Capítulo 7 Juliana

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— Mas eu iria apenas dizer que queria...

— Quieta, fizemos um acordo e não quis cumprir. Perdeu meu respeito, agora cala a boca.

— Olha aqui eu não sou de...— retruquei erguendo a voz.

— Acho que não entendeu mina, o problema aqui — Heck puxou uma arma de trás do cós de sua calça e apontou para mim.

Engoli em seco. Onde havia se metido Juliana? Porque saí de casa naquela noite? Eu poderia ter tirado ela facilmente dele, mas quando pensei em fazer isso escutei um bipe e olhei para trás e vi o bolinha sendo içado e a vontade de agir sumiu completamente de dentro de mim. Mesmo se desarmace ele, como tiraria o bolinha lá de cima?

— Eu...eu...eu — gaguejei sem saber como agir naquele momento.

— Porra, nem com uma arma apontada cala a porra dessa boca? Agora senta naquele sofá antes que eu perca a cabeça! — Heck gritou apontando para o sofá com a arma.

Fiz exatamente o que ele pediu. Sentei no sofá e fiquei apenas observando tudo com o meu coração batendo rápido no peito e controlando a vontade de fazer besteira para tirar o bolinha lá de cima, contudo com Heck com uma arma seria impossível de sair ilesa. Cruzei as pernas e coloquei uma mão entre elas e apertei com força a minha coxa tentando aliviar a tensão que estava com aquilo.

— Sempre sabendo como colocar as minas no lugar delas, não é Heck?— o mesmo homem negro aparecendo e parando ao lado de Heck.

— Uhum B13.

Um rapaz vestindo um macacão preto surgiu embaixo do bolinha olhando ali, suas pernas não pareciam gordas. Será que era do tipo magro embaixo e barrigudo em cima? Nem sabia o porquê de estar pensando naquele tipo de coisa naquele momento na situação que me encontrava. Acabei arregalando os olhos quando ele foi direto para a frente do carro, como se estivesse seguindo alguma coisa. Meu coração palpitou mais ainda do que devia. Mordi as bochechas por dentro para não demonstrar que estava tensa com aquilo. Abri as pernas relaxando no sofá, depois enfiei as mãos nos bolsos, fechei as mesmas e finquei as unhas nas palmas da mão com força. A dor aliviou a tensão, porque a vontade era sair batendo em todos e dar um jeito de sair com bolinha dali de dentro. Não teria como escapar dali queimando pneu e não sairia dali sem o bolinha. Onde você se meteu dessa vez, Juliana? Por que não escutei com atenção as orientações dos quepes?

— Qual é, mina? Por que toda essa surpresa? — Heck sentou ao meu lado no sofá, colocou a mão em volta da minha cintura e falou no meu ouvido. — Não tem ideia como me deixou interessado agindo assim. Não quer mesmo ir lá no meu escritório comigo? Esqueço até mesmo dessa coisa do seu carro ter ganhado a corrida, o que achas?

Olhei para a mão dele. Apontar uma arma para mim, o bolinha fora de alcance, estava começando a ficar sem paciência com tudo aquilo. Só que precisava seguir as orientações dos quepes " Em momentos de tensão Juliana, respire fundo e foque em algo que lhe faça tirar do momento" Respirei fundo. Desviei o olhar para ter mais tempo para pensar em tentar ficar mais tranquila quanto aquilo se não perderia a cabeça e não seria nada legal para ninguém.

— Hum gatinha ficou envergonhada — Heck falando ao pé do meu ouvido e aquilo me fez ficar mais em alerta e me dei conta que se saísse dali viva precisava saber mais dele para futuros problemas que poderia causar, porque era certo que não sairia daquela garagem tão facilmente como entrei.— Mas tipo posso encontrar umas desculpas para irmos para lá. Eu e você num local bem gostoso. O que achas?

Com certeza se fosse com ele descobriram sobre o que o bolinha fazia e nunca mais sairíamos dali. Então foquei no precisava fazer. Estiquei a minha mão por trás dele e tateei seu bolso da frente. Ele beijou meu pescoço. Depois cacei no bolso de trás e encontrei a sua carteira, a enfiei no bolso da minha calça. Ele mordeu a minha orelha. Soltei um riso, porque senti cócegas daquilo e o empurrei de leve rindo. O meu disfarce de moça ingênua ainda estava funcionando quando vi seu rosto relaxando me olhando.

— Entendi, vou dar uma...

— Eu preciso ir no banheiro, posso?

— Claro, fica naquela direção.

Entrei no banheiro e pude finalmente soltar a respiração que estava segurando. Fui até a pia e fiquei me encarando. Pensei " Onde se meteu Juliana? Era só ter pego o dinheiro e sair daqui e agora está com seu carro pendurado lá, podendo levar um tiro quando descobrirem a verdade sobre ele. Ou pior quererem usar a tecnologia para modificarem os carros deles de graça." Bufei e soquei o espelho. Não tinha ideia como resolveria aquele problema? Havia prometido que não me defenderia apenas por defesa, contudo naquele caso eu mesma que havia causado todo aquele problema quando menti que não havia nada de diferente no bolinha. Respirei fundo fechando os olhos. Eu poderia aceitar o convite de ir para o escritório dele e tentar me livrar dele sozinha, mas ele poderia usar a arma e muita coisa poderia dar errada. Bufo irritada, jogando a cabeça para cima, quando abro os olhos vejo uma janela aberta.

— Hum, como seria mais fácil usá-la como rota de fuga para sair daqui, mas o que eu faria com o bolinha?— fico por algum tempo encarando a janela sem me mexer.

Quando alguém bate na porta me assustando.

— Ei gracinha, precisa de alguma ajuda por aí?

Era a voz inconfundível de Heck. Ele não tinha a garota dele para se virar naquele momento? Por que estava atrás de mim? Foi aí que veio na cabeça a fala dele comentando sobre a garota que só surgiria quando tudo ali ficasse tranquilo. Aquilo me deu uma ideia horrível, mas quantas ideias piores que aquela já não tinha tido? Acho que nenhuma, mas para tudo tem a sua primeira vez. Corri para dentro de uma cabine sem bater com força os pés no chão.

— Calma ai, é que... o que comi essa noite não caiu bem no meu estômago e parece que resolveu sair pelos dois buracos — atirei a primeira coisa que vi dentro do vaso, um rolo de papel higiênico.

— Ui, eca. Pode ficar o tempo que quiser aí dentro, viu?

— Valeu — gemi, disfarçando que estava com muita dor.

Esperei alguns segundos. Não queria ficar mais ali nenhum minuto. Escalei as cabines, me pendurei na janela e olhei para trás pela última vez.

— Já volto bolinha. Só preciso de tempo.

Olhei para fora e procurei para onde ir. Ali naquele bairro havia muitas empresas vazias e algumas que poderia invadir, ficar por lá até a poeira baixar e voltar de madrugada na garagem para pegar o bolinha quando não tivesse ninguém, já que ninguém ficaria por ali, esperava eu. Vi uma árvore perto e me atirei nela segurando no galho, aquilo doeu, posso ter arranhado em algum local, contudo era melhor que levar um tiro pelas mentiras. Desço ela e corro pela rua e entro na primeira empresa que vejo uma janela aberta. Escalando muretas, grades e tudo que tinha pelo caminho.

Quando estou em segurança , respiro aliviada e percebo que a carteira de Heck ainda estava comigo e o dinheiro estava no outro bolso. Entretanto nenhum dinheiro pagaria o valor do bolinha.

— Agora vamos ver quem se trata esse tal de Heck, se esse é mesmo o nome dele — abri a carteira e tapei a boca quando li o seu nome.

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Quando trombei em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora