Algum tempo depois cansei de esperar escondida. Meu celular havia perdido, então não teria como pesquisar sobre aquele sujeito, teria que apenas encontrar papel e algo para anotar. Contudo ali onde estava não havia nada disso, teria que fazer de outra forma. Olhei para o meu relógio e estava bem tarde. Já deviam ter ido dormir. Era um bom momento para voltar lá e fugir com o bolinha de lá.
Sai do local e voltei o trajeto que fiz. Refazendo os movimentos. Subi na mesma árvore e do galho que havia me segurado pulei para a janela que ainda estava aberta. Sorri comigo mesma com aquele feito. Os quepes iriam gostar de saber que consegui recuperar o bolinha sem causar muitos problemas. Claro que não relataria para eles sobre como fiz a recuperação, se não entrariam em parafuso ou até mesmo me colocariam em castigo ou recolheriam a bolinha por algum tempo como fizeram da última vez.
Entrei pela janela, quando pulei da janela e pisei no chão, pisei em falso e meu pé virou me gerando uma dor terrível que tapei a minha boca para controlar a dor. Tudo por estar ansiosa demais por estar fazendo algo que nunca havia feito antes.
— Isso que dá contar vitória antes da hora — sai do banheiro mancando.
A garagem estava escura, contudo como estava acostumada já com o escuro não foi complicado reconhecer as coisas por ali. Avistei o bolinha ainda içado naquele maldito elevador. Resmunguei. Entretanto precisava antes de resgatar ele precisava amarrar meu tornozelo, se não seria impossível de dirigir, não podia dar bandeira em achar que daria tudo certo até chegar em casa.
Encontrei umas gavetas num canto e fui abrindo uma por uma e encontrei uma flanela limpa. Serviria para o que precisava no momento, mas depois passaria no hospital para ver melhor aquilo. A rasguei em três pedaços, depois mexi mais na gaveta e encontrei duas chaves bocas de quatorze polegadas, serviria para impedir que o pé dobrasse.Então fixei uma chave de boca de um lado do tornozelo e amarrei. Depois enfiei a outra por dentro da que já havia amarrado. Com as outras duas tiras amarrei melhor o pé, tornozelo para que não se mexessem. Agradecia muito minhas diversas horas vendo televisão e canais que ensinavam a sobreviver na selva. Por incrível que pareça aquilo parecia muito uma selva, já que todo mundo queria comer o outro de uma forma ou de outra. Vi sobre uma mesa alguns papéis, peguei uma chave de fenda e risquei num papel o número da carteira de Heck e seu CPF assim como seu nome completo para caso fizesse algo de errado, já estava tudo no escuro. Enfiei o pedaço de papel no bolso. Guardei a identidade dele na carteira dele e coloquei-a sobre uma mesa.
Agora era salvar o bolinha. Poderia ter alguém por ali. Ninguém deixaria aquele tipo de garagem sozinha sem algum vigia à noite. Então precisava fazer algo rápido quando o barulho do elevador começasse. Bati o dedo indicador no lábio olhando em volta mancando, tomando cuidado para não pisar com o pé machucado para não soltar um grito. Eu não era resistente à dor. Qualquer coisa eu gritava. Não estava afim de ficar na mira de uma arma tão cedo naquela madrugada.
Então vi um extintor num canto de uma parede. Olhei para o botão que aciona o elevador. Acho que aquilo daria certo. Agora teria que apenas subir lá em cima e entrar no bolinha carregando a coisa pesada. Não tinha ideia como faria aquilo.
— Tranqueira. Vamos lá Ju pense em algo, não deve ser algo complicado encontrar a resposta para isso. Quantas provas teve que resolver, problemas mais complicados que esse garota? — resmunguei então como se fosse um sino batendo na minha cabeça vi um troço de metal estranho atrás do carro.
Abaixei a cabeça e arregalei os olhos para ver melhor. Não acreditando no que via. Uma escada. Seria perfeito para o que precisava. Manquei até ela, a peguei tentando fazer o mínimo de barulho possível. A encostei contra o carro. Peguei o extintor de incêndio e a parte complicada que começou. Subir com aquela coisa pesada a escada sem cair e num pé só, usando o outro apenas como apoio para subir. Quando cheguei na porta do carro, nem pensei duas vezes, me atirei para dentro de corpo todo e extintor. Ali dentro estava me sentindo muito mais segura, mesmo estando alguns metros do chão.
Escutei o barulho da escada caindo. Praguejei. Devia ter tomado cuidado quando pulei para dentro do carro. Agora não tinha tempo, precisava terminar o que comecei a fazer. Abri a porta do bolinha e mirei o extintor no botão do elevador. Respirei fundo e o joguei. O acertei em cheio. Barulho foi terrível, porque aquilo bateu e acabou soltando aquelas coisas brancas para tudo que era lado depois.
O elevador começou a descer. A chave do bolinha ainda estava na ignição. O liguei e fiquei acelerando. Quando o elevador chegou numa altura suficiente para pular. Soltei o freio de mão e acelerei. Contudo havia esquecido das portas de metal da garagem fechadas. Só fechei os olhos e o bolinha entrou com tudo nelas as entortando e nos deixando livres.
Acelerei a toda quando pegamos a rua sem olhar para trás e nem o estado que deixei a porta da garagem. Não voltaria para aquele lugar nem amarrada.
— Mas sabe bolinha. Essa experiência de hoje nos mostrou que temos outros meios de ganhar dinheiro. Só precisamos ser mais cuidadosos. Quem sabe ganhar no segundo lugar ou terceiro quem sabe. Mas nada com apostas que não consigamos pagar, mas que nos forneça o mês inteiro de sustento. Como queria ver as imagens das câmeras das corridas ou de como escapamos lá de dentro seria da hora...Câmeras! Bolinha, câmeras eles podem descobrir tudo sobre nós...meu celular, caramba! Se eu colocasse senha como o Dennis sempre me alerta não teriam como entrar nele. Vou ter que voltar naquela joça pra apagar todo o meu rastro.
Dois carros começaram a me seguir. Mesmo eu tentando desviar pelas ruas eles não saiam do meu encalço, parecia que sabiam para onde estava indo. Aumentei a velocidade. Entrei num beco que conhecia, dei um drifft quando sai dele, andei de ré. Acelerei e dei um cento e oitenta para mudar de direção. Na próxima, os dois carros apareceram novamente. Não gostava de andar em alta velocidade em ruas pequenas, mas eles estavam pedindo. Eu sabia que o sistema que havia modificado no bolinha aguentaria. Forcei o motor ao limite para dar o estralo conhecido do maquinário modificado. Apertei o botão escondido no câmbio liberando as marchas seguintes não existiam num bolinha comum, pois cada marcha ajudava a resfriar o motor quando fosse necessário, essa parte ainda não havia testado bem porque precisava de muita distância para ter ideia de como resfriaria melhor o motor quando ele pedisse. Liberei mais gasolina por um botão ao lado do volante que fez o bolinha dar um salto para frente. Coloquei na nova marcha e acelerei. Então o capô tremeu, aquilo precisava arrumar com urgência, precisava de algo para aliviar a pressão que acontecia ali de baixo. Então o bolinha começou a pegar muita velocidade, de segundo em segundo, deixando os dois carros estranhos para trás.
Respirei aliviada quando não os vi mais pelo retrovisor. Entretanto não diminui a velocidade, não deixaria que nos pegasse. Precisei fazer curvas em alta velocidade usando a técnica do drift e aquilo me fez doer o coração, porque sabia que teria que comprar novos pneus depois daquela fuga, pois fazer drift em alta velocidade gastava muita a borracha, além os discos e as pastilhas dos freios iam para a banha, entretanto não queria ser pega. Nunca me pegariam.
Na esquina que faria para começar a voltar para casa, sinto o bolinha fazer um barulho estranho, depois engasgar, sacudir pra frente e para trás, a velocidade cair muito. Quanto mais eu tentava acelerar nada acontecia, até que parou totalmente no meio da encruzilhada. Olhei para o painel quebrado e bati a cabeça. Devia ter trocado aquela coisa quando tive oportunidade, mas resolvi ter apego emocional com ele. Respiro fundo e bufo.
Três carros param em volta de mim. Dois eu conhecia. Eram os mesmos que me seguiam. Acabei sorrindo vendo que era o mesmo camaro que estava na corrida. Eu era boa de gravar placas. Contudo, se ele estava ali, só podia significar uma coisa.
Abri a porta erguendo as mãos e sorrindo.
— Eai gente boa, quanto tempo gente? O que devo a honra desse encontro tão esplendoroso no meio da madrugada?
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Quando trombei em você
RomansaJuliana depois de perder o emprego se mete numa corrida clandestina com seu carro que possui modificações nada comuns para a corrida que fará e quando Heck descobre as coisas complicam e sua noite começa a ter muita confusão e ação, até mesmo tendo...