Durante toda a tarde nós passamos vendo filmes – de terror mais especificamente –, tenho certeza de que Justin escolheu eles com o intuito de me assustar. O mais engraçado de tudo foi que o jogo virou e ele ficou mais assustado que eu, então eu me diverti bastante.
Eu não fazia ideia do que faria quando a realidade caísse sobre nossas costas, logo as coisas não seriam tão simples assim e tudo o que eu queria era não ter nada com o que me preocupar. Mas infelizmente contos de fadas só estão na literatura.
Estávamos sentados naquela cama exageradamente grande e Justin tinha colocado a TV bem na frente dela com a ajuda de uma mesinha móvel. Depois de muitos filmes que não me assustaram nem um pouco e me fizeram rir de Justin até sentir dores abdominais, nós resolvemos dar uma pausa.
- Até parece que você tava vendo um filme de comédia, não de terror. – ele não se conformava com seus planos em me deixar com medo terem dado errado.
- Acho que você é a menina da nossa relação. – eu ria da sua indignação. – Não vi nada de assustador naqueles filmes, mas aparentemente você viu.
- Nós temos uma relação? – ele arqueou a sobrancelha e sorriu de canto.
- Uma relação pouco estável, sabe? Cão e gato, etc.
- Eu acho que não é bem assim. – ele continuava sorrindo. Nós estavamos bem próximos e escorados na cabeceira da cama. Ele estava virado pra mim olhando nos meus olhos.
- Então você tá achando errado.
- Não mesmo. – ele começou a aproximar seu rosto do meu e eu tinha que fazer alguma coisa. Senti minhas mãos tremerem. Meu sangue provavelmente havia parado de circular.
- É... Quando você volta a fazer shows? – mudei completamente o assunto e me afastei dele. Eu já sabia a resposta para a minha pergunta, mas não ia permitir aquilo. Não ia.
- Em uma semana, e o primeiro será aqui em Nova Iorque. – ele percebeu o afastamento e soou um pouco decepcionado.
- Sim, eu sei disso. E depois? – fiz a pergunta que tanto temia. O que seria de nós quando ele tivesse que viajar?
- A tour vai ser por aqui nos EUA mesmo. Você vai amar a Califórnia, – ele se empolgou instantaneamente – mal posso esperar pra te levar pra lá.
- Opa. Vai com calma, querido. Quem disse que eu vou com você? – disse na defensiva. Eu já esperava essa discussão, mas ainda assim não estava preparada para tê-la.
- Você já vai ter voltado pra casa? – ele ergueu a sobrancelha.
- Não, mas eu não posso ir com você. – disse baixo.
- Por quê?
- Por que, Justin? – aumentei o tom e me sentei na cama – Eu tenho que acordar. Isso não é minha realidade e eu não posso sonhar alto demais, não posso me permitir sentir alguma coisa pra depois ser trocada. Isso já aconteceu comigo e eu jurei que nunca mais aconteceria. Eu não posso ser fraca considerando tudo que já acontece na minha vida.
- Você não é fraca, Scar. Olha tudo que você passa e já passou. – ele também se sentou e me encarava sério. – Só que essa sua casca de durona não me engana. Eu sei que eu mal te conheço, mas você está negando algo que quer muito. Eu não faço ideia do porquê, só que você não pode continuar com isso.
- Eu só não quero me machucar. Você não sabe o quanto é horrível ter que lidar com tudo sozinha. E... Eu só queria uma chance de ser feliz, sem ter medo de tudo desabar a qualquer momento. – desabafei.
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Wicked Game
Fanfiction"Eu sempre achei que o amor seria mais fácil se fosse famoso, mas na verdade, ele se torna mais difícil." Antiga "Raincoats" no socialspirit, ela ainda está lá enquanto eu reposto e a corrijo aqui. Logo a história vai estar completa e eu vou continu...