IV - A Bailarina Ganha um Encontro, Mesmo Não Querendo

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Eu corria pela floresta com um vestido azul marinho e os cabelos enrolados em um coque, estava fugindo.

Tropecei em um galho de árvore e gritei o mais alto que podia enquanto o caçador se aproximava de mim, seus olhos castanhos e maliciosos fitavam-me, tirando meu ar. Eu realmente estava passando por isso uma segunda vez?

- Oi linda... - ele começou, mas o som da sua voz foi abafado por mais gritos meus. - está com medo?

Congelei no lugar. Aquele dialogo de novo. Toda à vez era assim.

- Não. - respondi e sai correndo - eu nunca estou com medo.

Parei em frente a uma casa de campo do tamanho de uma casa de bonecas e bati na porta, um homem de 40 centimetros de altura puxou-me para dentro da casinha e colocou uma maçã na minha boca para calar-me. Reajustei minha respiração e mordi a maçã, tinha gosto de estragada.

- Não deveria andar por ai sozinha, esse bosque é perigoso - repreendeu-me o homem enquanto outros deles apareciam, como se escorressem pelas paredes.

- Eu... Eu me perdi.

Era estranho levar sermão de um homem menor que uma mesa de jantar, mas, ao olhar e seus olhos e ver seu olhar cansado e experiente, fiquei constrangida por tê-lo decepcionado.

Dei outra mordida na maçã e abri os olhos.

Eu estava na cama de Joe, deitada em seu pequeno peito acolhedor de 5 anos e meio com o celular jogado debaixo das coberta e o fone com o Kurt sussurrando-me que não ia enlouquecer.

" I like it, I'm not gonna crack.

I miss you, I'm not gonna crack.

I love you, I'm not gonna crack.

I killed you, I'm not gonna crack."

Eu também esperava não enlouquecer.

Levantei-me e coloquei a primeira roupa que vira no guarda-roupa, uma blusa de uma banda da qual já não gostava mais e um jeans desbotado. Amarrei meus cabelos em um rabo de cavalo e olhei-me no espelho. Nada mal.

Não queria ir para a escola nunca mais, porra, eu vira minha melhor amiga enforcada naquele lugar. Mas precisava levar Joe pra escola e depois eu poderia gastar meu dinheiro com o trabalho de fim de semana na locadora, na livraria e na cafeteria que ficava em frente desta.

- Onde você foi essa noite, Line? - perguntou-me Joe no caminho para a escola dele.

- Eu era a branca de neve de novo! - suspirei com uma raiva forçada. - só que dessa vez foi diferente do mês passado, eu só estava correndo pela floresta, achei os anões e ganhei uma maçã e um sermão por andar no bosque sozinha... Chato, como você deve ter notado.

Ele bufou e eu o imitei.

- Line, acho que ele está olhando pra você. - sussurrou Candy ao meu lado na parede de livros e ambas encaramos o loiro alto que estava sentado nos bancos do outro lado da livraria, debruçado em um livro. Ele ergueu o olhar em nossa direção enquanto Candy fitava a estante e nossos olhares se cruzaram. Seus olhos cor de esmeralda congelaram-me no lugar, eu sorri e minha covardia falou mais alto, obrigando-me a virar e encarar as estantes de livros.

- Ele é lindo. - cochichei a ela e minha visão periférica o captou se aproximando.

Virei e dei meu sorriso mais desafiador enquanto ele estendeu um livro em minha direção.

- Você vai gostar deste. - ele disse e virou-se para ir embora - página 65. - cochichou.

Abri o livro na página 65 e tinha um post-it com um "Marcus" e um número de telefone.

#Wattys2016 Em Meio Aos GirassóisOnde histórias criam vida. Descubra agora