talk me down ➸ muke

3. cause you know that i can't trust myself with my 3am shadow;

I'd rather fuel a fantasy, than deal with this alone.

O problema de se ter muitas coisas em sua mente, é que isso faz com que seu cérebro se empolgue nas ideias e demore a querer descansar, também. Michael sabia bem disso.

Houve épocas em que ele dificilmente conseguira mais do que quatro horas de sono, e quando conseguia tal número, sentia como se nem tivesse dormido realmente; como se estivesse devendo anos de sono ao seu próprio organismo. Estivera cansado, em vários sentidos que a palavra obtinha.

Atualmente, dormir era um pouco mais fácil, e mesmo que ele demorasse a pegar no sono, seu corpo conseguia manter o descanso por mais do que seis horas, e aquilo já era uma vitória. Michael sentia que pouco a pouco seu corpo seguiria o rumo de sua mente para melhorar. Continuar sua terapia era complicado às vezes, mas era algo indispensável para que ele pudesse aprender aquilo que ainda não sabia sobre si mesmo.

Em algumas das noites, ou madrugadas, em que a insônia ainda insistia em aparecer, Michael já não ficava mais com a mesma confusão de anteriormente. Sua cabeça estava ocupada, isso era fato, mas já não era tão conturbada como antigamente.

Uma das coisas que sua terapeuta havia lhe indicado era que Michael começasse a escrever as coisas que sentia; ou aquelas em que acreditava ser verdade. Sempre que ele sentisse que pudesse ter alguma recaída, ataque, ou ficasse em dúvida, poderia conversar com a doutora e procurar explicações sobre o que pensava, e teria tudo escrito, afinal. Ele não precisaria mostrar tudo a ela, mas também sabia que poderia confiar na pessoa que estava lhe tratando.

Escrever ajudava Michael principalmente quando as sombras ameaçavam reaparecer às três horas da manhã. E ele as libertava no papel, ou no teclado, em qualquer coisa que estivesse disponível para que ele usasse.

Poesias, poemas, cenas, e até mesmo coisas sem sentido lhe ajudavam a esvaziar sua mente quando ela ficava muito cheia de processos. As palavras, em fantasia, deixavam mais fácil para que Michael lidasse com seus pensamentos, e não se sentisse totalmente só em seu quarto.

E, tudo bem, aquilo talvez parecesse um diário, mas Michael com certeza não estava escrevendo as coisas de maneira confidente. 

Algumas vezes, ele usava rimas, estrofes, e metáforas para expressar aquilo que poderia ser de sua relação com Luke. 

Sempre o fazia nas horas livres que tinha entre sua universidade, em seus momentos trabalhando como voluntário ou conversando com seus amigos; Michael sempre dava um jeito de anotar seus pensamentos.

//*//

"Michael, você tem certeza de que não quer ir à festa da Ashley?" Calum, em pé ao lado da porta do quarto de Michael, perguntou mais uma vez. O moreno revezava entre mexer em seu celular e olhar para Michael.

O mais velho soltou um suspiro alto, olhando para seu amigo. Ele estava sentado em sua cama, com as costas para a cabeceira, e com o notebook em seu colo. Era meio óbvio que ele não se parecia com alguém que iria querer sair de casa.

"Cal, sério. Eu estou aqui, confortável, de pijamas, assistindo minhas séries, por que eu sairia? E eu nem converso muito com a Ashley..."

"Mas você iria comigo e com o Ashton, e ela conhece a nós dois! Ela sabe quem você é!" Calum apontou, acabando com uma das desculpas de Michael.

"Eu quero terminar minha maratona de Gotham hoje!" Michael protestou, mais uma vez. "Essa semana é a única na qual eu não tenho tarefas, nem nada, por favor!"

Ele estivera com episódios atrasados por meses, e morria de vontade de saber o que estava acontecendo enquanto ele não assistia. Estava cansado de ver spoilers no twitter, e não poder assistir a série.