Uma vez, quando eu era pequena, perdi 30 minutos alinhando meus livros didáticos. Depois que fiquei satisfeita jurei ignorar desajustes com todas as minhas forças, com o objetivo de não acabar como a minha mãe. Isso vinha funcionando até que vi a mancha azul de tinta de caneta na bochecha de James.
Baixei o olhar durante todo o caminho do parque e agora focava absolutamente toda a minha concentração para cortar meu pedaço de pizza enquanto ele tagarelava sobre a iluminação exagerada do shopping.
- Não deixe que a pizza e vença, bailarina. - brincou ele.
- Como você é engraçado - ironizei, cometendo o erro enorme de olhar para seu rosto e encarar perplexa o seu nada natural blush azul.
Respirei fundo e soltei:
- tem uma mancha na sua bochecha me incomodando, já não aguento mais.
- Ah droga. - ele murmurou, tentando limpar.
- é de caneta, só vai sair com água. - eu esclareci o óbvio.
James se levantou apressadamente e sumiu de vista.
Como eu era... idiota. Além de grossa, estava sendo completamente mal educada com ele enquanto ele tentava ser legal. Quantas vezes eu poderia cometer o mesmo erro?
Beberiquei um pouco do meu chocolate quente enquanto Marcus sorria pra mim, aproximando-se da mesa.
- Atrasado. - murmurei, em tom de brincadeira.
- Desculpe, te vi do estacionamento e acabei tendo que te admirar.
Revirei os olhos, sem conter o sorriso.
Não conseguia deixar de reparar que seus olhos mudavam de cor conforme a iluminação, quando ele chegou, seus olhos reluziam um verde esmeralda e agora, tomando café expresso na minha frente e devorando muffins comigo estavam de um tom azul esverdeado que me lembrava como era o mar.
Enquanto sua postura, cor da pele e seus olhos exalavam-me tranquilidade, seu sorriso era um completo oposto, ele era triste, perdido, caótico... Como se todo um lado sombrio dele se escondesse por trás desse sorriso.
E como eu adorava aquilo.
Fazia com que eu sentisse que ele fosse mais igual a mim, alguém com medos, traumas, incertezas... Alguém que precisa de amparo.
Eu queria ampara-lo.
- Desculpe, eu tinha estourado uma caneta de manhã e achei que tivesse... Você está bem?
Pisquei algumas vezes, esforçando-me a ver o que estava realmente acontecendo. James estava em minha frente, com a mesma expressão preocupada/frustrada da noite anterior.
- Desculpe, eu...eu... - sussurrei, ainda confusa - eu acho que não é uma boa ideia estarmos juntos.
- O que? Por quê?
- Desculpe... só é melhor não.
Ele olhava-me como se eu fosse uma equação difícil demais para resolver.
- Você está sendo arisca de novo... como uma gata - sentenciou, mas eu não podia explicar, nem eu entendia direito. - Tudo bem, se eu estava sendo um porre era só dizer. Vou te levar pra casa.
- Não é isso, James. - Baixei a cabeça, culpada - eu estou tendo dias difíceis.
- Então senta - ele guiou-me de volta à cadeira - e me conta o que aconteceu, como eu quase não te conheço, não vou te julgar.
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#Wattys2016 Em Meio Aos Girassóis
RomanceEu queria trazer de volta as respirações dela, porque parecia não existir mais oxigênio sem ela por perto. Queria contar a ela como ele cheirava a uma manhã de Natal e como eu adorava sentir sua pele tocando a minha, mesmo que em um inocente aperto...