Capítulo (23)

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Senti como se eu estivesse voltando aos poucos de uma outra dimensão. Alguém balançava meu corpo.

- Bela!! Bela! Eu vou te levar para o hospital. - Dizia Miguel repetidas vezes.

- Não. Não... Só me leva pra casa, por favor.. - Falei com o restinho de forças que restava em mim, e então novamente veio a escuridão.

***

Branco. Tudo branco.

Foi a primeira coisa que vi quando abri os olhos. Era o teto de um quarto. Tentei me sentar, mas um senhor que eu não conhecia me prendeu na posição em que estava.

- Quem é você? - Perguntei assustada.

- É o médico que chamei Bela! - Escutei a voz familiar. Virei para a direita e me deparei com Miguel sentado ao meu lado. Sua mão estava envolta da minha e eu nem tinha percebido isso. Aliás, eu também não havia percebido os vários pares de olhos preocupados encima de mim.

- O que aconteceu? - Perguntei. Minha cabeça estava uma verdadeira bagunça.

Não sabia como tinha chegado ali, muito menos quem tinha me vestido com aquela blusa e short confortáveis.

- Você apareceu do nada no meio da estrada e eu acabei te atropelando. Sinto muito meu amor...

- Você me chamou de amor? - Perguntei com um pequeno sorriso no rosto.

- Sim. Você é o meu amor.. - Miguel tentou sorrir, mas seus olhos estavam preocupados, e até mesmo triste. - Mas me diga, porque você se jogou no meio da estrada daquele jeito? Eu tentei frear, mas não deu tempo..

  Parei por um momento, mas não conseguia me lembrar de nada. Na verdade, lembro da visita ao meu pai, lembro de estar dentro do ônibus... Mas não lembro de ser atropelada, ou porque eu me joguei na frente do carro.

- Eu.. Eu não sei. Não consigo me lembrar..

- Doutor, isso é normal? - Miguel perguntou ao senhor que estava aferindo minha pressão.

- Nesses casos a perda temporária de memória é comum. Ela está bem. Está só com alguns hematomas, logo a memória dela irá voltar ao normal. Eu Já estou indo, caso precise de mim, é só ligar.

- Acho melhor todos irem também, Bela precisa descansar. - Miguel disse após cumprimentar o doutor.

Um por um, foram deixando o quarto, até que restou apenas nós dois.

- Hoje de manhã você disse que a gente iria dormir juntos. - Falei com doçura.

Eu queria o toque dele, a presença dele. Eu estava me sentindo mal e com medo, mas não sabia de que.

- Tudo o que você quiser Bela!

  Ele tirou os sapatos, a camisa e se deitou ao meu lado. Me aconcheguei em seus braços, e sorri ao sentir seu perfume tão reconfortante.

- Feche esses olhinhos lindos, e durma. - Ordenou.

  Fechei meus olhos, e foi nesse momento que várias lembranças vieram em minha mente de uma vez só.
Passos rápidos, uma lâmina, o nervosismo, medo, a perseguição, a luz intensa e a escuridão.

Me sentei rapidamente com o coração disparado, meu corpo dolorido reclamou, mas as lembranças mandaram uma enorme onda de adrenalina por todo meu ser, e eu não iria conseguir ficar deitada.

- O que foi?

Olhei para os olhos azuis escuros de Miguel e comecei a chorar. Eu estava segura nesse momento, mas por pouco algo muito ruim não me aconteceu.

Bela e  FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora