I'm done.

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Scarlett Munroe POV

- MAS QUE CARALHO MÃE, VOCÊ NÃO ENTENDE? NÃO VE A IMPORTÂNCIA DISSO PRA MIM? EU DEDICO MINHA VIDA À ESSE MENINO, TUDO QUE EU TO TE PEDINDO É PRA VOCÊ DEIXAR EU IR NA PORRA DO SHOW, VOCÊ NAO PRECISA NEM GASTAR SEU PRECIOSO TEMPO ME LEVANDO, EU ME VIRO E VOU SOZINHA!!! – eu estava berrando, aos prantos, gritava como se fosse minha última chance de ser ouvida, o que na verdade, era.

- Cala a boca, garota. Eu já disse que não, já te disse que isso é besteira e você tá disperdiçando seu tempo e sua voz gritando comigo desse jeito. Já fiz minha escolha e você não vai. – ela agia de forma tão natural ao falar comigo, era como se não tivesse uma garota desesperada gritando horrorres bem à sua frente. – Entenda de uma vez por todas que todo esse alvoroço é uma fase. Logo, quando isso passar de vez, você vai me agradecer por ter poupado seu tempo com essas celebridades que não dão a mínima para os fãs.

- Fase? Engraçado isso que você chama de fase... – ri com deboche. – Acho que uma fase não duraria tantos anos. Não tenho um pingo de culpa se você nunca provou do que é ter alguém a quem se espelhar e inspirar. E ah... – acrescentei: – Eu te odeio. – foi tudo o que eu consegui dizer antes de virar as costas e ir em direção ao meu quarto me trancar lá pelo resto do dia, ou semana. Veríamos.

Éramos apenas eu e minha mãe vivendo em um enorme apartamento de luxo. Meu pai morreu antes mesmo que eu pudesse ve-lô ao vivo e em cores e, desde então, tento manter um convívio estável com minha mãe. A verdade é que nós nunca demos certo, ela nunca foi o tipo de mãe coruja que se preocupou comigo, ela pagou uma babá pra cuidar de mim até eu atingir uma idade em que eu pudesse me virar sozinha sem gastar o precioso dinheiro dela com alguém cumprido o papel que deveria ser dela. Ela é jovem, ficou grávida com seus 17 anos de idade. Tenho convicção de que eu fui uma gravidez indesejada, por isso somos o que somos desde então. Ela é uma famosa empresária de Nova Iorque, mal tem tempo pra ficar em casa, e bom, quando ela está aqui, nós brigamos como cão e gato sem parar um segundo.

Tudo que eu queria era uma recompensa por passar 4 anos da minha vida dedicando-os a ele, Justin Bieber. Meu ídolo e a razão pela qual eu ainda não desisti de tudo. Dinheiro com certeza não é o problema para minha mãe, o problema é o apoio que eu obviamente não tenho. Nossas brigas são cada vez mais frequentes, e piores. Às vezes por motivos tão banais, que eu me pergunto como é possível uma relação tão frágil e às margens de discussões como a nossa. Cada vez eu sinto mais vontade de ir embora e largar tudo pra trás, mas eu não consigo e não sei exatamente por quê.

Eu tenho uma amiga, minha única amiga, para ser mais específica. Seu nome é Marie e nós estudamos juntas no Backstreet High School. Eu a considerado a única pessoa no mundo que me entende de verdade e me ajuda a lidar com todos meus problemas dentro de casa, se eu a perder, eu fico completamente sozinha.

Após entrar no quarto, bater a porta com muita força, para que todos os vizinhos ouvissem, me sentei na cama e fui fazer o que eu faço todos os dias, 24 horas por dia: cuidar do meu fã clube. É, tanta gente considera essas coisas de fã clube imaturas e desnecessárias, mas pra mim, e outras milhares de garotas como eu, é a única maneira de ficar próxima do meu ídolo. É lá que eu esqueço os problemas, é lá que me divirto e consigo encontrar pessoas com quem me identificar e partilhar dos mesmo sentimentos pela mesma pessoa. Beliebers são uma fã-base forte, que apesar de algumas divergências, unidas provam para o mundo o quanto Justin é alguém que vale a pena.

Não tinha nada de bom acontecendo lá, pra falar a verdade, estava insuportável ficar naquele Twitter e ver tantas garotas falando que iriam realizar seus sonhos em breve, e eu com uma cara de tacho só olhando com vontade de estar no lugar delas. O Justin não estava online ainda, ele não tem entrado muito, ele mudou pra caramba. Ele parece triste e todo o fandom tem tentado ajudar, mas ele nunca responde ninguém, e antes, ele fazia isso com tanta frequência. Ele está mal e isso acaba me afetando. Eu faria qualquer coisa pra poder abraçar ele e dizer que "everythings gonna be alright". Mas é claro que eu não posso com a mãe que eu tenho. Ótimo, lembrei da merda do show e voltei a chorar compulsivamente. Me levantei da cama e abri a porta com certo receio de dar de cara com minha mãe. Fui até a cozinha pra pegar um copo de água, quando eu escutei ela falando no telefone na varanda.

- Você acredita nisso Suzan? Ela está completamente sem limites, sem rédeas. Ela age como se esse menino fosse a coisa mais importante da vida dela, e ainda quer passar por cima de mim. – ela estava falando de mim, ótimo, faço questão de ouvir cada palavra. – Eu sei. – continuou. – Sei que ela é adolescente e hoje em dia essas jovens tem essas besteiras. – besteiras? certo. – Não, eu não gritei com ela dessa vez, mas eu já tomei minha decisão.

Decisão? Do que essa mulher tá falando? Ela ficou em silêncio por alguns segundos. E voltou a falar:

- Sim amiga, dói em mim ter que fazer isso, – falsa – mas é certeza que vou mandar ela pra um internato, longe de todas essas coisas, pra ver se ela para com esses dramas e escândalos.

O que? Internato? A velha pirou de vez? Saí de onde estava e fui até ela, me coloquei bem a sua frente, meu coração tinha parado, mas eu ia falar umas poucas e boas pra ela. E dessa vez, ia tomar uma atitude.


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