Bye bye New york

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Antes de sair do quarto meu telefone toca, coloco as caixas no chão e o pego. O olho de soslaio e vejo o nome de Bela escrito, uma mistura de raiva com desespero me toma e atendo o telefone angustiada.

LIGAÇÃO ON

—Bela eu não to acreditando era pra você está aqui a mais de uma hora!você prometeu que me ajudaria com as caixas

—MEU DEUS, eu juro que estou chegando, não vai embora ainda, não deixa eles te levarem pelo amor do santo paizinho das mudanças! Finge um ataque cardíaco, um desmaio, dor de barriga...sei lá, não vai embora antes de eu chegar.

- ei ei...relaxa garota, o caminhão só chegou agora.

-Ufa!

  - Agora para de onda e vem logo pra cá.

-Estou chegando!

-E eu te esperando, VIU?!

Ligação off

Desço correndo pela escada, me deparando com uma sala lotada de homens barrigudos e suados carregando sobras dos móveis e caixas que não foram ainda transportadas, avisto Mike a minha frente, ele está de costas conversando com dois de seus amigos que vieram se despedir, ando eu sua direção dando um peteleco na aba de seu chapéu derrubando-o.

—Você sempre foi feio assim irmãozinho?— digo bagunçando seu cabelo

— bom dia pra você também Emilly—Mike responde aborrecido

— Eai pessoal— digo cumprimentando os amigos de Mike.
Os amigos do Mike me encaram de modo abobalhado, como se fosse a única menina que já tivesse falado com eles.

—Emilly, acho você já conhece o Ed e o Pj...— Ele diz irritado pela forma bizarra que me olham.
O ciclo social do Mike e baseado em nerds cheio de hormônios obcecados por super-herói e sem nenhuma noção de como agir perto de uma garota, Mike odeia isso é sempre evita trazê-los quando estou por perto.
Me afasto do grupo e corro para fora a procura de minha mãe, a encontrando perto do caminhão de mudanças com alguns ajudantes.

—Cruella de Vil , posso saber o quê está fazendo ?—Ela encontra meu olhar em seguida abre um sorriso doce.

—sequestrando filhotes de dálmatas—Diz brincando
—isso significa que finalmente vamos ter um cachorro?— brinco com um exagerado entusiasmos.

Ela revira os olhos e volta a se concentrar no que estava fazendo

—Tudo pronto ?—pergunto.

—Quase, só mais algumas caixas

—onde está Bela ?—ela franze a testa preocupada

— e oque eu gostaria de saber...— respondo procurando-a pelos lados

Eu mal havia terminado de falar quando escuto um grito vindo do outro lado da rua. Avisto Uma figura descabelada e suada correndo em nossa direção.

—FALANDO NO DIABO...—grito para que Bela escutasse. 

— o que aconteceu com você querida?—pergunta minha mãe intrigada.

Bela para em nossa frete e apoia as mãos nos joelhos encarado o chão em respiração curta e ofegante.

— e-eu...estava do outro lado da cidade, F-fui...me inscrever...em um curso de fot-fotografia... acabei perdendo a hora—
ela diz sem ar.

Levanto a sobrancelha e a encaro estranhando a coisa toda. Bela nunca na vida sequer cogitou em fazer qualquer atividade pedagógica além das obrigatória fornecidas pelo colégio, muito menos um curso.

você,Bela Robbins ? Curso de fotografia ? Anh?! Pode falar a verdade logo—ela me fuzila com o olhar me odiando por colocá-la nessa situação.

— não se faz de idiota Emy, você sabe que eu gosto de fotografia.

— primeiro, você não me engana— digo levantando o dedo indicador—Segundo, você nunca na vida disse uma única vez que queria fazer curso, na verdade você sempre diz "eu não preciso de aulas de como fazer coisas que já sei" — falei imitando a forma de como ela fala

Bela faz uma carranca engraçada e me monstra a língua

—tá! você ganhou . Ela diz cruzando os braços.—talvez... Tenha um carinha no meio.
ela diz ruborizando, eu tento me segurar mas não consigo.

- eu sabia!!—grito vitoriosa — Você sempre faz isso quando ta afim de alguém.
Bela enrubesce mais ainda desviando o olhar para seus pés
—você poderia ser um pouco mais discreta—ela diz em um tom irritado.

— você nunca aprende né, aposto que ele nem sabe que você existe

—Não é bem assim, na verdade conversamos muito no dia que o conheci— ela diz irritada

— deixa eu adivinhar, ele te disse um "oi", você stalkeou a vida dele inteira e 5 minutos depois já estava se matriculando nesse curso que por sinal é do outro lado da cidade—Bela bate o pé no chão e empurra meu ombro

— para Emy!— ela diz com uma voz mais fina que o normal, me fazendo rir

—olha, você tem que pelo menos tomar uma atitude... chama ele pra sair. — Ela arregala os olhos como se eu estivesse algo absurdo.

Reviro os olhos e suspiro, essa frescura da Bela vai me deixar saudade, todos os momentos em que suas paixões secretas me fizeram rir, de suas histórias embaraçosas sobre crush's, sinto um aperto em meu coração e seguro as lágrimas que ardem em meus olhos.

—deixa pra lá. Só me da um abraço sua boba—digo abrindo os braços

Bela corre em minha direção dando-me um abraço apertado e aconchegante.

—Eu não acredito que você tá indo embora—ela diz com uma voz chorosa
—eu também não—digo sentindo um nó se formar em minha garganta.
Ficamos abraçadas por um bom tempo até escutar a buzina de nossa carona alertando que estava na hora de partir, olho para Bela que está com os olhos cheios de lágrimas, sinto a ardência nos olhos se intensificando e os esfrego para reprimir a vontade do choro.

—v-vê se não e-esquece de m-mim, ok—Bela diz soluçando

— eu que digo, não me troca por esse seus amigos chiques— digo, dando um último abraço apertado.
Viro rápido em direção ao carro para não perder as forças que evitam que eu acabe em prantos, fecho a porta do carro e respiro fundo, não quero que Bela me veja chorar só vai piorar as coisas.

—A GENTE SE FALA TODOS OS DIAS, NÃO SE ESQUECE! –ela grita.

—QUEM É VOCÊ MESMO? — digo brincado, olha sua figura diminuído a medida que o carro avança.

(...)

Já se passaram 7 horas desde que sai de New York, foi uma longa viajem com escala em São Francisco, aterrissei no pequeno aeroporto regional de Monterey e já sinto uma saudade que dói no peito, embarcando no táxi observo pela janela os detalhes do meu novo lar, não é como Nova York lotada e barulhenta, cheia de carros e pedestres, e tranquila e vazia, diferente do que estou acostumada, me pergunto se essa monotonia irá um dia me enlouquecer.
Alguns minutos mais tarde chegamos em uma rua apenas com casas.
é como eu imaginava, tranquila e careta

Sinto algo me cutucar fazendo-me virar, deparo com a visão de minha mãe com um sorriso de orelha a orelha.

- Queridos, essa é a nossa nova casa.

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