Capítulo Nove - Rebecca Moore

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Atenção!

Essa história ficou disponível para leitura até 10/09, foi retirada para revisão, sendo deixado apenas alguns capítulos para degustação.


***



Perdi a conta de quantas vezes meu pai trazia o mesmo assunto à tona. Era irritante, de certo modo. Sabia o porquê de ele fazer isso, e isso somente me fazia odiar ainda mais o assunto.

Era impressionante a forma como ele conseguia trazer o assunto com tanta facilidade. Qualquer hora, qualquer lugar, por qualquer motivo. Às vezes ele nem precisava de um empurrãozinho, um assunto de suporte, ou qualquer outra coisa. Ele simplesmente começava do nada, e isso me assustava um pouco, porque eu tinha medo do que a sua pressa podia significar.

E tenho certeza que ele ter visto Fernando me trazer em casa, pela segunda vez, era o suficiente para ele trazer o assunto novamente.

- Então, quando você vai me deixar conhecê-lo? - perguntou papai, entrando na cozinha e se apoiando contra o batente da porta.

Sem olhar para ele, continuei a esvaziar uma das sacolas de compras.

- Quem?

- O seu namorado, é claro.

Revirei meus olhos com um suspiro.

- Pai, ele não é meu namorado, entenda isso de uma vez.

Papai ficou quieto, e eu aproveitei para continuar a guardar as compras. Minha cabeça ainda latejava, mas não tão forte quanto antes, e eu queria fazer logo o jantar, para que pudesse me trancar em meu quarto por alguns minutinhos. O dia havia sido cheio e complicado, e tudo o que eu queria era tomar um banho e ir dormir.

- Você gosta dele? - perguntou papai, de repente, quebrando o silêncio.

- De quem? - perguntei, fazendo uma careta para o meu pai.

- O garoto do carro. - disse ele, cruzando os braços sobre o peito. - É por isso que você não quer que eu o conheça?

Comecei a esvaziar a outra sacola enquanto olhava para o meu pai. De nada me adiantava, porém. Sua expressão era vazia, não me dando dicas de nada, mas eu o conhecia o suficiente para saber em que estava pensando. E acredite, eu não gostava nada disso. Nada mesmo.

- Pai - comecei, com um suspiro. - Ele é só um amigo. Nem isso, para ser franca. Ele só está sendo gentil.

E meio perseguidor.

Papai arqueou uma sobrancelha para mim.

- Duas vezes? - questionou, cético.

Apontei para as sacolas.

- Ele me viu com as compras. Quis ajudar. - dei de ombro. - Não tenho certeza de que pode condená-lo por ser um bom samaritano.

- Para mim ele está com outras intenções que apenas ser um cavaleiro... - comentou papai, coçando a mandíbula.

Revirei meus olhos.

- Não viaja, pai.

Ele levantou suas mãos.

- Tudo bem, tudo bem. Não está mais aqui quem falou. Mas uma coisa eu te digo: um homem sabe quando outro homem está marcando o seu território. E ele definitivamente está.

Colidindo em Você (DEGUSTAÇÃO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora