Esfreguei a minha mão no rosto tentando aliviar aquele estresse que estava, porque queria ir comer com os meus amigos e agora meu supervisor havia me parado no meio do caminho para contar uma piada?
— Não tenho ideia Carlos, por que será que ele fez isso?— respirei fundo controlando a vontade de socar ele.
— Porque ele precisava de alguém que soubesse ouvir sem o interromper! —gargalhou sozinho de sua piada sem graça.
— Outra piada que inventou sozinho?
— Como descobriu?
— Porque se tivesse graça não teria sido você que a teria escrito — escutei algumas risadas em volta de mim, pelo jeito alguém deve ter escutado a nossa conversa.
— Qual é Juliana, eu tento sempre evoluir, não precisa ser assim comigo. Por que está tão ranzinza?
— Fome — informei entre os dentes e apontei para o refeitório e depois olhando para o meu relógio vendo que estava perdendo o meu tempo precioso de folga para discutir sobre piadas sem graça.
— Beleza, vá comer, quando voltar eu voltar uma melhor pra você, pode ser?
— Gostei agora. Então posso ficar por lá até encontrar uma piada boa, é isso? — perguntei sorrindo e dando alguns passos para longe dele e na direção do refeitório.
— Como assim? Não entendi...Espera, Juliana!
Acabo rindo quando finalmente ele compreende o que eu estava dizendo e aumento meus passos para longe dele, porque queria muito ir encontrar meus amigos, a fome nem era tanto, todavia conversar era a parte mais importante de todas. Continuo a caminhar para sair do local onde aconteciam os atendimentos.
— Não invente de ficar lá até eu ter... — sua voz morreu no meio do caminho, porque caso a terminasse iria admitir que era péssimo em criar piadas e ri com aquilo.
— Não se preocupe Carlos, eu volto e estaria de ouvidos abertos para você — sumo dobrando um corredor.
Passo numa maquina e compro um sanduíche e vejo dois braços balançando no final do refeitório, eram os meus amigos. Aumento as passadas e vou mastigando o sanduiche pelo caminho, porque o meu tempo era curto para perder qualquer minuto sem fazer nada.
— Por que demorou tanto? — Eliria limpando a boca num guardanapo.
— Cliente querendo explicação para cancelar um plano e depois o Carlos com suas piadas sem graça — sentei na cadeira na frente dela e dei uma mordida no sanduiche.
— Por que não a encaminhou logo para o setor de cancelamento? — meu colega Fabricio comendo um brigadeiro e tomando refrigerante depois que deu uma mordida no doce.
— Você sabe que a Ju é assim com todo mundo Fabricio, ela é viciada em ajudar, que nem com o Carlos, é a única que atura as piadas dele.
— Mas não tem como aturar aquelas coisas sem graça, ele nunca acerta uma.
— Olha quem falando Fabricio, por que não para de comprar esse brigadeiro ruim? — pergunto dando uma mordida no meu sanduíche.
— Porque eu não...
— Porque ele não consegue conversar com a moça que o vende sem ter que comprar um — Eliria gargalhando.
— Engraçadinha, e quanto ao caso com o Elvis todo mundo já esqueceu do assunto? — sussurrou Fabricio fechando os olhos para dar a última mordida no doce e virando o refrigerante rapidamente dentro da boca dele engolindo como se tudo fosse ruim.
O assunto Elvis era algo que precisávamos conversar em tom baixo, porque havia muitos atendentes por ali que pertenciam a equipe dele e por ele ser um cara legal, com certeza sairiam correndo para contar para ele sobre a fofoca.
— Xii, fala mais baixo esse assunto. Já resolvemos, mas ainda ninguém tem ideia quem foi que aprontou com ele — sussurrei, olhei para os lados e controlei a risada e acabei me engasgando com a comida que estava mastigando.
— Isso tudo para ter uma movimentação por aqui, não é Juliana? Você sai de zero a cem muito rápido — Eliria rindo.
— Eitcha, essa eu não entendi.
— Garota, você gosta de emoção, mas quando está em atendimento é bem tranquila, entendeu? Como consegue isso? — Fabricio levantando, cutucou Eliria no ombro que olhava para uma direção no refeitório que quando segui seu olhar, Elvis havia surgido com sua roupa costumeira, jeans, camisa de manga longa e cabelo sempre penteado para trás com gel.
— Será que a mãe dele colocou esse nome por ser parecido com o cantor de rock? — Eliria soltando um suspiro. Nós conhecíamos o seu amor platônico por ele.
— Por isso que tentei aquilo de ficar trocando cartinhas no quadro de avisos, vai que desse certo alguma e ele respondesse? Mas o tapado o que fez? Só ignorou e contou para a equipe inteira dele — sussurrei de boca cheia. — Não teria como a mãe dele saber que ficaria parecido, só se ela é fã, aí de tanto ele ouvir e ver posters em casa do cara resolveu seguir na mesma vibe, ta ligada? — Continuei no mesmo tom de voz.
— Pode ser, pode ser — Eliria ainda observando Elvis caminhar pelo refeitório e cumprimentar alguns colegas seus supervisores. Fabricio a cutucou no ombro, como ela não virou para ele, puxou o ombro dela e apontou para o relógio. — Gente, vamos, se não vamos logar atrasados. Até depois Ju, conversamos mais depois.
— Uhum, com certeza e quanto ao cantor de rock? — apontei com os olhos para Elvis.
— Para com isso garota.
— Mas sabe que estou sempre junto com você, não é? Não importa suas escolhas.
— Sei disso. Tchau, até mais.
Os dois sumiram pelo corredor conversando. Estiquei minhas pernas de baixo da mesa e joguei o corpo para trás e apoiei a cabeça no encosto da cadeira enquanto encarava o teto, fecho olhos e continuo a comer meu sanduíche. Sinto alguém do meu lado e abro os olhos vendo Elvis parado ali me encarando.
— Eu queria ter uma conversa particular para esclarecer sobre o A não fechado no quadro de avisos.
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Quando trombei em você
RomanceJuliana depois de perder o emprego se mete numa corrida clandestina com seu carro que possui modificações nada comuns para a corrida que fará e quando Heck descobre as coisas complicam e sua noite começa a ter muita confusão e ação, até mesmo tendo...