito, Thomas tiraria sua vida. Não foi algo momentâneo, ele ponderou essa ideia por sua mente durante o ano todo. Sua mãe derramaria um rio de lágrimas, a família toda sofreria pela perda, mas logo seguiriam em frente. Com menos uma boca pra sustentar, isso lhe dariam mais o que comer. Thomas esticou os braços novamente e esperou por outro sopro suave dos ventos. O cheiro dos pinheiros entraram em suas narinas e ele se sentiu leve, Thomas se atirou no lago. Deixou seu corpo ser tragado pelas profundezas das águas. Ele devia estar desesperado, mas não. Ele se sentia aliviado, finalmente poria um fim aquela vida estagnada a qual fora condenado. Com os olhos abertos ele observava tudo lá em cima se tornar um borrão, distante e cada vez mais escuro.

Havia algo com que Thomas não contava. Enquanto estava apenas preocupado com seus própios pensamentos, não vira o outro jovem que se aproximava dele. Um menino com belos trajes, montado a cavalo. Seus cabelos eram ligeiramente bem penteados e os olhos penetrantes. O garoto ficou intrigado com a imagem do menino à beira do lago com os braços estendidos, como um pássaro pronto a enfrentar outra rajada de vento, pronto para sobrevoar todo o caos sob suas asas. Por longos segundos aquela visão lhe arrancou pequenos sorrisos. O que será que pensava aquele menino? Ele considerava mesmo a ideia de bater os braços e sair voando? Passaram se cinco minutos e agora o menino com cabelos loiros estava em pé, mas suas asas ainda se estendiam. O rapaz imaginou o que se passava em sua mente e se aprontou. Desceu do cavalo e aguardou que sua teoria se concretizasse, e assim foi, o menino pássaro se atirou no lago.

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