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Uma coisa antes de começar, as vozes vão estar sempre em itálico.

Boa leitura!

~~

Lá estava eu, novamente dando ouvidos à voz perturbadora.

"Fraquinho"

Minhas mãos geladas tapavam meu rosto. Meus olhos estavam vermelhos, e devido as mordidas que eu dava em meus lábios, eu cuspia sangue juntamente à saliva.

"Não tente Louis, você não vai conseguir..."

- Eu sou forte, eu consigo! - Eu falava desesperado.

"Vai conseguir o que?"

Maldita voz. Ela confunde qualquer pessoa, age de modo calculista.

"Vamos Louis, eu sei que você quer fazer isso... Liam deve estar tomando banho agora. Aproveite esse tempo livre!"

- T-tudo bem... - Falei abrindo meus olhos e caminhando em direção à porta do quarto.

Desci novamente as escadas da casa, aquele caminho repetitivo me cansava. Subir, descer e subir novamente.

- Liam? - Falei adentrando e torcendo para que qualquer voz me respondesse e me impedisse de me machucar.

"Viu? Ele não está aqui..."

Bem, como eu poderia "me aliviar"?

Andei em direção ao balcão de madeira escura que estava ao lado da geladeira, abri algumas gavetas em busca de algo afiado.

"Isso é clichê, por favor Louis. Seja autêntico!"

Fui até o fogão que ficava ao lado da geladeira onde encontrei uma panela de metal onde um pouco de água estava aquecendo, talvez para cozinhar algo mais tarde.

"Melhorou Louis"

Em um ato impensável, minha mão direita mergulhou na panela borbulhante. Parecia que mil agulhas entravam e saiam de minhas mãos a todo instante. Mordi meu lábio inferior que já estava todo machucado devido a anteriores mordidas e mais sangue começou a brotar de minha boca. Logo, enormes bolhas começaram a nascer na palma da minha mão.

A dor era intensa, meu corpo gritava para aquilo parar mas meu interior, minha alma pedia por mais.

"Você merece, Louis"

- Eu sei, eu sei... - Eu repetia para mim mesmo enquanto retirava a mão do recipiente.

Por que eu merecia?

...

Eu já estavam em meu quarto quando uma garoa fina e uma brisa fria começaram a surgir. Eu estava deitado de bruços e com meus pés para fora da coberta azul que me envolvia. Minha mão estava ficando roxa, as bolhas estavam se enchendo de pus e meus dedos estavam atrofiados.

Por que eu fiz isso?

Porque eu era tão tolo ao ponto de deixar uma simples voz mandar em mim.

Eu precisava fazer um curativo naquele machucado profundo, precisava esconder aquilo de Liam e de Harry, e principalmente, de mim mesmo. Eu não queria ver aquilo em mim, o cheiro que as bolhas estavam começando a exalar era nojento, pútrido.

A garoa logo foi se tornando uma grossa e pesada chuva. O som que as gotas faziam ao bater no vidro fino da janela me faziam lembrar de minhas irmãs. Das tardes quentes do verão Californiano.

FLASHBACK ON.

- Louis, não! Pare! - Dizia Phoebe se protegendo da água fria que saia da mangueira.

- Vamos brincar de pique-esconde?!

- Não Louis, você sabe se esconder muito bem! - A menina reclamava. Ela tinha razão, eu conhecia cada canto daquele sítio no interior onde nossa família ia todo verão.

- Ah, tudo bem... - Eu me esvaia em desânimo.

Logo, o céu azul começou a mudar. Antes o azul intenso como o Mar do Caribe, agora era cinza e sem vida.

- Banho de chuva, banho de chuva! - Daisy cantarolava enquanto saía correndo de dentro da casa.

- Hey, vamos com calma! - Eu dizia para as gêmeas.

- Louis, vamos! Por favor? - Phoebe dizia com um olhar de cachorro que caiu da mudança.

- Tudo bem! - Eu concordei.

Logo as gotas começaram a cair. As risadas eram altas, os sorrisos das duas menores eram lindos. Os fios de cabelos das meninas foi tomado pela água e pela lama que havia no patio.

Eu amava aquelas meninas.

Agora, ambas estavam mortas.

FLASHBACK OFF.

Mesmo que eu não insistisse, gordas lágrimas começam a escorrer de meus olhos azuis. Eu já estava cansado de chorar, de sofrer. Isso precisa de um fim.

"Ainda não é hora para chamar a morte, Louis"

A voz ecoava por entre a minha consciência. Sua risada era perturbadora, maléfica.

- Liam! - Eu falava baixo virando meu rosto para o travesseiro.

Eu queria meu porto seguro de volta, eu queria nossa amizade de volta. Antes grande e forte como uma muralha, agora era apenas uma cerca de arames de uma propriedade rural mal cuidada.

"Ele. Não. Gosta. De. Você. Seu. Burro."

A mesma dizia pausadamente, com o intuito de me destruir emocionalmente. E estava dando certo. Uma por uma das palavras era uma faca entrando em meu coração.

Eu estava em desespero, em meio a um furacão de emoções e nada podia me tirar de lá, ninguém ao menos notava isso.

Apenas Harry.

Harry era uma criatura divina que em menos de dois dias de convivência fez com que eu me apaixonasse por ele. Harry era especial, ele teria sempre, um lugar em meu coração.

~~

Anjos obrigado mesmo, do fundo do meu coraçã, pelas mais de 700 leituras! Eu amo vcs <3

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bernardo

Twitter: ↪ @/larryinsex


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