10: UMA DECISÃO DIFÍCIL

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OBS.: Há uma nota neste capítulo indicada com um asterístico(*). Explicação da nota nos comentários.

"É difícil tomar uma decisão quando ser justo não significa ser bondoso"
- Augusto Branco -


O gigante e imponente Lumina abrigava as entidades celestiais responsáveis pelos sentimentos e ações. Todo o conhecimento humano sobre o céu jamais alcançara tal camada, que nem estava tão longe deles.

Cada um sob o teto do prédio tinha completo encargo por cada emoção e ação de um humano na terra. Assim como Ocaso, que em outra dimensão abrigava as entidades das más ações e sentimentos.

Desde que se tem registro, o bem e o mal lutam bravamente pelo seu espaço, e entre eles havia o meio termo. Entre Lumina e o Ocaso, sem abrigo fixo, as entidades sem definição também cumpriam aquilo que foram a elas designado.

O Lumina era liderado e comandado pelo Líder Samiel, uma entidade grandiosa cujo poder só era menor do que o do Grande. E o impiedoso Seetan, conduzia o Ocaso. Sim, Seetan era subordinado de Lúcifer.

As regras para o uso dos poderes das entidades eram claras e rigidamente seguidas por todos. A desobediência ou traição era punida com a retirada dos poderes e rebaixava a personificação a um cargo menor na hierarquia.

Crisma, a entidade do amor, sempre fora, dentre as grandes entidades que compõem o Conselho, a mais racional. Ela precisava ser. Afinal, um erro em sua pontaria era fatal. Era responsável por dar aos seres humanos a partícula do amor. Partícula esta que era posta no nascimento, e o indivíduo ao decorrer de sua vida controlava o quanto desse amor e a quem esse amor era liberado.

Não era permitido o controle das entidades em relação aos sentimentos dos humanos - era sempre a mesma quantidade. Não era permitido porque ia contra o livre arbítrio concedido pelo Grande. Se uma entidade ousasse controlar um humano estaria não só desobedecendo às regras do Lumina, mas também estaria contrariando a vontade do Mestre.

Recebido o sentimento - bom ou ruim - no dia de seu nascimento, a pessoa era responsável por diminuí-lo ou aumentá-lo.

No caso do amor, na maioria das vezes dava certo. Em outras, terminavam em decepções amorosas. Pois nem sempre os humanos escolhiam a pessoa certa para si.

O Destino, às vezes, participava das façanhas do Amor.

Crisma se alegrava a cada bom resultado. E sofria a cada desilusão. Mas o que estava por vir era pior do que tudo que já havia testemunhado. Ela não podia controlar seus receptores e esta era uma das causas do problema.

Todas as entidades tinham direito a uma sala só para elas. Um aposento, mas não para dormir, embora pudessem. Para um momento de solidão necessário, ou para conversarem com Deus.

A sala do Amor era a mais agradável e aconchegante. As pilastras erguiam-se em um bege sorrateiro até o teto, com bases em um dourado não tão contrastante, mas perceptíveis e que agregavam ao lugar. As cortinas em salmão combinavam com o chão rosa tão claro quanto. Era bela e exalava tranquilidade. Ao contrário de sua dona, que naquele momento, estava tão tensa que se aguardasse mais, teria uma síncope.

- Eu conto com sua ajuda Mareen. - Crisma disse apressadamente.

Mareen estava com aquela sua expressão preocupada novamente. - Estou ouvindo - ela respondeu com um tom calmante sem eficácia.

Crisma estava em apuros. Se alguém descobrisse o que estava acontecendo e este alguém contasse a Órion, certamente estaria consideravelmente morta.

OBSCURO: Entre amor e morteOnde histórias criam vida. Descubra agora