2 - Das luas obscuras

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Pois chegou um momento em que a tristeza de Ectarlissè cresceu tanto que fez-se necessário a Forlagon, levá-la de volta a Fandall. Preocupado, Forlagon deixou instruções para seus filhos cuidarem da terra e promover a expansão da vida. Alertou-os para uma possível vinda de seu avô, o Semeador, e instruiu para que pedissem para aguardar seu retorno, que seria breve.

Foi assim, que de volta a Fandall, Ectarlissè encheu-se novamente de alegria. Forlagon precisava voltar, porém não queria deixar a companheira e decidiu por compaixão dar-lhe mais tempo. Foi neste ínterim, que visitou Fandall, o genitor de Ectarlissè, o grande Pholomeni. O ser supremo ficou muito contente com a felicidade da filha, mas ao conhecer Forlagon, uma lágrima verteu de seus olhos. Reconheceu naquele momento, um destino triste para ambos. Mas, reconhecendo o afeto que tinham, entendeu que não deveria interferir com o destino que possuíam. Aceitando a união de ambos e sabendo que iriam partir em breve, concedeu o grande Pholomeni, um presente a cada um. Ectarlissè pediu ao pai a possibilidade de visitar Fandall com maior facilidade enquanto Forlagon, não pediu nada, apenas agradeceu a aceitação da união de ambos. A partir desta atitude Pholomeni melhorou sua opinião sobre Forlagon. Foi assim, que Pholomeni teceu uma passagem ligando Fandall à Terra das Nove Luas.

Os elfos, que adoravam Ectarlissè receberam de Pholomeni a missão de proteger a passagem, construindo ao seu redor, duas cidades, uma em cada ponta, para melhor isolar o portal. Os mais fiéis e apegados a Ectarlissè, aceitaram o sacrifício de pureza para acompanhá-la para o outro lado do portal.

Na Terra das Nove Luas, Pholomeni escolheu a floresta criada por Taior, no novo continente erguido por Ectarlissè, distante dos homens, para firmar a passagem. E nesta floresta, iniciou-se a construção do primeiro império élfico, que ficou conhecido como Nelfária, ou, a Nova Morada.

De volta, Forlagon logo detectou uma presença conhecida. Retornando a sua morada na montanha de Um, encontrou um de seus irmãos, que não via há muitas eras planetárias. Os homens chamavam-no de Triox-lón, porém seu nome era um tanto mais complexo que isso. Como Forlagon imaginou, o Semeador havia feito uma visita. Justamente por não ter encontrado seu filho cuidando do mundo, conforme sua obrigação, deixou para tomar seu lugar um outro. Porém, não houve desavenças.

Enquanto Ectarlissè auxiliava os elfos a construir seus novos lares em Nelfária, Forlagon e Triox-lón trabalhavam animadamente na construção de um novo continente. Auxiliados por Taior, Shimitsu e Leivisa, trabalhavam duramente. Houve certa turbulência climática nos mares durante este período, mas os homens estavam protegidos no planalto construído por Ectarlissè enquanto, no outro continente, os elfos também estavam sob cuidado dos demais entes superiores.

Foi Triox-lón que encontrou um sexto espírito da terra, nas fendas profundas do oceano. Menos potente que seu irmão, porém mais astuto, Triox-lón invejava suas obras, em especial, sua prole. Da própria constituição, cedeu material cósmico para dar vida ao espírito das profundezas. Assim, em pouco tempo, despertou Heina, a senhora dos mares. A vida que pouco avançava nos oceanos, finalmente cresceu. Forlagon decidiu elevar aos céus duas luas, uma para homenagear a filha de Triox-lón e senhora dos mares. Esta lua ficou conhecida como Limea-Du ou Lim, que lembrava uma concha esverdeada.

Refletindo a obscuridade de Triox-lón, subiu a lua Kadebula ou Kronn. Leivisa, ao ver a nova lua no céu, teve um mau pressentimento. Mas Forlagon, de certa forma inocente quanto a qualquer ameaça trazida por seu irmão, achou que a lua cinza escura trazia uma beleza peculiar aos céus.  

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