Capítulo (15)

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  Minha cama estava extremamente confortável. Abracei um dos travesseiros com um sorriso bobo no rosto. O que estou sentindo por Miguel está crescendo cada vez mais, e eu não sei frear isso e pra ser sincera, não sei se quero.

Quando fechei os olhos, apaguei. Eu estava muito cansada. 

Algum tempo depois, o que me pareceu ser apenas uns quinze minutos, abri os olhos e encarei o relógio.
Demorei alguns segundos para enxergar direito os números.

[11:45]

Perdi a hora. Droga!!

Levantei e me vesti nem sei como, em menos de cinco minutos estava no corredor indo em direção a cozinha, fui tão rápida que nem parei para apreciar o perfume que estava no ar.

Empurrei a porta com força e já sai falando:

- Maria me desculpa, por favor, perdi a hora, é que eu estava....

- Se acalme Bela. -  Ela me cortou com um sorriso doce no rosto. - Miguel deu a manhã de folga pra você, pode ficar tranquila.

- Ele o quê...? - Perguntei confusa.

- Te deu folga. Ah tenho uma coisa pra você.

  Colocou a mão no bolso de seu avental e tirou de lá um cartão. Eu já tinha recebido um parecido com esse certa vez. Peguei o pequeno envelope vermelho e abri.
   
_________________________________________ 
          Bela, ____________________________
  Não sei o que está acontecendo entre__ nós. Nem o que você está fazendo_______ comigo. Só sei que você trouxe pureza,__ cor e beleza  de volta para minha vida. _

  P.s - Vá até a sala assim que receber___ esse bilhete. ____________________________
                                   Beijos______________
_________________________________________

Terminei de ler e sem nem olhar para o lado de Maria sai andando bem rápido em direção a sala.

Pensei que encontraria Miguel me esperando, mas não. Olhei para todos os lados e nada dele, só então me dei conta que a sala estava repleta de vasos de rosas. Em todos os cantos da sala tinha um. Aquele cheirinho maravilhoso no ar.

Nem parecia o mesmo lugar, estava com mais vida, mais aconchegante e menos amedrontador. Eu soltei um sorriso encantada.

- Uau, o que são todas essas flores? -  Ana apareceu do nada carregando com dificuldade os materiais de limpeza. Ela e eu temos basicamente as mesmas funções.

- Não faço a mínima ideia. - Respondi balançando a cabeça.

- Que estranho. Pelo que eu sei, Miguel não colheu nenhuma rosa desde a morte da esposa.
  
  Uau, será que ele fez isso, só por conta do que eu disse hoje cedo?
   
  A porta da frente foi aberta interrompendo meu pensamento. Nós duas nos viramos em direção a ela.
E o que eu vi fez o sorriso em meu rosto murchar completamente.

Miguel entrou de braço dado com a mulher que o acompanhou até o restaurante no dia em que fui demitida. Eles estavam rindo, tão felizes, cheios de intimidade. Engoli com certa dificuldade.

- Olá meninas... - Miguel disse para nós, mas olhando no fundo dos meus olhos.

- Oi Sr. Miguel. - Ana respondeu, e se dirigiu para um canto da sala. 

Eu não podia ficar parada ali feito uma estátua, então decidi ajudar minha colega de trabalho, mas dois passos depois escutei meu nome.

- Bela? - a voz de Miguel me fez estremecer.

- Sim. -  Respondi.

- O que achou da sala?

  Vi expectativa em seu olhar. Eu simplesmente amei ver a sala tão colorida. Mas todo meu ânimo desapareceu ao ver aquela loira nojenta de braço dado a ele. Me segurei e disse simplesmente :

- Está bonita Sr. Miguel. Com licença. -  Respondi e fui para perto de Ana.

Peguei uma flanela e comecei a limpar a vidraça.
Pelos reflexo dos vidros eu conseguia vê - los conversando, via o olhar de Miguel em minha direção. Preciso me concentrar em meu serviço, apenas isso. Continuei a limpar ignorando tudo a minha volta.

Meus braços estavam começando a doer quando senti passos se aproximando. Olhei para trás e vi a mulher loira me encarando com uma taça de vinho na mão.

- Você é a garota da confusão do restaurante não é?! - Me olhou de cima a baixo.

Concordei com a cabeça, não estava nem um pouco afim de conversar. Ainda mais com ela.

- Como veio parar aqui??

- Fui contratada. - Respondi seca.

Ela agarrou meu braço e me olhou com raiva.

- Não sei quais são seus planos em relação a Miguel, mas desista. Uma empregadinha como você jamais terá chance com ele. E uma coisa importante que precisa saber, ele é meu. Fique no seu medíocre lugar.

- Não sei do que está falando. A senhora deve ser louca... - Puxei meu braço.

- Louca não querida. Perigosa!

  Seu olhar frio me fez prender a respiração. E eu nem ao menos podia a responder. Ela é a visita e eu a simples empregada.

- Tá ok perigosa. Se me der licença, já terminei o meu trabalho aqui. - Dei dois passos, mas escutei uma risadinha irônica. Me virei e encontrei o olhar dela.

- Acho que você ainda não terminou.
E no momento seguinte ela jogou parte do líquido na vidraça e soltou a taça no chão.

- Limpe isso agora.

- Limpa você. Não recebo ordens suas. - Vociferei. Ela tinha me tirado do sério.

- O que está acontecendo aqui Yasmin? - Miguel perguntou do topo da escada.

- Um pequeno acidente com minha taça... Mas sua empregada já vai limpar. - Ela disse saindo de perto de mim.

- Não foi acidente. Você jogou a taça de propósito.

- Isso é uma acusação gravíssima Bela. - Meu chefe tinhas os olhos intensos sobre mim.

- É a verdade.

- Vai acreditar numa empregada qualquer? Essa garota deveria juntar esses cacos e calar a boca.

- Fique quieta Yasmin. Tenha respeito, ela não é uma empregada qualquer.
Ele virou - se para mim então, e disse : - Vou sair para resolver algumas coisas, na volta quero conversar com você.

   Yasmin se apressou para segurar o braço de Miguel e os dois foram embora. Eu estava com raiva, me sentindo humilhada e detestando estar apaixonada por ele.

Me agachei para recolher os cacos e Ana fez o mesmo.

- Mulher Insuportável. É sócia do sr. Miguel a anos e é louca por ele. Eles tem um caso, se pegam de vez em quando.

- Ela é louca em todos os sentidos. Que raiva, ela me tirou do sério. - Falei entre os dentes.

-  Não creio que ele vá acreditar na gente, somos só "empregadas ", mas se precisar que eu confirme o que aconteceu é só falar. 

- Obrigada Ana, de verdade!

- Sabe o que acho Bela? Que depois desse estresse todo nós deveríamos sair.

- Que??

- Isso que você escutou. Vamos sair hoje a noite. Você é linda e está solteira. Precisa arrumar alguém.

  Sim eu estava solteira. Mas meu coração já tinha um candidato a dono. E isso estava me matando. Nunca dará certo. Eu e Ele somos de mundos diferentes. É melhor mesmo sair e encontrar alguém que me queira de verdade.
  

Bela e  FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora