Emma penteava seus longos cabelos ruivos. Ela estava terminando de se arrumar, pois Erick passaria a qualquer minuto. Checou suas roupas e maquiagem pela milésima vez: tudo estava no lugar. Menos o coração da garota... Fazia sete anos que vira aquele rapaz que tanto amara irromper no ar; porém, até os dias atuais ela sentia como se fosse naquele momento. A dor nunca diminuiria, nunca se tornaria suportável. Thomas ainda era um nome do qual se lembrava com muito carinho antes de dormir, o que obrigava Tia Amy a lavar sua fronha todos os dias.
Theresa estava em cima de sua cama, brincando com Morango e Amora, o pato com as marcas na cabeça. Os dois estavam velhos porém, com todo o cuidado da menina, eles ainda brincavam. A garotinha morena com intensos olhos verdes adorava ficar com Emma e Amy, mas era a filha adotiva de Alexander e Logan; a ruiva era a madrinha. Eles viviam imensamente felizes no sobrado exótico, que agora parecia um zoológico, pois eles vinham cuidando de muitos animais.
- Emma, ele chegou. Você está tão linda, minha menina. Ben provavelmente diria que você está mais bonita que a rainha da Inglaterra. - Tia Amy irrompeu no quarto da garota, sorrindo e colocando as madeixas que ela tinha acabado de pentear atrás de sua orelha. - Fique aqui Theresa, já vamos brincar juntas.
Elas desceram as escadas até a entrada da casa que tia Amy havia comprado desde que deixara o orfanato. A mulher sofreu de uma doença muito grave: seria maléfico deixá-la perto das crianças. Desde então, aquele local era onde elas moravam.
Sentado no sofá, um lindo homem de cabelos escuros esperava-as sorrindo, com um buquê de rosas nas mãos. Caminhou em direção a Emma logo que esta entrou no cômodo.
- Uau, que lindeza é essa diante de meus olhos? Sou digno de presenciá-la? - Exclamou com a voz em tom zombeteiro, enquanto abraçava-a.
- É claro que é, Erick. Não tem quem mais mereça ver essa "beleza" do que você. - Respondeu ela, tentando parecer feliz, e não pensar em quem realmente merecia vê-la naquele estado. Eles passaram um tempo conversando com tia Amy antes de partirem em direção ao parque. O mesmo onde ela falou com Laurel pela primeira vez. Aquele que lhe trazia tantas recordações...
Chegando ao local, perceberam que as flores haviam mudado de cor: da última vez em que tinham ido, eram cor-de-rosa; porém, naquele dia, eram azuis como safiras, provavelmente modificadas em laboratório. Sentaram-se em um banco, próximo à árvore onde Emma lia sete anos antes.
- Meu amor. Eu te amo tanto, você sabe. - Começou Erick, analisando-a com paixão. As palavras lhe escapavam naturalmente, como se falasse exatamente o que estava em seus pensamentos. - Estamos juntos há cinco anos. Nesse tempo, eu percebi que eu fui um idiota por nunca ter reparado em quão maravilhosa você sempre foi. Tão tímida de um jeito misterioso... - Ele sorriu. Emma retribuiu o sorriso, mas sentia-se morrendo por dentro, sentia-se culpada por não retribuir todo o amor de Erick.
O moreno ajoelhou-se aos seus pés. Estendeu-lhe uma caixinha aveludada: abrindo-a, revelou o anel mais bonito que a garota havia visto. Suas laterais eram douradas e, ao centro, uma pedra avermelhada em formato circular pendia elegantemente. Emma demorou alguns segundos para perceber qual pedra era aquela e quando percebeu, congelou. Era a pedra que ela sempre carregava consigo, a que abrigava todas as lembranças de seus momentos com Thomas.
- Emma Campbell, você me aceita como o seu marido? Prometo te fazer a mulher mais feliz desse planeta! Realizarei todos os seus desejos, hoje e sempre. - Erick parecia nervoso, mas muito feliz, quando se declarava e a pedia em casamento.
Emma começou a chorar. O homem que estava à sua frente não poderia fazê-la totalmente feliz, muito menos realizar todos os seus desejos. Lágrimas escorriam por seu rosto como na ocasião em que perdeu seu amor verdadeiro. Ela nunca mais o veria. Ele nunca mais se lembraria dela. E agora, outro homem, com o mesmo nome, oferecia a ela uma chance de deixar o seu amado no passado.
Mas daquela vez, Emma não o deixaria escapar.
- Eu aceito.