What am I doing?

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Minhas mãos tremiam, eu sentia meu coração palpitar. Aquele era meu limite de tudo. Eu estava parada na frente da minha mãe, quando ela me notou, deu um pulo, e desligou o celular. Ela parecia chocada, acho que ela não queria que eu soubesse das "novas". Pois bem, eu ouvi tudinho, e estava ali pra tirar aquilo a limpo.

- O. Que. Você. Disse? – falei pausadamente, tentando não deixar meu desespero transparecer. – Internato? Essa é a desculpa pra se livrar de mim?

- Querida você não entendeu...

- Querida é o caralho! – a interrompi. – E sim, eu entendi muito bem. Mas escuta aqui, eu não vou pra porra nenhuma de internato. Você quer me tirar a única felicidade que me resta, e eu não vou te dar esse prazer. – disse ríspida, meu sangue fervia, meus punhos estavam cerrados e eu sentia a circulação das minhas mãos parar aos poucos.

- Olha Scarlett, a decisão não é sua. Você ainda é menor de idade e eu ainda tenho poder sobre você. Eu estou fazendo isso pelo seu bem.

- PELO MEU BEM? – gritei perplexa. – VOCÊ TÁ FAZENDO ISSO PELO SEU BEM, PORQUE É ISSO QUE VOCÊ FAZ, VOCÊ SÓ FAZ AS COISAS QUE TE INTERESSAM. EU TO CANSADA MÃE, SE É QUE EU POSSO TE CHAMAR ASSIM, PORQUE VOCÊ NEM AO MENOS AGE COMO MINHA MÃE. EU NÃO VOU PRA ESSE CARALHO, VOCÊ NÃO PODE ME OBRIGAR. VOCÊ DEIXOU DE TER ESSE DIREITO QUANDO PASSOU A ME DEIXAR SOZINHA NESSE APARTAMENTO COM UMA BABÁ ATÉ EU COMPLETAR 12 ANOS, E AINDA ASSIM, DEPOIS DISSO EU PASSEI A FICAR COMPLETAMENTE SOZINHA, TENDO QUE COMER UM MONTE DE BESTEIRA, E IR PRA ESCOLA DE ONIBUS, VOCÊ NUNCA SE PREOCUPOU COMIGO, EU TIVE QUE ME VIRAR A VIDA TODA, E NÃO VAI SER AGORA QUE VOCÊ VAI DAR UMA DE MAMÃE PREOCUPADA E TOMAR ALGUMA DECISÃO POR MIM!!! – eu já estava aos prantos, sentia minha voz falhar, eu gritei tanto que estava ficando sem voz.

Ela não falou nada, ficou me encarando e eu fiquei esperando alguma resposta, mas não obtive, então eu finalizei:

- Um dia você vai sentir minha falta, e falta de não ter sido uma mãe presente na minha vida, eu sei que você não queria engravidar de mim, e eu sinto muito, mas eu não tenho culpa e você me trata como se eu tivesse. Eu te amo apesar de tudo, mas acho que já deu né?

- Scarlett, o que você quer dizer com isso? – ela disse, e eu vi uma mísera lágrima escorrer do olho dela. Não respondi e fui para o meu quarto me trancar lá como sempre faço.

Ela não veio atrás, talvez eu esteja certa e ela não se importe mesmo. O que eu fiz? Fiz o que eu sempre faço, com certeza a maior estupidez, mas ainda assim, recorri àquela saída. Entrei no banheiro e tranquei a porta, não sei porque, sendo que a porta do meu quarto já estava trancada. Me sentei na beirada da banheira e já estava com aquela maldita lâmina em mãos, meus olhos ardiam devido as lágrimas, e eu comecei a pensar em tudo. Eu nunca tive uma chance para ser feliz, nunca tive uma mãe que me amasse, ou um pai pra me abraçar quando eu tivesse mal. Nunca tive muitas amigas, nunca pude fazer o que eu queria. Mal sabia explicar o quanto minha infância e adolescência fizeram com que eu me tornasse uma menina frustrada.  A cada pensamento, mais lágrimas. Foi aí que eu tomei coragem, puxei a manga da blusa, encarei aquele braço cheio de cicatrizes já formadas, e desenhei mais algumas linhas horizontais fazendo com que o sangue escorresse pelo meu pulso. Não, não doía, não mais do que toda a dor emocional que eu sentia. E era assim que eu me livrava de todos os meus problemas, ou pelo menos eu pensava que me livrava, porque eles continuaram ali.

Eu estava tonta e fraca por causa do sangue que perdi, então decidi parar, até porque sou covarde demais pra tentar tirar minha própria vida. Abri a torneira para encher a banheira e me submergi lá, fazendo com que o sangue do meu braço estancasse. Fiquei ali por uma longa hora, tentando organizar meus pensamentos para não agir ilogicamente. Quando sai dali, com o rosto inchado, coloquei um moletom qualquer, e fui esperar pra daqui algumas horas fazer o que planejava em mente.

Justin Bieber POV

- Porra, Lil! De novo não. – gritei com aquela desgraça, Lil Twist havia entrado no quarto com um saquinho com algumas folhinhas verdes dentro, e um sorriso malicioso. Eu não posso mais fumar, só que meu cérebro não responde mais aos meus comandos. Não quando eu me encontrava em um estado de espírito como o que andava tendo ultimamente. – Cara, você sabe que eu quero parar e que essa merda só faz mal pra mim, mas continua insistindo em trazer isso pra cá. – tentava agir com bom senso.

Larguei o video game de lado pra falar com ele. Na verdade eu já estava cansado de jogar, cansado dessa rotina, sem poder sair daqueles quartos de hotel sem acontecer uma perseguição.

- Calma dude, essa é fraquinha, tu não vai passar mal com ela. – ele argumentou como se aquilo fosse um pacotinho de doces e que fosse completamente normal se nós consumissemos.

- Mas Lil, cê sabe que eu não posso... – Procurava um pingo de compreensão em sua feição, mas tudo o que via era a expressão de vitória. Ele sabia que eu cederia.

Ele ficou me olhando com uma cara de cachorro pidão, e bom, eu já falei que não tenho mais controle sobre mim mesmo, então eu aceitei. Lil deu um gritinho "Yay!!!" e então nós nos sentamos ali no chão mesmo e começamos a fumar aquelas ervas.

- Tô falando que é fraquinha cara, cê nem ficou chapado ainda. – ele disse risonho e eu sorri de canto, já sentindo uma outra atmosfera ao meu redor. – Mas ein, sabe quem eu vi hoje? – ele me perguntou com uma cara que eu não soube distinguir direito, parecia malicioso.

- Quem? – perguntei entediado.

- A Selena – ele disse e em um pulo eu comecei a prestar atenção no que normalmente seria baboseira, vindo dele... – Ela estava em reunião com alguns dos caras que já trabalharam com você na composição do Believe. – ele riu provavelmente da cara que eu fazia. Eu sabia que ele só falava dela para me deixar confuso.

- E-E ela perguntou alguma coisa sobre mim? – disse gaguejando. Droga, Justin tenta não demonstrar tanto assim.

- Não bro, ela nem me cumprimentou. Você sabe que ela não é muito fã minha. – ele ria.

- Difícil alguém gostar de você... – disse baixo entredentes e ele não ouviu.

- Mano, ela tá uma gostosa né? – ele riu e eu o encarei com raiva – Qual foi? To falando a verdade.

- Não to afim de falar nisso, vê se tem como você ser menos cuzão. – disse tragando o fim do meu quarto cigarro e já preparando o próximo.

Lil não falou nada e ficamos em silêncio por alguns minutos. Logo o efeito começou a surtir sobre mim e iniciamos outro assunto.

- O que que cê acha da gente ir lá naquela boate rapidinho ein? – ele disse embaralhando um pouco as palavras.

- Quer saber? – eu disse não muito diferente dele. – Só se for agora.

- Até que enfim você abriu mão de ser um cu. – ele disse comemorando.

Me levantei pra pegar as chaves do carro, ele se levantou logo em seguida, e nós caminhamos em direção ao estacionamento para irmos direto àquela boate. Eu não estava respondendo pelos meus atos, mas meu consciente tentava me avisar que eu faria merda. Só que naquele momento eu não ligava.

Wicked GameOnde histórias criam vida. Descubra agora