1. i wanna sleep next to you, but that's all i wanna do right now

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Aquela história de que na universidade as pessoas viviam tudo aquilo que não se vivera na escola, era a maior mentira da vida adulta.

Liberdade? Ha. Aquilo estava mais para uma desculpa para ser irresponsável e se encher de problemas depois. Universidade, faculdade, a rima era a mesma e a confusão também.

Michael havia se ferrado para se acostumar com o primeiro ano da universidade, primeiro porque não tinha amigos, e segundo, porque sua ansiedade lhe deixava no auge sempre que precisava apresentar seminários. Era uma merda, mesmo. Com sorte, ele conseguiu terminar o primeiro período sem reprovações.

Ele dava graças quando chegavam os finais de semana, onde ele ficava com seus amigos e podia agir como sempre. Onde podia ser ele mesmo, e não ter que encarar aquele professor irritante de banco de dados. Nos dias em que teria a companhia de sua irmã, também, e mesmo que todos tentassem julgá-la por ser adolescente, ela era uma das melhores pessoas com as quais ele convivia.

Michael não era muito sociável, porém seus finais de semana eram mais movimentados do que a média dos finais de semana de pessoas consideradas que eram "caseiras" assim como ele. Michael tinha seus amigos, e passava seu tempo com eles, quando podia, assim como eles também sempre achavam tempo para Michael também.

Em alguns sábados, ele, Luke, Calum e Ashton reuniam-se para jogar, tocar música e aproveitar a companhia um do outro. Nos outros, Michael ficaria em casa, com sua própria família, fosse ajudando nas tarefas de casa, ou simplesmente convivendo com eles.


E no domingo, como naquele dia, Michael geralmente passava seu dia junto aos Hemmings, que eram quase sua segunda família. Elizabeth e Andrew, como seus segundos pais, e Jack e Bem como irmãos mais velhos, que ele nunca tivera.

Michael havia ficado algum tempo sem ver os Hemmings, durante o período em que ele e Luke estiveram se divertindo juntos. De certa forma, ele achava que era meio estranho encarar os pais de Luke depois de tudo que ambos estavam fazendo. Ele até mesmo achou que talvez o pai de Luke, Andrew, soubesse o que estivera acontecendo, mas se o fazia, nunca comentou, e tudo ficou como antes quando a amizade dos dois voltou a ser como antes.

Aparentemente, tudo continuava do mesmo jeito.

Os irmãos de Luke eram como seus irmãos. Luke, no entanto... Bem, era difícil considerar como irmão alguém que você já havia beijado e por quem você ainda mantinha vários sentimentos relacionados a intimidades e pensamentos sexuais. Michael nem mesmo gostava de se lembrar da vez em que acordou sujo, suado, e com lembranças de um sonho vívido que envolvia Luke embaixo dele, e nenhum deles com roupa alguma. Huh.

Luke era justamente por quem Michael não deveria, mas acabou se apaixonando. Mas ah, se Michael sabia como controlar seus sentimentos, e ah, se ele conseguisse parar de gostar de seu melhor amigo. Parecia cada vez pior a sua situação, se ele estivesse sendo sincero. Porque com o passar dos anos, Michael percebeu que talvez já gostasse de Luke a mais tempo do que imaginara.

E aquilo era uma merda.

Entretanto, Michael não colocaria sobre Luke o peso de ter que corresponder a tais sentimentos, e então guardava para si tudo aquilo que queria, e não poderia ter. Por vezes, o garoto de cabelos agora vermelhos (ele vivia retornando para essa cor) se pegava pensando em como seria poder ficar com Luke, novamente, agora que ambos estavam adultos, e partir dali sua mente viajava para vários cenários.


Michael aproveitava os domingos, silenciosamente capturando cada momento que passava ao lado de Luke, sentindo que poderia ficar sem eles a qualquer momento. Luke era simplesmente seu amigo, e por hora aquilo era suficiente. Mas em uma hora ou outra, talvez as coisas pudessem mudar. Principalmente, se ele decidisse confessar os sentimentos que escondia por anos.

Algumas vezes, os pensamentos de Michael ficavam insuportáveis, e sua ansiedade começava a aparecer para fora, também. E Luke sempre aparecia perguntando a Michael o que ele poderia fazer para ajudar.

Como se Michael pudesse responder, que o problema tinha a ver com o próprio Luke, mas que ainda assim o loiro não tinha culpa de nada. Que era só uma estupidez de sentimentos.

Michael mesmo achava sua mente uma confusão de ideias. Era difícil conviver com sua própria cabeça em algumas ocasiões.

Luke acabaria perguntando então, "o que você quer, Michael?".

E bem, não era essa a pergunta que valeria um milhão de reais?

Michael chacoalharia a cabeça, como se não fosse nada importante, desfazendo-se de tudo que queria realmente responder.

Você. Eu quero você, porque eu tenho certeza de que eu te amo, bem mais do que um amigo, mas me assusta só a possibilidade de não poder nem ter isso mais. Quero poder olhar para você sem ter que me preocupar com o tempo; sem precisar ficar com medo de que você perceba que acho seu sorriso parecido com o sol, e que você é o meu sol.

Quero poder amar você sem sentir que estou me aproveitando da sua amizade para continuar próximo, e sem mendigar um pouco da sua afeição por mim. Poder te amar, sem sentir meu coração sendo esmagado sempre que você diz que sou seu melhor amigo, e deixa claro que serei somente isso pelo resto da vida...

E então, quando Luke chamasse a sua atenção por Michael ter se distraído pensando nas suas vontades reais, o mais velho responderia que simplesmente estava cansado. Perguntaria a Luke se poderia dormir ali, na casa dele, porque seus pais estiveram brigando em sua casa - o que não era de todo uma mentira.

Michael agradecia que sua irmã estava passando a noite da casa das amigas dela naquele domingo.

Luke iria oferecer opções para lugares onde Michael quisesse dormir, e Michael diria que se não fosse problema, queria dormir próximo a Luke, como os dois sempre faziam depois de assistir filmes ou conversar até tarde da noite. E era só aquilo que ele queria fazer naquele momento. Aconchegar-se a Luke, pelo menos durante seu sono, e esquecer-se de tudo que sentia além de amizade pelo rapaz loiro.

Michael até mesmo se sentiria aproveitador, se não soubesse que Luke também gostava que ele estivesse ali. O loiro dizia várias vezes que dormir aconchegado com Michael era bom, e que era uma de suas coisas favoritas.

O mais velho se sentia patético por fazer aquilo significar tanto em sua mente, mas bem, ainda assim era menos patético do que se apaixonar por seu melhor amigo e ex qualquer coisa indefinida.

E ali, nos braços de Luke e ouvindo a respiração de seu amigo se estabilizar - junto com as batidas do coração dele - Michael dormiria pacificamente. Pelo menos, até acordar com um cachorro pulando em suas costas e procurando lamber seu rosto todo.

Luke nunca aprenderia a fechar a maldita porta e não deixar que Logan, o pequeno gigante labrador, acordasse os dois antes das seis horas da manhã...



talk me down ➸ mukeOnde histórias criam vida. Descubra agora