Capítulo (11)

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Miguel pegou minha mochila e seguiu pela casa em silêncio.

Eu acompanhava seus passos e meus olhos acompanhavam seu caminhar confiante e seus ombros largos.

Um abraço dele deve ser muito bom. - Minha mente imatura pensou.

Balancei a cabeça rapidamente para afastar tais pensamentos. Continuamos andando até a ala dos empregados, um corredor simples com seis portas. Meu quarto era o último.

- É aqui que você vai ficar. Se estiver com fome posso te levar até a cozinha. - Ele falou me entregando a mochila.

- Estou bem. Só quero dormir um pouco. - Respondi.

Ele acenou com a cabeça e se virou seguindo por onde tínhamos vindo. Nem se quer me deu boa noite, e nem falou que horas começo a trabalhar amanhã.

Revirei os olhos e entrei no quarto.

As paredes eram em um tom de rosa bem claro, a cama no centro foi forrada com um lençol e uma colcha tão brancos quanto uma nuvem, o pequeno guarda-roupa também era branco. Bem mais confortável que meu antigo quarto, mas muito menos pessoal.

Larguei minha mochila encima da cama e comecei a tirar meus pertences e guardá-los, assim que terminei notei que no lado direito tinha uma porta. E fiquei imensamente feliz em saber que teria um banheiro só meu. Aproveitei e tomei um banho bem quentinho sem precisar me preocupar que a qualquer momento um jato frio cairia em minhas costas.
Vesti o confortável roupão e me preparei para dormir.

Quando me joguei na cama, olhei para o relógio no criado mudo e vi que já se passavam das dez. Meu coração estava apertado por não estar com minha irmã lendo alguma história como sempre fiz. Solto um longo suspiro e decido tentar dormir, preciso estar disposta para meu primeiro dia de trabalho.

(...)

Na manhã seguinte acordei às seis. Meu corpo já estava acostumado a se levantar esse horário.
Sai da cama e vesti calça jeans, uma blusa fina de mangas, e meu velho par de tênis.

Ajeitei os lençóis, a colcha e abri a janela. Me surpreendi em ver que meu quarto tinha vista para mais um dos inúmeros canteiros de rosas.

Sorri e como era cedo decidi ir até ele.

A casa estava silenciosa, acho que ninguém tinha acordado ainda.
Continuei andando até estar do lado de fora. Segui até o canteiro e respirei fundo sentindo o doce aroma.

A manhã apesar de nublada, estava agradável. E estar perto das flores me fez ficar feliz.

Peguei uma rosa e me ajoelhei no chão para apreciar melhor seus detalhes.

Quando a levava distraída até o nariz uma voz forte me assustou.

- Quem te deu permissão para arrancar essa rosa? O único além de mim que pode tocá-las é o jardineiro, e que eu saiba você não é ele.

Me levantei e encarei Miguel como uma criança que acaba de ser pega fazendo uma traquinagem encara. As palavras me fugiram, mas é apenas uma rosa, não precisava ser tão grosso assim.

- M-me desculpe. Não sabia que precisava de autorização para isso, mas é que elas são tão lindas... - Disse insegura e olhei rapidamente para as flores.

- Agora você já sabe. - Falou um pouco mais calmo, mas ainda assim bastante intimidador.

Encarei meus tênis que agora estavam um pouquinho mais sujos. Mesmo sem erguer meu rosto pude sentir seu olhar me queimar.

Levantei a cabeça e ficamos nos encarando sem dizer uma palavra se quer.

Ele estava praticando exercício. Vestia calça de moletom, e regata cinza de algodão. Seus cabelos estavam bagunçados, o suor era visível em seu rosto. A respiração ainda estava irregular, seu peito subia e descia rapidamente. Meus olhos analisaram o corpo dele minuciosamente e tive de morder o lábio para sufocar um suspiro.

Bela e  FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora