Atordoada: Estonteada(o);aturdida(o); pertubada (o).
Foi assim que acordou. Através de um sobressalto, Constantine pode aperceber que se tratava de mais um pesadelo. Já não era a primeira vez em que sonhara com coisas macabras, entretanto, havia aquela linda flor que encontrara em seu quarto na noite passada, que se recordava ter visto naquele lugar agonizante em que sonhara. Coincidência. Uma puta coincidência.
A medida em que seus olhos foram se adaptando com a claridade de seu quarto, os borrões foram se esvaindo e as dores nas costas a perfuraram com força. Se encontrou de bruços ao chão, varrendo os olhos pela cômoda ao lado onde focou seu olhar no pequeno aparelho metálico. 11hrs20. Meu Deus. Estou atrasada, a sr.Júdith vai me matar.Aos tropeços, trocou de roupa e correu para a sala, ficando aflita e desesperada quando a encontrou ainda toda bagunçada. Isso só podia ser um bom e mal sinal. Pelo lado bom, tia Celina ainda não havia chegado a tempo de ver tamanha desordem. Pelo lado ruim, tia Celina ainda não havia chegado. Sem tempo de escolher entre arrumar os quadros derrubados no chão ou os sofás desalinhados com o tapete todo amassado, Constantine verificou a ração dos felinos e saiu porta afora para o trabalho. Estou ferrada. Fodidamente ferrada.
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- Não há explicação para tamanha irresponsabilidade. Você sabe muito bem que hoje é um dos dias em que mais recebemos clientes e justo hoje....Ora essa! Que isso não se repita. Não vou aturar jovens que não sabem o que querem da vida prejudicando os meus negócios!
Sr. Júdith sempre fora uma mulher temperamental, uma vez ou outra passava dos limites mas por ser conhecida de sua tia Celina, havia uma porcentagem a mais de consideração por Constantine.
- Sim senhora, isso não se repetirá mais, senhora Júdith.
- Ótimo! Agora vista-se e vá atender o que lhe sobrou dos clientes! Pela manhã isto aqui estava lotado!
Ouvindo paciente a demanda, Constantine vestiu seu uniforme de garçonete do Pallaciu's Coffe. O lugar era bem arejado e havia grandes janelas com armações de uma clara madeira voltadas para a rua, de forma que dava a possibilidade para as pessoas que passavam por lá observar o local. O chão era revestido por azulejos da mesma cor das madeiras e a forma de como eram distribuídas as mesas davam ao lugar um aspecto familiar e confortante. Atrás do balcão se encontrava Jônatas que entrara no serviço no mesmo período que Constantine. Era um menino bonito, com seu piercing preto no septo e seus dentes perfeitamente alinhados. Constantine perdeu as contas de quantas vezes fumara maconha com ele. Ambos pertenciam ao mesmo grupo de amigos, fazendo-o ser um dos únicos amigos homens que tinha. As vezes saíam em pequenos programas que na maioria das vezes aconteciam na casa de Yeda, a amiga mais próxima de Constantine. Em todas essas reuniões que faziam, Jônatas comparecia exalando thc e contagiando todo mundo. Fora em uma dessas vezes que ele e Constantine se conheceram. Lembrara até hoje como o magoara com seu jeito frio e insensível e desde então, acabara criando um laço de grande afeto como se quisesse o recompensar por tamanha tristeza e desilusão.
Retomando aos fatos, percebera que Júdith a observava ao longe, franzindo o cenho para que fosse cumprir o seu dever e sem mais hesitações, fora atender os pedidos da meia dúzia de clientes que se encontrara por ali. Havia algo de estranho no lugar. Desde em que chegara ao serviço, percebera um cheiro amadeirado no ar que era familiar. Ótimo Constantine, além de atrasada, agora quer ficar parada igual a uma paranóica.- ...moça?
Mas esse cheiro é muito familiar. De onde vem esse cheiro?
- Moça?
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Baby Face
Mystery / Thriller"... É indescritível como pode ser a vida de um ser vazio, afinal, não havia nada para poder descreve-lo. Uma alma fria que deseja corpos quentes para satisfazer o seu desejo sujo. Sujo, imundo. Ele gostava disso. Com movimentos leves ele cortava a...