0.5 - FÚRIA

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Havia se passado quantos dias, três? Eu não podia parar de pensar na Chloe, ela não podia ser tão irresponsável a ponto de deixar uma discussão besta abalar os nossos negócios. Não era pra tanto, ela nunca tinha me deixado sem notícias por tanto tempo.

Eu me olhava no espelho e apenas enxergava um monte de merda. Chloe fez um sentimento devastador de arrependimento surgir em mim. Era tão agonizante quanto qualquer outra coisa que eu pudesse sentir no momento, eu apenas queria falar com ela pra tentar amenizar um pouco os impactos, mas eu era orgulhoso demais pra isso.

Tinha alguns anos que nós não tínhamos uma conversa decente, sempre que nos víamos resultava na mesma coisa, frustação de ambos os lados.

Eu não era um monstro, e nesse momento eu precisava me convencer disso, mas pra isso eu teria que dá um jeito pra chegar até ela.

Tudo que eu havia feito durante esses anos passou de uma forma assustadora na minha cabeça nesse meio tempo, e era realmente impressionante porque eu nunca havia me sentido assim antes, tão vulnerável, normalmente eu não me importava. Só que, finalmente ela falou o que se passava na cabeça dela, e essa foi a diferença das outras vezes.

Eu podia estar louco!

Uma figura feminina passou pela minha porta sem avisos, como se fosse um terremoto.

Eu levantei meus olhos para cima um pouco cansado até me deparar com Ester me olhando de forma estranha.

Respirei fundo.

- O que houve agora, Ester? - falei calmo tentando ser o mais simpático possível.

- Precisamos conversa. - ela foi seca.

Eu relaxei meus ombros, e voltei a olhar pro meu notebook. A mulher a minha frente bufou e se inclinou na minha mesa fechando bruscamente o meu aparelho de trabalho.

- Que porra é essa? - eu pulei com o susto.

- O que você tem na cabeça? Fez o que fez com a Chloe e agora ta ai, com a maior cara lavada, como se nada tivesse acontecido, como se não se importasse. - ela berrou. - Mais uma vez.

Eu não queria ter que falar desse assunto de novo, não com Ester. Ela não tinha nada a ver com isso.

- Escuta, eu tenho mais o que fazer, virou advogada dos oprimidos, agora? - revirei os olhos.

Ela fechou as mãos como se estivesse me ameaçando. Ester sabia que não assustava nem uma mosca?

- Você não passa de um filho da mãe, escroto. - ela parecia uma criança birrenta.

- Eu não posso fazer nada, sinto muito, esse sou eu, Isac D' Angelo, o maior cretino que você poderia conhecer. - zombei cruzando os braços.

Ela deu as costas e começou a andar na minha sala, Ester foi jogando e quebrando cada coisa que ela encontrava em sua frente.

Essa era advogada que nós tínhamos aqui? Esse era o nível de maturidade dela?

- Você não pensou em todas as palavras que você disse, não é? Não só naquela dia, mais nos outros, ela sempre te respeitou, ela vivia que nem cadelinha atrás de você, e olha como você retribuiu. - Ester se virou pra mim.

Eu não iria gritar com ela, nem trata-la mal, afinal, ela estava certa, eu tinha feito muita merda e nem se quer pensei em como ela poderia se sentir, e eu admitia, mas o que ela esperava? Um buquê com um pedido de desculpas?

A Chloe se forçou a estar no meu mundo, ninguém a obrigou.

Era tão difícil de aceitar?

- Tarde demais, Ester. - suspirei.

Meu Amor Não Correspondido Onde histórias criam vida. Descubra agora