Candy.
Enforcada em frente à escola, a vista de todos.
Segurei meu pescoço com as mãos. Não conseguia respirar. Não lembrava mais o que era oxigênio e alguma coisa no fundo do meu consciente dizia que nunca mais respiraria de novo.
Minhas pernas vacilaram e eu despenquei no chão, em frente ao corpo suspenso de minha melhor amiga.
Minhas bochechas estavam molhadas. Lágrimas. Só agora havia reparado que estava chorando.
- Candy, você não se foi, Candy. Você está aqui, tenho que lhe encontrar e te ajudar. - cochichei. - você não se matou Candy. Você não me abandonou.
Fitei seu rosto sem vida, seus olhos estavam abertos, o incrível azul sem nenhuma luz ou brilho me assombrava. As bochechas estavam pálidas e os lábios cobertos de seu batom vermelho preferido. Ela estava tão insuportavelmente linda que por alguns segundos esqueci o lugar em que estava.
- Terá que se afastar, menina. - um homem gritou, aparentemente um policial.
- Não.
- Ei, você ouviu? Terá que sair de perto, pode estragar alguma prova.
- Que maldita prova? - notei que começara a gritar - vocês nem se importam com ela, vão dar como suicídio sem nem saber se ela faria isso. - Olhei novamente pra ela - Você jamais faria isso comigo, não é, Candy?
- E posso saber o que a senhorita era dela?
Não consegui responder, o soluço que estava preso em minha garganta saiu e abaixei a cabeça, olhando para o chão. Não aguentava mais ver luz alguma, o sol não deveria aparecer sem Candy aqui.
- Ela era a melhor amiga de minha filha. - ouvi a voz da Sra. Blackstone ao longe, bem longe.
Estava tudo escuro, exatamente como deveria ser o mundo sem minha amiga.
- Vamos ficar bem, já viu aqueles caras da aula de química? Enlouqueceram por tirar uma nota 9. - seu riso invadiu o ambiente - pelo menos nunca chegaremos ao nível deles.
Estavamos sentadas na quadra, quebrei a perna e não podia fazer educação física por um mês. Candy insistiu em não participar também e me fazer companhia. Ambas tiraremos notas baixas, claro.
- Não se preocupe com aquele idiota, ainda acabaremos com ele - o modo como falou me assusta.
- Como assim?
- Eu sei que foi o babaca que lhe machucou, você mente muito mal.
Cristhopher, marido da minha mãe, mais conhecido como babaca, me empurrara da escada uma semana antes por eu ter simplesmente dito que o odiava - a verdade, apenas.
- Desculpe, é só que é... Vergonhoso contar pra alguém.
- Tudo bem. - ela não parava de sorrir - digamos que te entendo - levantou a manga da blusa e mostrou uma marca roxa no ombro direito. Sua mãe. - ninguém entende que, às vezes as mães podem ser tão ruins quanto pais ou padrastos.
Dei de ombros e sorri. Ela me entendia. Eu não estava sozinha.
Eu estava tão sozinha.
O escuro se tornou luzes brancas ofuscantes e notei que estava me movendo. Olhei para minhas pernas e elas estavam amarradas em uma maca. Ótimo, hospital, era exatamente o que eu não precisava no momento, de algum idiota perguntando como me sinto.
Fechei os olhos novamente, tentando voltar àquela escuridão, porém a imagem de Candy surgiu em minhas pálpebras e não suportava olhá-la novamente daquela maneira. Passei então a fitar o teto da ambulância.
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#Wattys2016 Em Meio Aos Girassóis
Roman d'amourEu queria trazer de volta as respirações dela, porque parecia não existir mais oxigênio sem ela por perto. Queria contar a ela como ele cheirava a uma manhã de Natal e como eu adorava sentir sua pele tocando a minha, mesmo que em um inocente aperto...