A Origem da Terra das Nove Luas

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Tudo começou em torno de 1993 ou 94, eu acho. Eu havia ingressado no curso de ciência da computação, pois segundo me convenceram meus pais, era uma boa alternativa para uma carreira. Acho que eles estavam certos. Minha primeira opção era fazer o curso de belas artes. Desisti naquele momento, mas acabei cursando, alguns anos mais tarde.

Enfim, nesta época comecei a jogar o RPG GURPS (errr, RIFTS, DC HEROES, UNDERGROUND e outros também), pois era a opção favorita de um novo vizinho que chegou no prédio que eu morava. Eu já jogava D&D e AD&D desde 1988. Enfim, neste meio tempo, eu também estava assistindo muitos animes e lendo um pouco de mangás, mas isso era bem mais difícil naquela época do que hoje em dia. Era muito difícil sem internet... Foi então que eu tive a ideia de fazer um mangá, e como muitos que conhecia, imaginei uma saga enorme, com trocentos fascículos. Ao mesmo tempo, estava começando oferecer jogos de RPG, como mestre, no sistema GURPS. E tudo começou com uma cidade, Kamanersh que fazia parte do reino de Lacorersh. Depois tirei o R e ficou, Lacoresh / Kamanesh. Naquele momento, não fazia ideia se haveria uma ou mais luas naquele mundo. Eu gostava muito de desenhar, então, desenhava personagens, mapas de cidades, reinos, etc, na medida em que o jogo ia avançando. E depois, chegaram a ser vários jogos, com vários jogadores diferentes, em lugares diferentes do mundo e em épocas distintas. Até hoje tenho pastas e pastas com mapas, desenhos, etc, que uso como material de base para escrever e desenvolver este universo ficcional.

Ao mesmo tempo, vinha desenvolvendo em separado, um conjunto de personagens. Eram desenhos, algumas ideias sobre a personalidade, história e objetivos deles. Então, já exisitiam Kyle, Kiorina, Archibald, Noran, Gorum, Lepard, Lila e Arávner. Eu comecei a desenhar as páginas. Até então, a estória estava toda flutuando na minha cabeça. Acontece que lá pela sexta página, eu queria retratar uma cena de dança, entre Kyle e Kiorina. Eu não conseguia acertar o desenho de jeito nenhum. Detestava todas as minhas tentativas de desenhar aquela cena, principalmente o vestido. Mas a estória estava latejando na minha cabeça e num ritmo mais rápido do que eu conseguia desenhar. Então, sem planejar, ou mesmo saber que aquilo iria virar meu primeiro livro, comecei escrever os primeiros capítulos de Olhos Negros. Quanto assustei, já tinha escrito dez capítulos e o fato de que era para ser uma história em quadrinhos parou de fazer sentido. Aquilo estava virando um livro. E começou um processo simbiótico entre os jogos de RPG e o livro. Eu usava coisas, como personagens, cidades e até algumas situações que havia criado para os jogos no livro, e vice versa.

Houve um fato curioso. Eu não estava escrevendo uma trilogia. Quando estava com cerca de 30 capítulos escritos, imprimi. Nas férias, em Salvador, meu tio pegou escondido para ler. Ele é uma pessoa muito culta e que lê muito, muito mesmo. Depois ele veio me perguntar sobre o livro.

Ele disse — Eu peguei seu manuscrito escondido, pois se o achasse ruim, pretendia não dizer nada para não desmotivá-lo. Mas gostei muito. E então? Já está terminando?

Eu — Não! Há muito ainda para acontecer.

— Muito quanto? Está na metade?

— Longe disso.

— Mas quantas páginas acha que vai ter a versão final?

— Sei lá? Umas duas ou três mil?

— Não, não faça isso, Carlinhos. Um livro tão grande não é boa coisa para um autor iniciante.

— Mas tenho muita estória para contar.

— Então, que tal dividir?

E eu comecei a pensar no assunto. Depois de um tempo, tudo começou a fazer sentido, e eu fui atingido pela maldição de montezuma dos escritores de sagas de fantasia: escrever trilogias. Olhos Negros se tornaria uma trilogia. Bem, e deu certo. Levou 17 anos, mas consegui concluir.

Espero que tenham gostado de saber dessas coisas. Bom, nos próximos capítulos, pretendo falar sobre o mundo, lugares, religiões, armas, e sei lá mais o que. Até lá e obrigado pelo interesse!


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