Um desejo finalmente saciado
Thomas caminhava a passos determinados, um pouco atrás da menina, que acompanhava o qual agora era considerado o pato desagradável, por ter interrompido aquele momento romântico. Ela andava a curtas passadas, questionando a segurança de seus objetivos, com os olhos fixos na estrada adiante, que parecia aumentar a cada passo que davam. Enquanto se locomoviam, perguntas cada vez mais difíceis de solucionar apareciam em sua mente. O que ela fazia? O que sentia pelo garoto que conhecera há pouco tempo? O que será que ele sentia por ela; seriam sentimentos parecidos? Pelo jeito que ele a tratava, pareciam ser quase siameses.
Dando uma olhada de canto de olho para trás, percebera que ele também estava perdido em seus devaneios; ela daria tudo para saber o que se passava em suas fantasias. Voltando-se para frente, procurava alimentos nas proximidades para que pudessem saciar a fome, ouvindo a linda melodia assovia da por pequenos e delicados pássaros. Unindo-se a eles, resolveu participar do coro, entoando lentamente um simples trecho de uma música que conhecia, já que essa era muito comum e os ritmos combinavam. Era assim desde que era pequena: enquanto cantava todos paravam para ouvi-la, exceto si própria; portanto somente nesse momento reparou que seus tons se aproximavam dos de sua mãe, lembrando-se deles exatamente como eram. Podendo, agora, ouvir e sentir a união de suas vozes.
Com um sorriso surgindo de dentro de si, começou sua estranha dança novamente, aquela que funcionava para todos os momentos e era somente uma junção de movimentos aleatórios. Virou-se para Thomas, observou que este sorria de lado, confuso e feliz. Perdendo aos poucos a vergonha, puxou-o pelo braço e iniciaram uma versão da coreografia juntos, ao som das notas emitidas pelas pequenas figuras presas às árvores. Ela agora via plenamente como ele era incrível em todos os aspectos: elegante, charmoso, encantador, esperto, altruísta, audacioso... Com vergonha dessas visões passando pela sua mente, teve um grande ataque de riso nervoso, que logo se tornou puramente verdadeiro, pois quando olhava para o rapaz, não conseguia mais parar. Sua risada era exótica, a qual conseguia refletir sua diversão; quando ia puxar o ar, parecia um porquinho filhote.
- O que foi agora? - Bravo por pensar que ela estava rindo dele, mas ao mesmo tempo rindo da situação, Thomas indagou.
- Nada! - Ela respondeu sua risada voltando a seu tom nervoso de antes.
- Sua risada é maravilhosa, sabia disso? - Ele sorriu, observando Emma apaixonado.
Tímidos e calados, naquela imensa e perfeita paisagem onde as grandes árvores eram enfileiradas e cheias de uma linda folhagem avermelhada e amarela de um outono frio, que caía entre os dois enquanto se aproximavam e viam-se refletidos nos brilhantes olhos um do outro. Chegando cada vez mais perto, o garoto que antes só segurava na mínima cintura da pequena menina agora a estava erguendo com seus fortes braços, levando-a até si. Delicadamente, uniram-se em um confortante e apaixonado beijo, juntando-se como se fossem um único ser no meio do nada.
Uma das mãos de Thomas percorria os longos cabelos ondulados da garota, enquanto a outra acariciava suavemente sua bochecha corada. Ela sentia-se como se tivesse nascido para amar aquele rapaz; durante o tempo em que ficaram abraçados, ela não se lembrou de Erick uma única vez. Uma brisa gelada percorreu seus corpos, fazendo eles se unirem ainda mais forte em seu abraço. Seus braços, antes rígidos, encheram-se de vida, percorrendo cada milímetro daquelas mechas loiras macias que caiam sobre seus olhos, seus braços musculosos que a prendiam de um modo amoroso e faminto, sua face vermelha como a dela se encontrava naquele instante.
Muito tempo depois, os amantes soltaram-se com relutância. Emma não saberia dizer se havia sido apenas um beijo ou muitos se misturaram entre momentos carinhosos em suas faces. Thomas, após recuperar o fôlego, olhou atentamente nos olhos cinzentos da garota, e disse:
- E agora, provei que sou melhor? - O seu meio sorriso fez Emma querer abraçá-lo novamente, porém ela conseguiu se controlar por tempo suficiente para respondê-lo:
- Agora conseguiu até me convencer! - Ela sorriu de volta para ele. Os dois ficaram mais alguns segundos se encarando profundamente, decorando cada detalhe da aparência um do outro; uma batalha entre olhos dourados e cinzentos, como a luz e as trevas, travara-se: o perdedor seria aquele que desviasse o olhar primeiro. Thomas perdera, pois fechara os seus olhos, encostando sua testa na da garota.
- Pode cantar um pouco para mim, por favor? - Pediu ele, em forma de sussurro, suas mãos colando-se à cintura de Emma. - Queria poder dançar mais um pouco com você. - Completou ele, romanticamente.