Capítulo (10)

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Na manhã seguinte arrumei minhas coisas. Considerando o fato que não tenho muitos pertences, foi algo bem rápido.

Meu pai ainda estava emburrado comigo, ele as vezes é muito cabeça dura. Espero que com o tempo compreenda que o que estou fazendo é para o bem de nossa família.

Conversei com dona Zélia, nossa vizinha. Acho que ela tem uma quedinha por meu velho, e me prometeu que irá cuidar de minhas duas preciosidades com muita dedicação. Isso me deixa bem mais tranquila.

No meio da tarde o telefone tocou.

- Alô? - Atendi me sentando no sofá.

- Bela? Sou eu, Fernando. Como você está princesa? - A voz de meu amigo aqueceu meu coração. Me sinto mal por ter saído do restaurante sem nem ao menos ter me despedido dele.

- Oi Fê. Estou bem e você?

- Melhor agora. Selina me pediu para ligar e te avisar que você pode passar aqui mais tarde, para resolver sua situação.

- Ah obrigada. Passo aí mais tarde então...

- Você já conseguiu outro emprego?

- Já sim Fernando. - Respondo quase não conseguindo me conter de tanta alegria.

- Que ótimo Bela. Eu posso saber onde?

- Na casa de Miguel Alcântara...- Sussurei.

- Você só pode estar ficando louca. Você não se lembra de tudo o que te contei? Não pode se enfiar no covil da fera.

Respirei fundo. Eu me lembro muito bem o que ele contou.... Passei a noite tendo pesadelos por conta disso, mas agora já não creio que Miguel seja esse mostro que todos pensam.

- Eu me lembro Fê, mas foi minha única opção. Preciso desligar, nos vemos mais tarde.

Coloquei o telefone no gancho sem esperar ele se despedir.

Miguel é um completo idiota, mas não gosto de ver como as pessoas enxergam ele. O caso das mortes das mulheres com quem ele se envolveu foram todos arquivados. Nenhum deles comprovaram que Miguel realmente as matou de fato. Foram acidentes. Pesquisei um pouco sobre sua vida um dia depois que ele me defendeu no restaurante. Não descobri muitas coisas, só os casos arquivados sem mais detalhes...

O dia passou voando. E já eram quase sete da noite quando meu pai entrou em casa.

- Então... você vai mesmo? - Perguntou ao me ver colocar minha mochila em um canto da sala.

- Sim pai. É nossa única solução.

- Não Bela, você não precisa ir, a gente pode dar um jeito nessa situação, sem ajuda daquele homem....

- Eu queria que isso fosse verdade, - Uma buzina me interrompeu e me fez olhar para porta. - Deve ser o motorista que veio me buscar.

Peguei minhas coisas e fui abraçar minha irmã, mas ela já estava na porta, olhando para o lado de fora.

- Uau ele parece um príncipe! - Duda disse encantada.

Quê? O motorista parece um príncipe?

Junto de meu pai seguimos para o lado de fora. Foi aí que meus olhos constataram que sim, ele parece um príncipe. E que não era Matias, o motorista, mas sim Miguel. Ele me esperava encostado no carro com os braços cruzados e sua marca registrada: a cara fechada.

- Tchau papai. Eu te amo, estou fazendo isso por nossa família. - Sussurei ao ouvido de meu pai.

- Também amo você. Se cuida, e qualquer coisa ligue para mim que dou um jeito de ir buscá-la. - Retrucou acariciando meus cabelos.

Bela e  FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora