Capítulo XIII (Continuação)

315 27 15
                                    


-Pai, por favor! - Suplico. – Se és capaz fá-lo! Ao menos nunca mais terei de ver a tua cara!

Aproximo a minha mão à pistola que ele me está a apontar à cabeça e estou pronta para disparar contra mim própria. O silêncio apenas durou uns segundos e ouve-se um tiro forte. As gaivotas voam para longe com medo. O meu pai ajoelha-se à minha frente e cai no chão. O meu peito exalta-se ao ver o meu pai assim.

-Pai? Pai? Pai? - Pergunto ofegante, a tentar perceber se ele está vivo. - Onde está o Kasha? Diz-me, por favor!

-Es..tá...A...A...A... - A voz dele vai ficando cada vez mais distante.

-Onde?? - Pergunto arrepiada... - Estás-me a ouvir?

O meu pai estende-se completamente no chão. Não consigo chorar a morte dele, apenas fico a olhar sem reação. Sei que o que ele fez foi horrível, mas eu ainda tinha tantas perguntas para lhe fazer! Aliás, nem sabemos onde o Francisco está e muito menos se está vivo ou não... Olho para a frente e vejo a minha mãe perplexa a olhar para nós os dois no chão. Pronuncia de uma maneira silenciosa "Desculpa". Corro em direção a ela.

-Desculpa meu amor, mas não podia deixar-te morrer por causa daquele homem! - Diz ela, tentando desculpar-se.

Abraça-me fortemente e vamos em direção ao corpo do meu pai. No entanto, ao fundo, vejo o Cristovinho a correr com o Coimbra e de arma na mão!

-Já sei onde o Kasha está!!! -Grita ele, nervoso e feliz ao mesmo tempo.

Rapidamente ele e o Coimbra tiram as t-shirts que traziam vestidas e ficam apenas com as calças e aqueles músculos à vista. Saltam rapidamente para a água do canal. Desaparecem num ápice. Mas como é que ele estaria no canal? É bastante estranho, mas só espero que eles o encontrem! Eu e a minha mãe estamos de mãos dadas, à espera que isto seja um final feliz!

Os paramédicos acabam de chegar, assim como alguns carros da polícia. Os detetives chegam perto de nós para averiguar o corpo e retirarem-no dali.

-Os meus amigos estão ali! Eles suspeitam que o corpo esteja ali. – Exclamo eu para os policias que nos colocavam aqueles cobertores estranhos e que, supostamente, atenuam o sofrimento.

-Já estamos informados de tudo. A vossa amiga Joana já nos informou de tudo. – Informam-nos eles. Apesar de tudo, eles nunca mais sobem à tona.

Os nadadores especializados entram também dentro de água e o desespero em mim aumenta ainda mais. Olho para trás e vejo a Joana que, entretanto, chegou para saber novidades, sentada ao pé de um polícia. Ela tremia por todos os lados e mexia as mãos de uma maneira frenética, para tentar se sentir mais calma, mas nada mudava a ansiedade dela. Ela repara em nós e vem a correr ter connosco.

-Joana? – pergunto igualmente. Olhamos uma para a outra e damos um abraço forte.

-És a Sofia, a namorada do Kasha? O Cristo, onde anda? – Pergunta-me intrigada.

– Eles entraram para dentro de água há um bocado, mas ainda não vieram para cima. – explico agitada. – E sim, sou a namorada do Kasha.

-Espero que tudo corra bem e que estejam todos bem. –diz ela em tom nervoso.

Olhamos novamente para o canal e visualizamos movimentação à tona. Umas bolhas começaram a surgir no meio da água e emergiu daí os nadadores, cada um com eles: o Cristovinho, o Coimbra e o Francisco. O Cristovinho e o Coimbra estão muito assustados, pois é visível nas suas expressões e igualmente assustados com tudo o que se passa à volta deles, mas a começarem a recuperar o fôlego. Já o Francisco está inconsciente e não dá sinais de vida.

Amar, sonhar, sorrir e chorar ||D.A.M.A (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora