Outono

20 0 0
                                    


Por mais de uma hora ficaram olhando o outono nova iorquino pela janela. Ele a abraçava por trás e sua mão repousava em sua barriga.

_ Vou cuidar de vocês.

Era tudo que ela queria ouvir. Tinha tido tanto medo da sua reação. Temera perder aqueles braços que eram o melhor lugar para estar sempre.

_ O que Josh achou? Ele está feliz?

_ Ele ainda não sabe.

O espanto fez com que ele desse um pulo:

_ Ainda não contou para ele? O que houve?

_ Não sei explicar.

_ Vocês brigaram? Ele foi rude com você? - estava visivelmente impaciente.

_ Não, nada aconteceu. Eu só tive vontade de contar antes para você. Queria que fosse a primeira pessoa no mundo a saber.

_ Amor, fico feliz com isso...e muito lisonjeado...mas isso não é certo.

_ Eu sei. - ela baixou a cabeça. Não podia falar para ele que desejava que aquele filho fosse dele.

_ Tem que falar com ele o mais rápido possível.

_ Vou falar, mas agora preciso dormir. Tenho tido muito sono esses dias.

Ele a ajeitou na cama, deitou ao seu lado e a fez dormir.

Quando Lise acordou, duas horas depois, pensou que estivesse em outro quarto. Por onde quer que olhasse haviam flores brancas, das mais variadas espécies. Sentou-se e sua mão bateu em alguma coisa. Ele estava sentando aos pés da cama observando ela pegar a caixinha azul finalizada com um laço branco. Abriu com cuidado e viu um delicado colar de ouro branco com um pequeno urso pendurado. Ela tirou a jóia do estojo e viu que atrás tinha uma inscrição: "Vou cuidar de vocês." Nada do que ela pudesse dizer expressaria a emoção que estava sentindo. Deixou então que as lágrimas falassem.

O agente de Lise foi bastante eficiente em reorganizar a agenda dela para que pudesse ficar em New York mais dez dias. Ele estava animadíssimo com a novidade. Não parava de falar um minuto sobre decorar o quarto, o clube de futebol que o bebe torceria e de como seria muito melhor que o educasse na Inglaterra. Ela se divertia com sua imaginação. Pela manhã, enquanto ele dormia, ela trabalhava. A tarde faziam compras. À noite ele fazia shows e ela ficava no hotel dormindo. Bem que tentou ir ao concerto na primeira noite mas Louis foi enfático em dizer que era muito agitado e que não fazia bem para o bebê ter uma mãe pulando e dançando duas horas seguidas. Como o sono que sentia era incontrolável, achou por bem concordar.

_ Por que você está tão nervoso?

_ Não estou.

_ Você não para de andar de um lado para outro, já perguntou três vezes se o médico vai nos atender na hora. Isso não é estar nervoso?

Ele voltou para o lugar ao lado dela, respirou fundo e pegou sua mão. _ Acho que um pouco nervoso. É que...

_ Fala. Você prefere não entrar? Olha, eu estou tão feliz com você do meu lado mas não tem que fazer o que não sente vontade.

_ Não! - ele a interrompeu, _Não é isso. Eu tenho estado mesmo mais agitado do que já sou.

_ Bem mais agitado. - ela ajeitou a franja dele enquanto falava.

_ É que eu...

Nesse momento a enfermeira interrompeu a conversa para avisar que o médico já estava esperando.

A consulta transcorreu da melhor forma possível. Ela estava bem, o bebê já estava com 8 semanas, pelos cálculos do médico. Louis não parava de falar empolgadamente sobre alimentação, exercícios e tudo o mais que ela deveria seguir nos próximos meses. Sabia tudo sobre gravidez. E fazia parecer bastante divertido. O médico pareceu também ter gostado da consulta já que ficou consternado ao saber que não poderia acompanhar a gravidez de Lise até o final pois em alguns dias eles voltariam para Londres. Entre promessas de o manterem informado e convite para que fosse para o batizado, despediram-se e foram ao Starbucks da esquina.

_ Obrigada por me acompanhar hoje. - disse ela tomando um gole de capuccino. _ E por tudo o que tem feito todos esses dias.

_ Lise, para ser sincero, eu esqueço que o bebê não é meu. - pegou na barriga dela e falou baixinho _ Acho isso muito injusto.

Ela notou que a conversa iria por um caminho mais sério e tentou evitar. _Vamos voltar para o hotel?

_ Depois que eu falar. - estava sério. _ Tem que parar de me interromper, precisa me deixar dizer tudo o que eu quero. Depois vamos ao hotel. Esta bem?

_ Esta bem.

Ele tomou um gole de chá. se arrumou na cadeira de maneira que ficassem bem de frente um para o outro. Segurou em suas duas mãos:

_ Não é certo você estar grávida do Josh e não falar para ele.

_ Eu vou...

_ Espera!

_ E não está certo por dois motivos muito diferentes e importantes. O Primeiro: se você não falou até agora é porque está insegura com relação a ele. Não sabe como ele vai receber a notícia. É isso?

Ele a olhava fixamente nos olhos.

_ Temos estado muito distantes...ele está sempre ocupado com outras coisas.

_ Mesmo assim ele precisa saber, Lise. É o certo a ser feito. Prometa que vai contar hoje ainda.

_ Prometo.- sabia que o faria porque Louis estava pedindo e não por vontade própria. Quando fechava os olhos e se imaginava tendo o bebê, não com Josh ao seu lado.

_ O segundo motivo pelo qual eu acho que isso é injusto...- nesse momento a sua voz pareceu trêmula e ele baixou o olhar para o chão.

_ Por que Lou?

_ Porque eu te amo e esse bebê deveria ser meu.

Nesse momento o telefone dela anunciou uma nova mensagem:

"Chego em New York essa noite. Podemos ficar juntos até amanhã. Mande um abraço ao Louis. Com amor, Josh"


Always in My heartOnde histórias criam vida. Descubra agora