38 - Nostalgia parte 1

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Eu fiquei paralisada olhando para seu rosto, quase irreconhecível . Nesse momento, cada nervo do meu corpo dizia para eu correr e abraçá-lo, porém eu não esqueci o que ele fez. E como dizem, quem faz uma vez, pode fazer de novo depois.

Tanto tempo se passou, não posso deixar o restinho do amor que tenho por ele, voltar. Afinal, ele não deu uma resposta concreta para me dizer o por quê que ele voltou. Tudo tem um porquê. E eu vou descobrir esse motivo.

- Eu estava com tanta saudade de você... - ele aproxima a mão do meu rosto e eu recuo.

Confesso que estou com medo. O tempo faz a gente mudar, e eu não o reconheço mais. Ele pode ser um serial Killer, e eu não sei. Pode ser um traficante perseguido pela FBI, pode ser uma pessoa simples e normal que resolveu recomeçar a vida de um jeito diferente, não posso confiar.

- Eu sei que esta confusa, meu amor. Mas eu mudei, eu juro. - ele diz olhando bem nos meus olhos e dando um espaço para mim.

- Eu não ligo. - digo de maneira fria e seca, engolindo as lágrimas. - Não quero ter uma vida contigo, você perdeu todo o meu respeito. Então seja lá o que você veio fazer aqui, pode ir embora!Afinal em poucos dias, não estarei aqui - digo ainda segurando as lágrimas, me viro de costas e saio andando.

Nem olhei para trás, apenas fiz isso, porque eu sei que eu ia acabar cedendo, e iria dar uma nova chance para ele. Mas eu não posso fazer isso. Pela minha mãe, por mim.

- Lissa! - ele disse e veio correndo até mim.

- Se você não me deixar ir embora, eu vou gritar e pedir para que chamem a policia, então com licença. - digo e continuo andando e ele puxa meu braço.

- Você vai ficar aqui e conversar comigo. - ele diz sério e depois solta um sorriso.

- Me solta! - digo um pouco mais alto, tentando me soltar.

- Então é isso? Você fica quatro anos com sua mãe, vira uma garota rebelde, que me falta respeito em locais públicos? Que bom, a justiça vai adorar saber disso.

- Eu apenas cresci. Do que você está falando? Que justiça?

- Assunto de adulto. - ele para de falar por um tempo e em seguida retorna com um sorriso - Por que não se senta em uma mesa do outro lado da praça? Podemos conversar melhor.

- Não tenho nada para falar contigo, posso ir embora?

- Não, vamos! - ele diz segurando meu braço e e puxando até o outro lado da praça.

Nos sentamos em uma mesa, ele pediu um café e eu preferi não comer nem beber nada. Apenas ficava olhando as horas para saber se já tinha mais de uma hora que eu saí de casa... 20 minutos.

Fiquei olhando para seu rosto calada apenas ouvindo ele dizer que me amava, que havia mudado, que queria recomeçar, que eu tinha que obedecer ele, porque por lei, ele ainda tem a minha guarda.

- Já acabou? Porque se já, você não é nada convincente. Dá próxima coloca uma doença no meio, iria ser mais fácil de acreditar.

- Filha, vou ficar aqui por um tempo, colabora..

- Só você, porque eu vou embora daqui, e você não vai se comunicar comigo.

- Vai para onde?! Quem autorizou?

- Você estava declarado como desaparecido, apenas minha mãe tinha controle de tudo sobre mim, e assinava duas vezes.

- E eu não estou mais?

- Vou pedir para declarar a morte! - digo sorrindo

- Lissa, não sabe o que está fazendo.

- Sei exatamente, com licença. - pego minhas coisas e me levanto.

- Entrarei em contato - diz acenando

- Irei ignorar - digo indo embora

Achei estranho ele não ter me forçado ficar mais uma vez, acho que tinha alguém olhando ou algo do tipo.

Fui andando e parei para atravessar a rua. Aproveitei para ver o meu celular.

10 mensagens e 3 ligações perdidas.

Meu Deus é o fim do mundo! Se for minha Mãe? acho melhor eu fugir!!!

O sinal abriu, guardei o telefone e atravessei a rua, e para a minha sorte alguém esbarra em mim.

- Desculpa - diz o menino alto de cabelos claros e olhos claros também

Ele não deve ser daqui, que criatura celestial!

- Não foi nada... - digo sem tirar os olhos dos seus olhos

- Menina? Está tudo bem? - ele diz acenando com a mão na frente do meu rosto.

- Ah sim, está sim. Desculpa - sorrio timidamente - É que seus olhos são incrivelmente lindos! Você é daqui? - digo andando até a calçada e ele me acompanha.

- Não - sorri - sou de Londres, na verdade, do Sul do Brasil, mas vivi a vida em Londres!

- Que legal, eu estou indo para Londres daqui a uns dias! - sorrio

- Então é você, oi Lissa! - sorri

- Como sabe o meu nome? - digo assustada

- Sua Mãe, me contratou. Eu sou um "londrino" que conhece Londres, e ela não quer que você fique sozinha, então, como sua mãe conhece minha família, ela perguntou se eu podia te ajudar a se adaptar!

- Mas você não devia estar em Londres?! - digo ainda confusa

- Não - sorrio - vou com vocês, inclusive eu estava procurando a sua casa para acertar tudo com a sua mãe!
- Isso é estranho... - eu digo com cara de assustada e confusa.

- Não se preocupe, garota. Eu sou confiável.

- Desculpe-me, mas não posso acreditar. Me prova que posso confiar em você, por favor. - digo olhando para o chão e depois para seus olhos.

- Bom, vou lhe mostrar a mensagem que tua mãe me mandou - ele diz pegando o telefone.

Fico esperando encostada na parede de uma loja, enquanto ele mexe no telefone.

- Aqui está - ele me mostra uma conversa no whatsapp

- Então você está procurando meu endereço...Vem eu te levo - sorrio andando.

Eu ainda estava com medo, mas ele parecia uma boa pessoa.

Ele estava usando uma blusa da Nirvana, aquela banda de rock que tem um sorriso com "x" nos olhos. Apesar de eu nunca ter ouvido se quer uma música, acho esse símbolo o máximo!

Também estava com um gorro na cabeça que cobria quase todo o seu cabelo, mas ainda podia ver os fios claros. Ele tinha um piercing no nariz, era de argola e era prateado. Eu adoro esse tipo de piercing.

Fomos o caminho todo calados. Eu apenas fui chutando tudo que acabava que ele era, no pensamento.

"Será que ele é rockeiro?"
"Será que ele odeia o Justin Bieber?"
"Será que ele é legal? "
"Apresento ele ao Lucas?"
"Ele tem cara de 18 anos, então como vou ir para a escola sozinha?"
"Porque minha Mãe não me avisou antes? "

Fui pensando coisas assim o caminho todo, até que chegamos em frente ao meu prédio.

- É esse aqui, vamos entrar. - digo abrindo o portão.

- Eu acho que vou ficar por aqui, Lissa. - diz entrando na recepção

- Porque? - digo parando na frente dele

- Você mal me conhece, sua mãe pode se assustar ao ver um menino que ela só viu na tela, entrando na casa dela...

- Então vamos para o play. Pelo menos você conhece meus amigos.

- Tudo bem - ele diz me seguindo.

Subimos para o play, ainda eram 16:30, então dava tempo para subir depois e tomar um banho para encontrar o Lucas

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Planos Impossíveis {hiatus}Onde histórias criam vida. Descubra agora