14: HOW ARDENTLY I ADMIRE AND LOVE YOU

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"Reprimidos, ansiosos,
clamando por asas...
Para que finalmente possam
voar de mim e encontrar-se em ti"

Eram sete livros. Todos com data de entrega atrasada. E nem conseguiu fazer cópia das páginas como devia. Retirava do armário um por um, tentado empilhá-los sobre os braços para que pudesse levar à biblioteca. Eram pesados, mas podia suportar pelo caminho, que nem era tão longo.

- Quer ajuda?

Virou-se instantaneamente e o tranco derrubou todos os livros no chão.

- Tenho hora para entregar... Já é a segunda vez que atraso a entrega. Se eu perder a hora vou ter que pagar multa e ter o tempo de empréstimo reduzido. - Tentou sorrir para aliviar a tensão, mas estava muito nervosa com tudo aquilo e com a dor martelando em sua cabeça.

- Vem, deixa eu te ajudar. - Ela estendeu os braços e Shanon entregou três dos livros que tinha em mãos.

Aliviando o peso, conseguiu por a mochila nas costas e então se dirigiram ao prédio da biblioteca.

- Professora nova? - Perguntou à mulher que caminhava ao seu lado.

Após um sorriso tímido ela balançou a cabeça.

- Auxiliar da psicóloga da escola. Hum... estagiária.

- Ahh... legal. Sra. Thomaz é uma pessoa de difícil convívio, mas você se acostuma.

O prédio onde situava a biblioteca ficava do outro lado de um corredor suspenso, que ligava o lado A ao B da escola. Enquanto o primeiro abrigava as salas de aula e demais espaços acadêmicos, no último ficava a biblioteca e sala dos professores.

- Vocé já se consultou com ela?

Demorou a responder. Pensava em todas as alternativas possíveis que levou aquela mulher desconhecida a perguntar algo tão íntimo, como visitas ao psicólogo do colégio. Claro que poderia estar gastando tempo com alguma paranóia, o que não aliviava a estranheza que tal ato causou.

- Desculpa. Eu... nossa, isso soou tão indiscreto. Desculpa, de coração. - A mulher riu, nervosa. Tinha percebido a tempo a hesitação de Shanon com sua pergunta. - É que eu queria saber como ela é...

- Podia fazer isso sem se intrometer na minha vida particular. - Tornou para trás quando a mulher parou abruptamente. - O que foi?

- Isso foi bastante ríspido.

- Bem, Sra. Thomaz é um tanto mais ríspida que isso... - Interrompeu-se ao se dar conta do quão rude estava agindo com alguém que nem conhecia, ou nada lhe fez de mal, além das perguntas enxeridas. - Sinto muito... Sou meio traumatizada com pessoas se metendo em minha vida. E ultimamente elas tem surgido com certa persistência. Estou em modo defensivo automático.

A auxiliar da psicóloga deu de ombros, retornando ao caminho que faziam.

- Pode parecer ironia, e talvez seja, mas minha tese na faculdade foi sobre traumas escolares. Crianças são perversas, adolescentes inseguros podem ser ainda mais.

- O meu problema não foi escolar. Posso dizer que... Que estou falando demais sobre mim para alguém que nem sei o nome.

- Oh, é verdade, não me apresentei. Prazer, Vickie Morgan, ao seu dispor.

OBSCURO: Entre amor e morteOnde histórias criam vida. Descubra agora